Cuidado com seus rins

dor nas costas

Foto: Corbis

Obesidade, consumo excessivo de sal, baixa ingestão de água e uso indiscriminado de anti-inflamatórios. Estes hábitos inadequados, frutos do estilo de vida moderno, são fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença renal, lesão caracterizada pela perda progressiva e irreversível da função do rim. Segundo dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia, a doença renal crônica atinge 11% da população, sendo que deste montante cerca de 90% não sabe que tem o problema, já que é uma doença silenciosa, sem sintomas aparentes nos primeiros estágios.

São cinco estágios que definem a capacidade de filtração dos rins. Pode-se dizer que caso o órgão perca até 50% da sua capacidade, não há danos representativos ao paciente. Com a perda de mais de 50%, começam a surgir sinais de que os rins não estão conseguindo filtrar suficientemente, provocando alterações nos exames de sangue (elevação da creatinina e uréia), com evolução crônica e lenta até necessitar de diálise ou transplante. Quando identificada precocemente, há como tornar mais lentas e até prevenir as complicações decorrentes desta doença, pois os rins interferem em vários sistemas do organismo.

De acordo com a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de janeiro a dezembro de 2010, foram realizados 4.630 transplantes renais, representando um aumento de 8% em relação a 2009. O Estado campeão de transplantes foi São Paulo, totalizando mais de dois mil órgãos transplantados.

Uma vez necessário o procedimento, há um longo caminho de medicamentos para impedir a rejeição do órgão.

O transplante renal pode ser realizado em todo indivíduo portador de doença renal crônica em estádio V, isto é, quando a filtração é menor que 10%. No caso de crianças com menos de dois anos, e adultos acima de 70 anos, as condições para o procedimento devem ser avaliadas em cada caso. Geralmente, o grupo de risco para a doença renal é formado por idosos, obesos, diabéticos, hipertensos ou pessoas com histórico familiar. É muito importante que o paciente realize exames de urina e dosagem de creatinina no sangue, anualmente.

De acordo com a nefrologista do Hospital 9 de Julho, em São Paulo, Dra. Zita Maria Leme Brito, antes que um quadro de doença renal crônica evolua, é melhor prevenir e evitar a necessidade de terapia renal substitutiva (hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal). “Hábitos alimentares saudáveis, com baixo teor de sódio, prática diária de exercícios físicos, além de controle da pressão arterial, glicemia, obesidade e acompanhamento de qualquer alteração da função ou morfologia renal, são maneiras de ter uma vida mais saudável e evitar este mal que atinge uma parcela significativa da população”, explica.

Mudança de hábitos – Estudos apontam que a redução de três gramas no consumo diário de sal diminuiria em 13% os casos de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e em 10% as doenças isquêmicas do coração. Por isso, a médica acrescenta que a necessidade de controle do consumo do sal na alimentação já virou questão de saúde pública, já que o uso abusivo pode causar hipertensão arterial e derrames cerebrais, além de ser um fator determinante para desencadear patologias renais, devido ao acúmulo de sódio e à facilidade de formação de cálculos. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente, o brasileiro consome cerca de 13 gramas de sal por dia. A expectativa é que, até 2020, o consumo de sal pela população brasileira seja reduzido em 50%, alcançando os cinco gramas (uma colher de chá) de sal/dia.

Os pacientes também devem ficar atentos ao uso indiscriminado de anti-inflamatórios, que pode agravar o quadro clínico. Como sua administração não é controlada, essas substâncias são vendidas livremente nas farmácias. Os anti-inflamatórios inibem a prostaglandina, enzima responsável pelas funções dos rins. Sendo assim, o uso destes medicamentos é contra-indicado por pacientes que já possuem problemas renais. Caso não tomem este cuidado, o problema pode evoluir para um quadro de insuficiência renal aguda, devido à falta de proteção da enzima.

Seguem os tipos de anti-inflamatórios mais conhecidos:

  • AAS (ácido acetilsalicílico)
  • Diclofenaco
  • Ibuprofeno
  • Naproxeno
  • Indometacina
  • Cetoprofeno
  • Acido mefenâmico
  • Piroxican
  • Colecoxib

Quando o transplante for a saída, quais os cuidados com o órgão transplantado?

Para receber um transplante, é necessário que o paciente seja compatível com o doador. Para isso, é realizada uma análise do tipo sanguíneo e a prova cruzada (sangue do doador com sangue do receptor) negativa, ou seja, verificação de que o receptor não apresenta anticorpos contra o doador. O melhor é que, além da compatibilidade do tipo sanguíneo, também ocorra a compatibilidade de tecidos. Por isso, no grupo dos melhores doadores estão irmãos gêmeos univitelinos, o que é uma raridade. Em segundo lugar na preferência para a doação, estão irmãos ou irmãs com compatibilidade de tecidos e, por último, estão os doadores distintos imunologicamente.

Há maior chance de ocorrer rejeição nos transplantes feitos a partir de doadores falecidos e vivos não relacionados Porém, existem casos de rejeições mesmo com muitos anos após o transplante, causada principalmente por interrupção ou falha na tomada dos medicamentos necessários para combater a rejeição, podendo levar a perda rápida do órgão.

Um dos principais problemas após o transplante é a rejeição crônica, que pode ocorrer ao longo da evolução do transplante, levando à perda funcional lenta e progressiva do órgão. A presença de proteínas na urina é um indicador deste quadro, sendo seguida por um aumento da creatinina do sangue.

Para evitar a rejeição, todo paciente transplantado precisa ser medicado com imunossupressores que diminuem a imunidade e terá que fazer uso desses medicamentos até o fim da vida, exatamente conforme prescrição médica e no horário correto. Qualquer falha pode ser prejudicial.

A Dra. Zita alerta que os cuidados médicos para o transplantado vão durar a vida inteira. “Após a cirurgia são realizados exames clínicos, laboratoriais e de imagens, feitos de acordo com a necessidade e evolução de cada caso. Para o sucesso do transplante, é necessário que todas essas orientações sejam rigorosamente cumpridas, incluindo dieta alimentar, medicação prescrita administrada nos horários corretos e acompanhamento médico”, afirma.

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