O combate ao fumo continua

Os riscos provocados pelo cigarro são bastante conhecidos. São muitas as razões para que a pessoa pare de fumar: redução no risco de adquirir doenças relacionadas ao tabaco, elevação da autoestima, aumento da expectativa de vida, retorno do olfato e paladar, melhora do mau hálito, cor da pele e dentes, do convívio social, entre outras. Mas o grande segredo está na vontade de querer parar. Pesquisas recentes têm demonstrado que o acesso à informação, atrelado a medidas públicas, como a Lei Anti-Fumo, têm ajudado a diminuir o número de fumantes brasileiros. Segundo a Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico), de 2007 até 2011, a taxa de fumantes caiu de 17% para 14,8%, a menor já registrada no País.

 Com o intuito de continuar com estes resultados promissores, a Dra. Fernanda Baccelli, pneumologista do Hospital Paulistano, reforça os prejuízos a que o fumante está exposto.

 O principal fator de risco para câncer de pulmão é o fumo. Quanto maior a carga tabágica (relação entre o tempo fumando e a quantidade de cigarros), maior a probabilidade de se desenvolver a doença. No Hospital Paulistano, de 270 pacientes novos, atendidos como consultas iniciais no ambulatório em 2012, 26 tinham CID 10 – C34 (neoplasia maligna dos brônquios e dos pulmões), o que representa 9,6% do atendimento e uma média de três pacientes novos com C34 por mês.

 Outras doenças, que não são conhecidas pela maioria da população, também estão relacionadas ao tema. Além do risco de desenvolver a DPOC (Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica), principal causa de sintomas respiratórios neste grupo, a possibilidade de aparecer um câncer em praticamente todas as partes do corpo é significativamente maior. “Fumantes também apresentam maior incidência de eventos cardiovasculares, como infarto, AVC (Acidente Vascular Cerebral) e doença vascular periférica”, afirma a doutora.

 Mesmo aqueles que têm uma alimentação balanceada e praticam atividades físicas com frequência estão expostos às doenças pulmonares causadas pelo cigarro. “Uma pessoa que se exercita ganha condicionamento físico e, por isso, pode demorar um tempo maior para perceber a instalação de doenças causadas pelo tabaco, principalmente as que se mostram inicialmente por meio da falta de ar no esforço físico”, ressalta.

 Os cigarros com baixos teores de alcatrão, nicotina e monóxido de carbono, considerados “light”, também são prejudiciais à saúde e oferecem uma falsa sensação de proteção. “O tabagista passa a compensar a redução da emissão de nicotina com aumento do volume das tragadas e algumas vezes do número de cigarros, levando a uma mesma carga de substâncias tóxicas que dificulta a cessação”, pontua Baccelli.

 Pessoas expostas ao tabagismo passivo também podem sofrer os malefícios, mesmo em menor incidência e gravidade. “Entre os tabagistas passivos, não podemos nos esquecer das crianças, que são, em sua maioria, expostas ao cigarro em casa e apresentam maior incidência de doenças respiratórias e alergias, além de maior probabilidade de se tornarem fumantes no futuro”, alerta a especialista.

 Após decidir que deseja parar de fumar, a pessoa deve buscar auxílio de um pneumologista, para investigar a presença das doenças tabaco relacionadas. No consultório será feita uma avaliação do grau de dependência do paciente para, em seguida, avaliar a necessidade do uso de medicações.

 “Hoje dispomos de diversas alternativas medicamentosas capazes de auxiliar este individuo, mas a ajuda vai além, pois metade da dependência ao cigarro se deve ao hábito e este sim, muitas vezes, é o mais difícil de vencer. Para poder ajudar precisamos conhecer cada paciente e seus “gatilhos”, ou seja, aquelas situações que o fazem querer fumar um cigarro de forma recorrente, como uma xícara de café ou ingestão de álcool”, conclui a Dra. Fernanda.

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Redação Vida Equilíbrio