Mutação genética aumenta risco de obesidade

Variações genéticas fazem com que algumas pessoas sintam mais fome do que outras, e aumentam em 70% as chances de obesidade. Um estudo da University College London (UCL) analisou o FTO, gene ligado à doença que é responsável pela produção do grelina, conhecido como ‘hormônio da fome’, mostrou que a presença excessiva da substância faz com que o portador sinta apetite, mesmo pouco tempo depois de comer. Além disso, constatou-se que pessoas com o gene de alto-risco têm mais atração por comidas gordurosas.

“Além do FTO, existem mais de 500 genes associados à obesidade. O estudo prova que, a partir do momento em que um deles se manifesta, por exemplo, seus efeitos são irreversíveis. Por isso, a descoberta demonstra que a prevenção ainda é a melhor solução para o não desenvolvimento da doença. Se uma pessoa possui a variação no FTO e sua alimentação é inadequada, as chances de apresentar um quadro crescente de sobrepeso são quase inevitáveis”, explica o Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN.

A variação do gene FTO está presente em até 1/6 da população. Essa mutação faz com que o gene seja considerado de “alto-risco”, ao mesmo tempo em que o mesmo gene, sem mutação, é apresentado na forma de “baixo-risco”. O estudo londrino foi realizado com 359 homens, que tinham um par de genes FTO de alto risco ou um par de genes de baixo-risco. Os valores do grelina foram analisados logo após a refeição e, apesar de o esperado ser uma diminuição da substância, 20 pessoas não obtiveram esse resultado. Além disso, constatou-se que pessoas com o gene de alto-risco têm mais atração por comidas gordurosas.

Apesar de estudos similares terem acontecido em 2007, o novo estudo consegue resultados duplamente positivos, pois não só confirma a variação do gene e a ligação com a obesidade, mas também mostra que ele aumenta os níveis de grelina no corpo humano e a sensibilidade ao hormônio.

Além disso, um estudo similar realizado no Brasil, chamado “Association between a frequent variant of the FTO gene and anthropometric phenotypes in Brazilian children”, publicado pelo BMC Medical Genetics, em 2013, acompanhou 348 crianças desde o nascimento até os oito anos de idade. Nele, foi constatado que a variação do FTO está associada à massa corporal e gordura subcutânea em crianças brasileiras a partir dos quatro anos. “O efeito do gene FTO na composição corporal e no risco de desenvolvimento de sobrepeso e obesidade em crianças e adultos tem sido consistentemente observado em populações europeias e norte-americanas, porém o mecanismo pelo qual esta variabilidade genética se relaciona com a obesidade não está esclarecido”, explica a Profª. Drª Vanessa Suñé Mattevi, membro da Sociedade Brasileira de Genética e professora na Universidade Federal de Ciências e Saúde de Porto Alegre. “Especula-se que a proteína codificada pelo gene FTO humano aja, possivelmente, como um sensor do estado metabólico celular e efetor nuclear que, quando alterado, poderia resultar em um fenótipo obeso”, completa a doutora, que é uma das responsáveis pelo estudo.

 

De acordo com o Dr. Ribas, se a pessoa já está obesa ela deve recorrer a uma série de ações para ou amenizar o quadro da doença. “Devemos imaginar o tratamento da obesidade como uma pirâmide. Na base está a correção dos hábitos alimentares. Ao subirmos, vemos as atividades físicas, a dietoterapia, as terapias cognitivo-comportamentais e a farmacoterapia antiobesidade como alternativas. Em último caso, no topo de pirâmide, a pessoa deverá recorrer à cirurgia bariátrica”, observa.

Redação Vida Equilíbrio

 

“Há vários fatores que interferem na possibilidade de obesidade, como o ambiente no qual as pessoas vivem. Mesmo que a pessoa possua o alelo de alto-risco, isso não significa que ela será obesa. Com certeza, a obesidade pode ser evitada se a pessoa tiver bons hábitos de vida, como alimentação saudável e prática de atividade física, por exemplo. A importância dos nossos estudos é mostrar que as variações genéticas de “risco” começam a se manifestar na infância e, então, quanto mais cedo os pais se preocuparem com os hábitos saudáveis dos filhos, maior a chance de prevenir um excesso de peso no futuro”, completa Dra. Vanessa.

 

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