Proteína pode causar alergia. DHA de óleo de peixe, não.

Para as crianças com alergia ao leite de vaca e ao de soja, os especialistas prescrevem fórmulas de aminoácidos que são capazes de substituir com eficácia estes alimentos. Uma delas, o Aminomed, contém ácidos graxos de cadeia longa DHA (ácido docosahexaenóico), presente em grandes quantidades no óleo de peixe. O produto é importado e aprovado pela Anvisa, e está sendo distribuído pela rede pública, por meio da Secretaria de Saúde do Estado (Protocolo Clínico para a Normatização da Dispensação de Fórmulas Infantis Especiais).

No entanto, alguns médicos, erroneamente, defendem que as crianças podem rejeitar o alimento por terem “alergia” ao óleo de peixe. De acordo com o gastropediatra Valmir Martins, o DHA extraído do óleo de peixe não deixa nenhum resquício protéico alergênico. “As alergias alimentares são desencadeadas na maioria dos casos por substratos protéicos. Não há possibilidade de desencadeamento de alergias alimentares por DHA. Não existem relatos de alergia específica a ácidos graxos. Portanto, o DHA contido na fórmula não causa alergia”, destaca.

Segundo o especialista, o ácido graxo é encontrado em grandes quantidades no óleo de peixe, e é adicionado à formulação do medicamento, de acordo com as publicações científicas internacionais que consideram a importância desses nutrientes no desenvolvimento cerebral e visual das crianças. Além de outros diversos benefícios à saúde, como por exemplo, na diminuição do processo inflamatório presente nas alergias.

O médico alerta que o cheiro e gosto ruins são inerentes a todas as fórmulas de aminoácidos. As crianças que delas necessitam geralmente não possuem referências gustativas normais e geralmente as toleram muito bem. O que pode ocorrer é um estranhamento decorrente da transição entre uma fórmula e outra, todavia melhora após o período de adaptação que deve ser avaliado pelo pediatra. As fórmulas de aminoácidos (inclusive o Aminomed) são referências para o tratamento de alergias alimentares segundo o Consenso Brasileiro sobre Alergia Alimentar de 2007, elaborado pela Sociedade Brasileira de Pediatria e Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia.

Para Karina Barros, nutricionista e pesquisadora da Unifesp, podemos encontrar a suplementação destes nutrientes em diversas fórmulas infantis comercializadas em todo o mundo. Segundo a nutricionista, “não existe relato de resposta de hipersensibilidade causada por óleo de peixe purificado, inclusive em estudos realizados com pacientes alérgicos a peixe e frutos do mar”, conclui.