Leite materno no Brasil tem um dos menores teores de DHA no mundo

A amamentação é um vínculo indispensável entre mãe e filho, que protege a criança contra várias infecções e previne a mortalidade infantil. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o leite materno é um alimento completo e deve ser exclusivo durante os primeiros seis meses de vida. Além de conter anticorpos, fatores imunomoduladores e anti-inflamatórios que não podem ser reproduzidos, o leite humano é fonte de DHA (ácido docosahexaenoico), um lipídio da série ômega-3 que promove o desenvolvimento cognitivo e visual na infância, e que perdurará por toda a vida.

Por mais de uma década cientistas de todo o mundo têm demonstrado os benefícios desse lipídio durante a gestação e amamentação. “O DHA, é um nutriente importante para o desenvolvimento do sistema nervoso e retina. Já nas primeiras semanas de formação do feto, ele participa da construção dessas estruturas, que continuarão se desenvolvendo durante os primeiros anos de vida,” explica o Dr. Mário Cícero Falcão, pediatra e nutrólogo, professor da Faculdade de Medicina da USP. “Para o bebê ter acesso à quantidade ideal do nutriente é necessário que a mãe faça a ingestão de alimentos ricos em DHA na gravidez e lactação.”

Um estudo brasileiro publicado na última edição do Jornal de Pediatria, um dos principais periódicos científicos da área, analisou o leite humano de moradoras da região de Ribeirão Preto (interior de São Paulo) e mostrou que o leite destas mães continha um dos menores teores de DHA no mundo, apenas 0,09%, enquanto a média preconizada pela OMS é de 0,3%. “Isso tem relação com a alimentação dos brasileiros. A principal fonte desse nutriente são peixes marinhos como a sardinha, atum, cavala e salmão. Mas sabemos que nas regiões interioranas o consumo desses alimentos é mais limitado,” diz o pediatra. “Entre os nutrientes presentes no leite humano, no Brasil, o baixo índice de DHA é muito preocupante e pode refletir em déficit neurológico e visual.”

Segundo dados do Ministério da Pesca, o consumo anual de peixe no Brasil é de 9 quilos por habitante, bem abaixo do mínimo recomendado pela Organização Mundial da Saúde, de 12 quilos por habitante. A OMS, bem como outras entidades internacionais, recomenda a ingestão diária de DHA principalmente por crianças. “Até os cinco anos de idade o cérebro atinge 85% do seu tamanho final. É nessa fase que a alimentação, os estímulos e o carinho construirão as bases para um desempenho neurológico saudável que se refletirá por toda a vida,” reforça o Dr. Falcão.

O aleitamento materno também apresenta benefícios em longo prazo na diminuição dos riscos de doenças crônicas decorrentes da alimentação inadequada, como obesidade e hipertensão. Mas algumas mulheres não conseguem amamentar, nesses casos o médico ou o nutricionista são os únicos profissionais que poderão prescrever a fórmula infantil. “Esse alimento, embora não possa substituir o leite materno em suas propriedades imunológicas, possui os nutrientes corretos para a nutrição do bebê. Algumas fórmulas contêm inclusive o DHA em quantidades recomendadas pela OMS. Já leite de vaca é contraindicado para o consumo de crianças em fase de amamentação e não possui as características nutricionais adequadas para o desenvolvimento infantil,” comenta o médico.

Redação Vida Equilíbrio

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