Inimigo noturno

Estima-se que o ronco esteja presente no sono de 60% das pessoas com mais de 55 anos. Entre os homens, o pico de incidência, geralmente, ocorre aos 50 e 59 anos e nas mulheres – aos 60 e 69 anos de idade. “Há maior prevalência do ronco em homens, pois as mulheres têm um maior tônus do músculo genioglosso, o que pode ser considerado um mecanismo de defesa natural para a manutenção da permeabilidade das vias aéreas superiores”, explica a otorrinolaringologista  Eliza Mendes.

O roncar também pode ser sinal de apneia do sono, doença na qual a respiração chega a ser interrompida por alguns segundos. O som resultante da obstrução parcial da passagem do ar pela via aérea superior pode ser classificado como: leve, moderado e grave. Embora, segundo a especialista apenas o efeito sonoro não interfere na estrutura e na qualidade do sono de um indivíduo. “O ronco torna-se um problema maior quando vem acompanhado por episódios de apnéias e/ou hipopnéias”, enfatiza a Dra. Eliza.

Apneias e hipopneias

A apneia é definida como a pausa do fluxo aéreo por dez segundos ou mais durante o sono. “Já a hipopneia consiste na diminuição do fluxo de ar associado à diminuição de oxigenação – a nível maior ou igual a 3% da saturação basal e/ou despertar, com duração maior ou igual a dez segundos”, explica.

Caso as apneias ou hipopneias ocorram com uma frequência maior do que cinco episódios por hora de sono e ocorra outros sintomas característicos, o paciente pode ser diagnosticado com a síndrome de apneia/ hipopneia obstrutiva do sono (SAHOS).

Entre os sintomas mais comuns apresentados pelos pacientes estão: sonolência diurna excessiva, engasgos durante o sono, despertares recorrentes, sono não reparador, fadiga diurna ou dificuldade de concentração. “Todos estes fatores resultam em uma diminuição da qualidade de vida do indivíduo”, ressalta a médica.

Causas

Existem diversos fatores que podem causar o ronco acompanhado de apneias e hipopneias. Alguns deles são:

  • Envelhecimento: com o avançar da idade, a ação da musculatura da via aérea superior diminui, facilitando o colabamento das estruturas.
  • Fatores anatômicos: situações como micrognatia ou hipoplasia de mandíbula estão associadas ao posicionamento posterior da base da língua, com o estreitamento das vias aéreas superiores. O espessamento das paredes laterais da faringe também causa este estreitamento.
  • Postura e gravidade: ao deitar de barriga para cima, a língua se posiciona na região posterior, reduzindo a área da orofaringe e, assim, dificultando ainda mais a passagem do fluxo de ar.
  • Gordura corporal: a obesidade, bem como o índice de massa corpórea elevado são fatores muito importantes para o aparecimento do ronco.
  • Síndrome dos ovários policísticos: nesta doença ocorre maior nível de androgênios circulantes, os quais propiciam um maior depósito de gordura e maior relaxamento dos músculos dilatadores da faringe.

Diagnóstico e tratamento

Para o diagnóstico do ronco é necessário que o paciente procure um otorrinolaringologista. “Verificamos se este ronco vem ou não associado a apneias. E apenas com avaliação médica especializada é possível fazer esta diferenciação”, orienta a Dra. Eliza.

O especialista fará uma análise clínica do paciente, por meio de anamnese e exame físico. Em geral são usadas escalas e questionários para mensurar a qualidade e quantidade da sonolência excessiva relatada. “O exame físico é direcionado, para buscar as causas possíveis do ronco e da apnéia. Também é feito um exame criterioso da orofaringe e a avaliação da posição da língua, do tamanho das tonsilas palatinas, da úvula e do palato mole. Pois, se essas estruturas estiverem alteradas, vão interferir diretamente na passagem do fluxo de ar”, explica a Dra. Eliza.

Para uma avaliação mais completa, a médica resalta que é indicado uma endoscopia nasal. “Assim é possível obter detalhes da anatomia nasal e faríngea e identificar os pontos críticos de estreitamento de via aérea”, explica.

Porém, para confirmar a doença é necessário fazer um exame chamado polissonografia – feito no laboratório do sono e não é necessário anestesia. Para realizar o exame é necessário que o paciente durma no laboratório e passe por um monitoramento em relação a eletrocardiograma, eletroencefalograma, oximetria e a mensuração de fluxo aéreo.

“O procedimento é bastante simples: o paciente realiza todos estes exames, simultaneamente, durante a noite. Desta forma é possível saber com precisão o impacto das apneias e/ou hipopneias na frequência cardíaca, a saturação de oxigênio, as descargas elétricas cerebrais e o fluxo aéreo. Este exame identifica a quantidade de apneias e hipopneias que o paciente tem a cada hora de sono, permitindo classificar a doença em leve, moderada ou grave”, ressalta a Dra. Eliza.

A opção de tratamento, do paciente que tem ronco associado a apneias, dependerá do diagnóstico preciso quanto à causa e a gravidade da doença. Entre as medidas terapêuticas que poderão ser adotadas estão: clínicas, cirúrgicas ou até mesmo associadas – dependendo de cada caso.

De acordo com a otorrinolaringologista, as principais medidas clínicas que podem ser indicadas são a perda de peso em paciente, orientações para evitar bebidas alcoólicas, cafés, chá preto, verde ou mate, se alimentar e realizar exercícios físicos antes de deitar, assistir televisão, escutar rádio ou usar o computador.

“Durante o tratamento também é indicado, o uso de aparelho intraoral – posicionadores de mandíbulas – que corrige totalmente os sintomas de ronco e apneias. “Em casos mais graves ou que impossibilitem outros tratamentos, é indicado um aparelho de pressão positiva que impulsiona o ar para a via aérea superior, por meio de uma máscara facial”, comenta a médica.

Já, em relação as medidas cirúrgicas mais adequadas são a uvulopalatofaringoplastia, a faringoplastia lateral, a adenoamigdalectomia e as cirurgias ortognáticas, dependendo da condição clínica específica de cada paciente. “É importante destacar que o tratamento é muito amplo e pode variar muito, a depender da sua causa de origem”, enfatiza a Dra. Eliza.

Ronco e as criança

O pico de incidências de ronco e apneias em crianças ocorre entre os três e seis anos de idade, quando as tonsilas e adenóides são relativamente grandes em relação ao tamanho da via aérea superior. “Por isso, a principal causa da obstrução respiratória mais comum é a hipertrofia adenotonsilar”, destaca a Dra. Eliza.

Já os sintomas na infância são diferentes em relação aos apresentados pelos adultos. “Em geral, elas podem apresentar baixo rendimento escolar, irritabilidade e a criança pode fazer xixi na cama enquanto dorme”, enfatiza.

Assim como em adultos, o tratamento do ronco na infância depende da sua causa. “Como a causa mais comum é hipetrofia adenotonsilar, o tratamento cirúrgico com a adenotonsilectomia pode resolver definitivamente o problema”, orienta a médica.

Redação Vida Equilíbrio

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