Depressão: a evolução no tratamento

Falar abertamente sobre a depressão nem sempre é fácil, pois apesar de ser uma doença descrita há quase 3 mil anos com os mesmos sintomas conhecidos atualmente, há ainda um misto de desconhecimento e preconceito, principalmente com relação aos medicamentos usados no seu tratamento. Porém, com a evolução da ciência, novas classes terapêuticas surgiram e são cada vez mais eficazes no controle e tratamento da depressão, doença provocada por alterações químicas do cérebro, mais especificamente, quando uma diminuição na oferta de substâncias conhecidas por neurotransmissores, responsáveis por sensações como felicidade e prazer. A depressão não tem cura, mas tem tratamento.

De acordo com o médico assistente do Grupo de Estudos de Doenças Afetivas (Depressão e Transtorno Bipolar) do Instituto de Psiquiatria do HC – Universidade de São Paulo (USP), Frederico Navas Demétrio, os medicamentos para o combate à depressão têm evoluído ao longo dos anos e atuado no organismo de maneira mais eficaz, com diminuição significativa dos efeitos adversos. Entre eles, a pouca interferência no peso e na libido, além de baixa probabilidade de interação medicamentosa, inclusive com anticoncepcionais, o que é um ganho para as mulheres. “Essa nova era do tratamento é marcada por um importante avanço dentro da 3ª geração de medicamentos antidepressivos, os chamados Duais”, afirma Demétrio. Um exemplo é a desvenlafaxina, que age como inibidora da recaptação da serotonina (5-HT) e da norepinefrina (NE), substâncias do sistema nervoso, que são diretamente relacionadas ao mecanismo da depressão.

O especialista explica que, nos últimos 20 anos, os antidepressivos inibidores seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), – considerados antidepressivos de 2º geração – foram os medicamentos mais prescritos para o tratamento da depressão. Eles mostraram eficácia com muito menores índices de eventos adversos observados nos antidepressivos de 1° geração (chamados de tricíclicos), responsáveis pelo baixo índice de adesão ao tratamento pelos pacientes. “No entanto, quando se compara os ISRS aos da 3º geração, estes últimos conseguem um incremento na eficácia do tratamento por atuar também na noradrenalina, além da serotonina”, completa o especialista.

Aliado ao tratamento medicamentoso e da psicoterapia, é importante a prática de atividades físicas, pois liberam endorfina, substância que causa sensações de alegria e bem-estar. Isso acontece porque o cérebro de uma pessoa diagnosticada com depressão apresenta alterações químicas que precisam ser equilibradas, especialmente no sistema nervoso, responsável pelos níveis de humor, alegria, tristeza, energia e interesse.

Pesquisa divulgada em setembro de 2009 pela Organização Mundial da Saúde alerta que nos próximos 20 anos a depressão deverá ser a doença mais comum do mundo, mais prevalente do que doenças cardíacas ou câncer. Na divisão entre sexos, a mulher possui maior tendência à depressão do que os homens, segundo Demétrio, por conta das questões hormonais. Ele esclarece ainda que o desequilíbrio químico causado pelo quadro depressivo tem grandes efeitos nos sintomas da tensão pré-menstrual (TPM) e na menopausa.

Alguns dos sintomas da depressão são: humor deprimido, perda de interesse em fazer coisas que antes eram motivo de prazer, insônia ou muita sonolência, falta de concentração e dificuldade de tomar decisões, agitação ou lentificação dos movimentos, alterações no peso e apetite, fadiga diária, sensação de inutilidade e até pensamentos recorrentes de morte ou suicídio.

Segundo Demétrio, a falta de percepção desses sinais dados pelo organismo ou a insistência em interpretá-los como normais ou passageiros pode mascarar a doença, dando a ela diversas faces diferentes da verdadeira e favorecendo uma evolução cada vez pior com o tempo. “A depressão também possui uma diferença muito importante no seu tratamento, pois ao contrário de uma gripe ou febre, o tratamento deve continuar por vários meses após o desaparecimento dos sintomas, caso contrário poderá haver uma recaída do paciente. Por isso que a orientação médica é tão importante na remissão da depressão”, conclui o especialista.

Alguns tipos de depressão existentes

  • Bipolar: alternada com períodos de euforia e de estabilidade
  • Psicótica: com delírios ou alucinações
  • Atípica: padrão diferente do habitual, com aumento do peso e apetite
  • Pós-parto
  • Sazonal: relacionada com época do ano, geralmente outono e inverno
  • Melancólica ou endógena: depressão típica
  • Distimia: depressão leve, crônica, de curso variável
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