Enurese noturna é normal até a idade escolar

 O xixi na cama, apesar de desagradável, é um fato corriqueiro na vida de pais com crianças pequenas em casa. Mas, e quando esse filho começa a crescer e o problema não desaparece, pelo contrário, passa a se repetir com frequência?

Muitos pais com filhos de 6 a 7 anos têm procurado os consultórios dos pediatras em busca de uma solução. O problema tem nome: enurese noturna e pode acometer crianças até um pouco mais velhas.

Ainda não existe um consenso entre os médicos sobre qual a idade tolerável para as crianças ainda molharem a cama. Alguns especialistas acreditam que até 5 anos é normal a perda involuntária de xixi, mas também  há muitos que admitem que só após os 7 anos a questão deve ser investigada.

As causas de enurese não são totalmente esclarecidas, mas emuma pequena fração de pacientes ela decorre de problemas físicos como infecçãourinária, malformações, lesões compressivas, e cabe ao pediatra identificá-las antesde instituir qualquer tipo de abordagem.

Ao decidir pela correção do problema, o médico leva muito emconta o sentimento que a criança exprime por acordar quase sempre molhada.Embora para muitas esse fato não traga nenhuma repercussão negativa, outras sesentem constrangidas e envergonhadas, até mesmo para conversar sobre suaqueixa.

“Além de mostrarmos para os pais que o xixi na cama pode ocorrer até idade escolar, o pediatra deve salientar, com muita ênfase, que a criança nunca deve ser punida, constrangida ou encarada como preguiçosa e relaxada”, ressalta o pediatra Prof. Dr. Paulo Taufi Maluf Júnior.

Segundo o médico, a criança não tem culpa do problema e, não há nada mais desfavorável para ela, que ser punida injustamente ou exposta aos comentários maldosos de familiares e amigos.

O pediatra lembra que, após excluir as causas orgânicas, uma das medidas pode ser orientar os pais para que diminuam a oferta de líquidos no jantar, que estimulem o esvaziamento de bexiga antes do sono e, duas vezes durante a noite, devem acordar a criança e levá-la ao banheiro, mas consciente e não sonolenta. Esse método é eficaz após algumas semanas, mas extremamente trabalhoso e nem sempre tem aceitação e adesão da família.

Há uma estratégia bem interessante, comum nos EUA, que consiste em usar um pequeno dispositivo sob a criança que, quando molhado, dispara um alarme sonoro ou táctil. Dessa forma a criança desperta e esvazia o restante do conteúdo da bexiga no banheiro. Até pouco tempo atrás, esse tipo de equipamento só existia nos EUA, e com alguns meses de seu uso diário pode-se obter êxito.

Existe a opção medicamentosa, que deve ser prescrita e supervisionada pelo pediatra, já que há possíveis efeitos colaterais e há três drogas que podem ser usadas. A mais antiga é um antidepressivo, com o qual se tem muita experiência acumulada há anos, e que mostra de 70% a 80% de eficácia,mas tem efeitos indesejáveis que podem ser contornados pelo médico. Atualmente, dá-se preferência ao uso do hormônio antidiurético, por ser aparentemente mais eficaz e mais seguro. Há, além disso, alguns relatos de sucesso com uma medicação já usada em adultos com incontinência urinária.

“Essas drogas não têm em suas bulas indicação para tratamento de enurese e são usadas primariamente para depressão ou deficiências hormonais. Ao lerem essas bulas os pais podem se assustar e relutar em introduzir aos filhos medicações que lhes parecem impróprias.Porém,reafirma-se que a experiência universal com sua administração em casos de enurese é bem estabelecida e que eventuais processos adversos podem ser perfeitamente contornáveis”, explica o pediatra.

“É importante saber que há solução para enurese noturna, deve-se manter atitude positiva perante o problema e a criança deve ser preservada para não sofrer devido a um problema que lhe escapa ao controle”, conclui o Prof. Dr. Paulo Taufi Maluf Júnior.

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Redação Vida Equilíbrio