Cálculo urinário: casos graves comprometem os rins. Saiba quando o tratamento cirúrgico é o mais indicado

Dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) confirmam que cerca de 10% da população sofrerá de cálculo renal ou urinário pelo menos uma vez na vida. São as populares pedras nos rins que muita gente tem, mas não se dá conta, pois, na maioria das vezes, elas não produzem sintomas, ou seja, cerca de 80% delas são eliminadas espontaneamente junto com a urina.

Mas, em alguns casos, as pedras não são eliminadas e podem evoluir para um quadro grave, com obstrução, infecção e sangramento, inclusive colocando em risco o rim do paciente. De acordo com o urologista do Hospital 9 de Julho, Dr. Otero Gil, os cálculos não tratados podem causar perda da função do rim obstruído, devido à paralisação de filtragem renal, infecção de extrema gravidade, inclusive com quadros sépticos. “Os cálculos requerem tratamento sempre que oferecerem algum risco à saúde do paciente, como obstrução urinária, infecção ou hematúria (sangue na urina)”, comenta.

Nos casos mais graves, com crise de cólica, o principal sintoma é a dor, normalmente lombar com irradiação para o baixo ventre, testículo ou lábios vaginais. “Esta dor é de forte intensidade e acompanhada, frequentemente, por náuseas e vômitos. Podem ocorrer ainda hematúria (sangue na urina), disúria (dificuldade para urinar), polaciúria (aumento da frequência urinária) e, algumas vezes, febre”, afirma o médico. Ao contrário do que as pessoas pensam, durante a crise de cólica renal, a ingestão de muito líquido tende a piorar o quadro devido ao aumento de pressão no sistema urinário, aumentando a duração e intensidade da dor.

O Dr. Gil indica que o cálculo renal possui causas genéticas, ambientais e também está relacionado aos hábitos de vida, como não se hidratar devidamente, por exemplo. Desse modo, é muito comum a descoberta do problema quando o paciente precisa fazer um ultrassom abdominal por outro motivo, principalmente se não há sintomas. Uma vez descoberta a presença de cálculos, é preciso procurar um médico especializado que poderá indicar o melhor tipo de tratamento: clínico ou cirúrgico. “Temos que saber que não são todos os cálculos que dão problema. Alguns permanecem, em locais no rim, sem crescimento por longo período e, portanto, devem ser apenas observados”, explica o médico.

Tratamento cirúrgico é utilizado em cálculos grandes que podem obstruir os rins

O tratamento para o cálculo renal pode ser clínico ou cirúrgico. Em pessoas com doença metabólica (5% dos casos), com formação recorrente de cálculos, há indicação para o tratamento clínico que inclui o uso de medicação para tratar o distúrbio metabólico que leva a formação do cálculo, como por exemplo a elevada taxa de ácido úrico no sangue ou na urina. Ou, então, a medicação pode ser utilizada para o suporte da dor ou infecção em um cálculo que será eliminado espontaneamente. É importante o tratamento adequado da dor do paciente, pois esta é geralmente de forte intensidade, sendo identificada por estes como a pior dor que já experimentaram na vida. O tratamento compreende analgésicos potentes, inclusive opiáceos, e também anti-inflamatórios não hormonais.

Já o tratamento cirúrgico, indicado para cálculos grandes e que podem obstruir os rins, se modernizou bastante. Segundo o médico, a cirurgia convencional foi praticamente abandonada nos dias de hoje, sendo reservada para pouquíssimos casos. Atualmente são realizados procedimentos não ou minimamente invasivos de dois tipos: LECO e LICO. A LECO é a litotripsia extracorpórea, que consiste no uso de ondas de choque liberadas por um canhão posicionado junto ao paciente, que causam vibração e expansão do cálculo com sua fragmentação.

Outro tipo de tratamento cirúrgico é a LICO ou litotripsia intracorpórea, que consiste na introdução na via urinária do paciente (por via uretral ou percutânea) de aparelhos ópticos com canal de trabalho, que permitem a fragmentação in loco do cálculo. Para essa fragmentação, podem ser utilizadas várias formas de energia como ultrassom, balístico ou a laser. A vantagem do tratamento intracorpóreo é a resolução mais rápida e eficaz de vários tipos de cálculos e também resultados melhores em cálculos localizados no ureter ou de grande dimensão no rim.

“A LECO serve muito bem a cálculos não muito duros e de dimensões menores que 1,5 cm no rim ou ureter superior, tendo sua efetividade diminuída drasticamente quando em cálculos maiores ou de densidade mais elevada ou localizados no ureter médio e inferior, casos em que a LICO apresenta vantagens”, explica o médico.

O LICO com laser trata cálculos de difícil localização com eficácia – A utilização do laser para a fragmentação dos cálculos só pode ser indicada quando se realiza LICO. As vantagens do laser sobre outras fontes de energia são: fragmentação de todos os tipos de cálculos, independente da densidade ou composição ou tamanho; não induz a migração proximal do cálculo durante o procedimento, aumentando a efetividade; produção de fragmentos menores que os outros métodos; rapidez na fragmentação; e permite a utilização de aparelhos flexíveis, tratando de cálculos de difícil localização.

Desfazendo mitos: como se formam os cálculos e a prevenção

  • Os cálculos são fruto de um processo complexo caracterizado pela cristalização de sais (cálcio, oxalato, citrato e ácido úrico) que se encontram em excesso na urina em um determinado momento. Os cálculos de oxalato são os mais comuns;
  • Pode se formar muito rapidamente: em cerca de duas horas devido à supersaturação da urina com alguns sais que favorecem a cristalização;
  • A maior parte das pessoas pode evitar o quadro de cálculo urinário simplesmente com aumento da ingestão hídrica (seis a oito copos ao longo do dia é o ideal). O objetivo é manter a urina sempre diluída, de forma que os sais contidos nela não cristalizem;
  • Como não derivam diretamente da alimentação, não há necessidade de evitar alimentos como tomate, berinjela e leite. Aliás, a Dra. Maria Alice Barcelos, nefrologista do Hospital 9 de Julho, indica como medida preventiva reduzir a ingestão de proteína e sal e não restringir a ingestão de cálcio. Além disso, é importante estimular a ingestão de cálcio e alimentos ricos em potássio e cítricos.
  • Uma parcela da população (5% dos casos) apresenta distúrbio metabólico, requerendo testes para a determinação da causa da formação dos cálculos e medicação adequada para evitar sua formação;
  • Pratique atividades físicas: a incidência de pedras nos rins é maior em sedentários, segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
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2 Comentários

  • Helio
    26 de fevereiro de 2011 em 20:25

    Acabei de passar por uma Lico, num caso de emergência, e lendo esta matéria fiquei bem esclarecido a respeito do procedimento a que fui submetido.
    Obrigado!

  • Fabio
    23 de março de 2014 em 21:42

    Vou passar por esse procedimento amanhã, tinha varias dúvidas mas agora esclarecido.
    Vou fazer uréteroscopia e lico, tenho um cálculo de 9mm e um dj pra retirar.

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