Fumar pode acarretar danos para outros orgãos além do pulmão
Além de período de festas, o fim do ano é para muitas pessoas um momento de reflexão sobre o ano que passou e de planejamento para o ano novo. A saúde é um dos elementos mais lembrados na lista de votos para o recomeço. Parar de fumar é uma dessas promessas difíceis de cumprir, mas cujo resultado pode ser extremamente positivo em termos de qualidade e anos de vida.
O tabagismo é responsável por 80% dos casos de DPOC, a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Consequência de anos de inalação de gases e partículas tóxicas, a patologia é hoje a quinta maior causa de mortalidade no mundo, e em 2030 chegará ao terceiro lugar no ranking das doenças que mais matam, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
A DPOC é caracterizada principalmente pela falta de ar, tosse e dificuldade em realizar atividades que exigem esforço físico. Para um paciente com DPOC, tarefas simples como tomar banho e caminhar podem se tonar extenuantes. Entretanto, não é apenas o pulmão que é atingido pela DPOC. Diversos estudos apontam que a doença resulta em uma inflamação sistêmica, podendo afetar outros órgãos.
O efeito sistêmico da inflamação da DPOC no organismo está relacionado ao aparecimento de comorbidades, ou seja, doenças coexistentes. A dificuldade em respirar leva à baixa oxigenação do sangue. Esse fator, somado às toxinas liberadas pelo organismo durante o processo de inflamação e ao sedentarismo, contribui para o desenvolvimento de outros problemas de saúde.
“A DPOC está associada a diversas comorbidades. As mais comuns são problemas cardíacos, osteoporose, infecções respiratórias, depressão, diabetes e até mesmo câncer de pulmão”, explica Dr. Carlos Cezar Fritscher, pneumologista e professor da PUC do Rio Grande do Sul.
“Como a inflamação está presente na maioria das doenças relacionadas à DPOC, a expectativa é que ao se conseguir tratar a inflamação, haverá também uma melhora geral do estado de saúde do paciente”, complementa o médico.
A boa notícia é que este ano chegou ao mercado europeu o primeiro medicamento específico para tratar a inflamação da DPOC. Produto de uma nova classe terapêutica, o roflumilaste, um inibidor seletivo da enzima fosfodiesterase 4 (PDE4), tem um mecanismo inédito de ação anti-inflamatória. O produto está disponível na Europa e deve chegar ao Brasil em 2011.
Os medicamentos têm um papel importante a cumprir no tratamento da doença. Entretanto, vale lembrar que a melhor forma de prevenir a DPOC é parar de fumar, e essa também é a primeira recomendação de tratamento para quem já tem a doença.
Fatos sobre a DPOC:
- A DPOC causa cerca de 33 mil mortes por ano no Brasil (Datasus).
- Estima-se que a doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) deve passar de quinta para terceira causa de mortes até 2030 (OMS).
- Em 2007, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que 210 milhões de pessoas tinham DPOC.
- 3 milhões de pessoas morreram de DPOC em 2005, o que corresponde a 5% de todos os óbitos no mundo (OMS).
- Quase 90% das mortes por DPOC ocorrem em países de baixa e média renda (OMS).