Estresse adquirido no período pré-vestibular pode se tornar crônico

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Foto: Corbis

A adolescência é uma fase de conflitos internos e de tomadas de decisões, entre elas, a escolha da carreira. Um importante passo é o vestibular e a jornada que precede os exames parece não ter fim. Muitas horas de estudos e a obrigatoriedade de sucesso, imposta pelos familiares e, também, pelos próprios adolescentes, podem causar o estresse pré-vestibular. Contudo, esse sintoma pode ter continuidade durante grande parte do período universitário, e a criação de hábitos comportamentais inadequados pode vir a fazer parte da personalidade do indivíduo.

Os vestibulandos enfrentam um período de alto índice de estresse, pois, geralmente, durante todo o ano do exame, dedicam mais tempo aos estudos, deixando de sair com os amigos e praticar atividades físicas. O psicofisiologista Marcello Árias Dias Danucalov explica que todas essas privações em função do vestibular podem ser em vão, caso o jovem não consiga administrar o estresse. “Manter o corpo relaxado e a mente atenta, focada, tranquila e equilibrada são os melhores remédios para que todo este empenho não ‘vá pelos ares’. O estresse destrói células responsáveis pela aquisição e recuperação de memórias. Durante períodos prolongados de estresse são liberadas várias substâncias químicas no organismo, entre elas um hormônio chamado cortisol. Este hormônio age negativamente no hipocampo, uma estrutura do cérebro que exerce papel fundamental nos processos associados à memória.”

Danucalov ressalta que estudantes nessa fase apresentam várias deficiências preocupantes no que se refere aos hábitos de atividade física, hábitos alimentares, controle de estresse e comportamentos preventivos. “Durante o estresse, o organismo automaticamente utiliza suas reservas de energia para se reequilibrar, ou seja, ocorre uma ação reparadora do organismo tentando restabelecer o seu equilíbrio interno. Nesta fase, dois sintomas aparecem de modo bastante frequente: a sensação de desgaste generalizado sem causa aparente e dificuldades com a memória. No nível fisiológico, muitas mudanças ocorrem, principalmente em termos do funcionamento de algumas glândulas endócrinas como as adrenais que produzem mais corticosteróides, hormônios que sabidamente minam nosso sistema imunológico, aumentando assim a possibilidade da pessoa adoecer”, explica Danucalov.

Outra questão ressaltada pelo psicofisiologista é que a falta de exercícios físicos regulares, somada à exposição a altos níveis de estresse, além da adoção de dietas inadequadas e de posturas corporais estáticas na maior parte do tempo, muitas vezes com atitudes somáticas incorretas, levam o corpo dos estudantes a se tornar uma fonte de tensões. Os músculos ficam mais enrijecidos e, por consequência, mais vulneráveis às lesões, assim como as demais estruturas, criando dessa forma uma reação em cadeia indesejada, ou seja, um sério transtorno de saúde.

A probabilidade de desenvolver o estresse é maior na adolescência do que em qualquer outra faixa etária, pois essa fase é caracterizada por períodos de extrema instabilidade. Deve-se considerar que não somente o período pré-vestibular, mas também o período de transição na vida acadêmica dos estudantes pode gerar um aumento de responsabilidade, competitividade e, consequentemente, ansiedade, o que pode facilitar o aparecimento ou a continuidade do estresse. Além disso, os alunos se deparam com as incertezas naturais da escolha profissional. “Uma pesquisa com universitários relata que a depressão, o abuso de drogas e, no caso das estudantes de sexo feminino, distúrbios de alimentação são outros graves problemas demonstrados por estudantes universitários”, explica o psicofisiologista.

Existem evidências de que o estresse pode ter continuidade durante grande parte do período universitário e a criação de hábitos comportamentais inadequados pode dar início a um ciclo vicioso que terá enorme repercussão na vida do estudante. “O modelo de vida sedentário, preocupado, ansioso adotado no período pré-vestibular pode solidificar-se no comportamento do indivíduo vindo a fazer parte de sua personalidade”, esclarece Danucalov.

O vestibulando não deve deixar de lado as preocupações com as revisões de conteúdo, mas de nada adiantará todo esse esforço, se o estudante não realizar boas confraternizações com os amigos, praticar atividades físicas ou adquirir técnicas comprovadamente eficazes advindas da área da medicina comportamental. “Essas técnicas são destinadas ao gerenciamento pleno e consciente do estresse. Entre elas estão as técnicas de relaxamento muscular progressivo, o coaching, as técnicas do yoga e do Pilates, assim como as de manutenção da atenção plena, como a meditação. Tais práticas têm sido investigadas pela ciência e são comprovadamente associadas ao sucesso do vestibulando, uma vez que melhoram a concentração, o rendimento e o desempenho do candidato na hora da prova.”

Vida Equilíbrio

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