Depressão: fator de risco para infarto

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Foto: Corbis

Os sintomas da depressão são bastante conhecidos da população, especialmente a tristeza prolongada sem uma causa específica e o desinteresse por atividades antes prazerosas. Porém, menos se fala sobre possíveis mudanças fisiológicas causadas pela doença. Entre as consequências dessas alterações está o maior risco de infarto em pacientes depressivos. “A taxa de mortes causadas por suicídio entre pessoas com depressão é de 15%, praticamente o mesmo índice de pacientes depressivos que morrem devido a um infarto”, aponta Alexandrina Meleiro, psiquiatra, doutora em medicina pelo departamento de psiquiatria Faculdade de Medicina da USP. “Além disso, enquanto a prevalência de depressão na população em geral é de 4% a 7%, entre os portadores de doenças coronárias a frequência varia de 14% a 47%”, complementa.

A depressão pode provocar modificações no sistema neuroendócrino e imunológico do paciente. “Algumas são extremamente negativas, como o aumento do triglicérides na corrente sanguínea, do colesterol e da pressão arterial, assim como aceleração da frequência cardíaca”, enumera Alexandrina. “Uma combinação extremamente perigosa para o coração”, ressalta.

A inflamação causada pela hipertensão e pelo alto teor de colesterol no sangue pode danificar as paredes das artérias e, assim, contribuir para o processo de aterosclerose. “Existem evidências de que na depressão há níveis elevados de proteína C-reativa e interleucina-6, que causam um processo inflamatório ativo”, explica. Além disso, pacientes com depressão apresentam comportamentos de risco para a doença coronariana, tais como sedentarismo, tabagismo, abuso de álcool, menor aderência ao tratamento. Além disso, é também comum a presença de outros fatores de risco como hipertensão arterial, diabetes e intolerância à glicose.

Não só quem tem depressão corre maior risco de sofrer infarto, mas quem teve um episódio de infarto também está mais propenso a apresentar um episódio depressivo. “É uma via de mão dupla”, compara Alexandrina, “que geralmente acontece com cerca de 40% a 50% dos pacientes” explica. Provavelmente, as limitações a que uma pessoa infartada é submetida durante a fase de recuperação podem ser o estopim para a depressão.

Para evitar o infarto em pacientes depressivos, a principal medida é melhorar a qualidade de vida. “Porém, como uma pessoa com depressão pode ter motivação para cuidar da alimentação e praticar atividades físicas?”, questiona Alexandrina. Pessoas deprimidas tendem a negligenciar o autocuidado, prestam menos atenção à dieta e têm menos motivação e energia para praticar exercícios regulares. A atividade física deve ser incentivada, pois promove tanto a melhora do quadro depressivo, como a estabilização do quadro cardíaco.

“Por isso, não é só pensar no infarto, é preciso tratar também o episódio depressivo”, explica a psiquiatra. Nesses casos, o acompanhamento médico é essencial para controlar a depressão, com psicoterapia e prescrição de medicamentos antidepressivos. Estes, por sinal, têm evoluído ao longo dos anos, contribuindo para uma melhor adesão dos pacientes ao tratamento.

Os antidepressivos duais, como a desvenlafaxina, costumam ser bastante eficazes por atuarem em dois neurotransmissores (serotonina e noradrenalina). Ao mesmo tempo, são seguros e provocam menos eventos adversos nos pacientes: sonolência diminuída e pouca interferência no peso e na libido. Tão logo o paciente comece a responder ao tratamento, simples atitudes podem ser tomadas para afastar os riscos de infarto. Abaixo, seguem algumas delas.

Medidas simples para melhorar a qualidade de vida e diminuir riscos de doenças cardíacas

Mexa-se!
30 minutos de exercícios diários já minimizam os riscos de doenças cardíacas, pois contribuem para aumentar o HDL (bom colesterol) no sangue, diminuem a pressão arterial e estresse, melhoram a utilização da insulina (controle de açúcar no sangue) e ajudam na perda de peso.

Controle o colesterol
Quanto maior o índice de LDL (colesterol ruim) circulando nas artérias, maior o risco de infarto – já que o LDL pode obstruí-las. Uma dieta livre de gorduras trans e saturadas, com alimentos que contenham pouco LDL, atividades físicas, peso saudável e exames em dia são as dicas da American Heart Association para o controle do colesterol.

Dieta saudável
Muitas vitaminas com poucas calorias é a combinação que se deve procurar em todas as refeições, o que significa comer muitas frutas e verduras. O grupo dos alimentos integrais também é uma ótima opção, pois as fibras ajudam a baixar o colesterol e ainda dão maior sensação de saciedade. Peixes que contêm Ômega3 também devem fazer parte do cardápio, como salmão e truta, enquanto a quantidade de sal deve ser reduzida.

Controle da pressão arterial
Um em cada três adultos tem pressão alta e, destes, cerca de 21% não sabem que sofrem desse mal. A pressão pode ser controlada com mudanças de hábitos, o que inclui largar o cigarro e controlar a ingestão de álcool, além da dieta balanceada e atividades físicas frequentes, como foi citado anteriormente.

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