E-books podem fazer mal à visão?

óculos

FOTO: SXC

Nos primeiros cinco meses de 2009, os e-books representavam 2,9% das vendas de livros. No mesmo período de 2010, eram 8,5%, segundo a Associação das Editoras Americanas, graças ao Kindle, da Amazon, e ao iPad, da Apple. Mas os brasileiros não ficam atrás, quando o assunto é a tecnologia. A Bienal do Livro de São Paulo de 2010 apresenta mais que títulos em papel. A feira sedia o lançamento do Mix Leitor-d, primeiro leitor eletrônico com tecnologia de software nacional.

Em ascensão nos últimos anos, o livro digital vem se tornado uma forma mais contemporânea de leitura, ainda que incipiente. O assunto mobiliza os leitores no mundo todo. Durante a 8ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), na cidade do Sul Fluminense, o assunto foi muito debatido.

“O futuro do livro digital é certo, mesmo sem entrar no mérito se ele substituirá ou não, por completo, os livros tradicionais. Quando o preço médio do e-book for reduzido, o livro digital ficará mais popular, ocupando parte do mercado editorial em todo o mundo. Pode ser cansativo ler dessa forma, mas esse estilo de leitura vem crescendo muito, pois permite ao usuário do e-book ter acesso gratuito a obras internacionais que são célebres e fáceis de serem encontradas na Internet”, diz o oftamologista Virgilio Centurion, diretor do IMO, Instituto de Moléstias Oculares.

Um livro também promove a acessibilidade quando facilita a leitura de quem tem problemas de visão, de vista cansada à completa cegueira. “Um livro de papel de qualidade e com letras grandes ajuda o primeiro grupo. Os livros digitais também fazem isto, mas vão além para atender o segundo grupo, os e-books oferecem um sistema de text-to-speech (conversão texto para áudio embutida), que lê todo o texto, como alguém que lê para uma pessoa cega o livro que ela deseja”, destaca Centurion.

Adaptação às novas tecnologias

O que preocupa os oftalmologistas em relação ao uso do livro digital são os tipos de iluminação de tela e o contraste das letras com o fundo do display. “Grande parte das queixas é similar ao uso do computador comum ou dos notebooks: vista cansada, desconforto com a luminosidade da tela e dores de cabeça após a leitura”, diz o oftalmologista Eduardo de Lucca, que também integra o corpo clínico do IMO.

Para amenizar os desconfortos e usufruir das novas tecnologias, algumas providências podem ser tomadas em relação aos cuidados com os olhos e com a postura corporal, durante leituras prolongadas. Se uma pessoa tem intolerância à iluminação específica da tela, talvez ela não consiga superar o problema apenas se adaptando a um novo hábito de leitura. “Em alguns casos, é preciso fazer o uso de óculos com lentes coloridas, que podem filtrar algumas tonalidades da luz do livro digital”, explica o médico.

Outra reclamação habitual refere-se ao fundo cinza de uma das marcas comercializadas, que dificulta a obtenção do contraste com as letras. “Os leitores que apresentam um início de catarata, para os quais a visão em contraste é importante, apresentam mais dificuldades em lidar com o aparelho”, diz Eduardo de Lucca.

Geralmente, o público que lê e-books é mais jovem, “mas percebemos que algumas pessoas com mais de 40 anos ficam com a vista cansada. Para evitar a fadiga visual é preciso posicionar o livro digital abaixo da linha dos olhos e ler em ambientes com lâmpadas amarelas, mais próximas da luz natural”, ensina o oftalmologista.

Outra medida preventiva no uso de e-books é uma pausa obrigatória na leitura. “Recomenda-se que, a cada 50 ou 60 minutos, o usuário do livro digital dê uma parada por cinco minutos. O leitor deve dirigir seu olhar para um local distante, através de uma janela, por exemplo. Assim a musculatura ocular também poderá trabalhar, evitando a fadiga dos olhos”, informa o médico.

Após horas de leitura, o piscar reflexo diminui, sem que a pessoa perceba. “Quando você estiver fazendo uso dos livros digitais, coloque um lembrete, como, por exemplo, ‘piscar’ em algum cantinho do monitor. Assim você estará se policiando e piscando mais vezes, evitando o ‘olho seco’”, recomenda Eduardo de Lucca. Em atividades normais, os olhos piscam, em média, 22 vezes por minuto, enquanto que, quando estão em atividade de leitura, piscam de 12 a 15 vezes por minuto.

Os usuários de lentes de contato devem lubrificar mais vezes os olhos, quando em leitura continuada, para evitar problemas de ressecamento ocular. “Manter as lentes de contato limpas e higienizadas deve ser uma rotina. Quando bem indicadas e usadas de acordo com as orientações médicas, as lentes não apresentam complicações”, explica o oftalmologista.

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