Que é oncofertilidade?

34Oncofertilidade é a uma nova área médica que une uma equipe multidisciplinar com as especialidades de oncologia e reprodução humana, urologia, cirurgia videolaparoscópica, psicologia e genética, com o propósito de maximizar o potencial reprodutivo futuro de pacientes que vão se tratar do câncer e aqueles que já se curaram desse mal. Baseado na eficácia dos métodos de preservação da fertilidade, criou-se um movimento mundial para que os recursos dessa preservação estejam disponíveis para os pacientes com câncer: a Oncofertilidade. Como as técnicas de preservação da fertilidade evoluem rapidamente, é fundamental avaliar as diretrizes atuais, a fim de oferecer mais opções adequadas especificamente a cada caso e sua relação risco-benefício, além de considerar os valores morais do paciente.

Em 1971, nos Estados Unidos, a Lei Nacional do Câncer foi assinada, dando fundos para que o então recém-criado Instituto Nacional do Câncer (NCI) coordenasse a investigação e os novos avanços médicos a detectar, diagnosticar e tratar o câncer. Felizmente, existem múltiplas opções de tratamentos para maximizar o potencial de fertilidade futuro. Uma consulta com um médico especialista em reprodução humana deve ser agendada logo após o diagnóstico do câncer, antes de submeter-se à quimioterapia ou radioterapia. Estes procedimentos são realizados para, posteriormente, após a cura da doença, obter-se a gravidez. Não existe um tempo limite para o material permanecer congelado, portanto, pode-se aguardar até todo o tratamento oncológico ser realizado.

“O diagnóstico de câncer é considerado um dos mais sofridos na vida de uma pessoa. Entretanto, se por um lado essa realidade causa pânico ao se pensar no futuro que vem pela frente, a posterior notícia de que os tratamentos para este mal estão cada vez mais eficazes pode trazer algum conforto. Uma das mais importantes considerações ao se determinar qual será o tipo de tratamento a que o paciente será submetido, principalmente para as crianças antes da puberdade, os adolescentes e os homens e mulheres jovens que não têm filhos e ainda os desejam ter, é: qual será o prejuízo da fertilidade após a recuperação?”, questiona o especialista em reprodução humana Arnaldo Cambiaghi, diretor do IPGO.

Com o aumento da detecção precoce da doença, estima-se que, em um futuro próximo, pelo menos um em cada 250 adultos será sobrevivente de tratamentos de câncer, pois a radioterapia e a quimioterapia, em conjunto com cirurgias, podem curar até 90%. Muitas pacientes mulheres se encontram em idade fértil e desejam prole, o que torna a responsabilidade do médico oncologista ainda maior, pois não estar atento a esse detalhe tão importante numa época em que existem mais opções para preservar a fertilidade poderá reservar um futuro muito frustrante para elas. O tratamento do câncer é historicamente focado na erradicação da doença, e muitas vezes não leva em conta a fertilidade da paciente.

O tratamento oncológico pode afetar temporariamente ou ter um efeito devastador na fertilidade, seja pela remoção dos órgãos reprodutivos ou por ação de drogas citotóxicas e radioterapia sobre a função ovariana, levando a falência ovariana, menopausa precoce ou outros problemas relacionados à reprodução. Para os homens, os tratamentos podem levar a danos semelhantes nos testículos, interferindo na produção de espermatozoides e secreção de testosterona. O grau e a persistência desse dano dependem da dose, do local primário de irradiação e da idade da paciente.

Em geral, as gônadas são relativamente resistentes aos efeitos da quimioterapia antes do início da puberdade em ambos os sexos, mas após esse período são muito sensíveis, tanto à quimioterapia como à radioterapia, e mais ainda à medida que envelhecem. Mulheres mais jovens, com menos de 25 anos, podem suportar melhor esses efeitos, porque seus ovários têm uma maior reserva ovariana do que os das mulheres mais velhas. Entretanto, mesmo se sua função reprodutiva permanecer aparentemente intacta após o tratamento (ciclos normais), elas têm um risco de menopausa precoce. Os testículos também são muito sensíveis após a puberdade, havendo prejuízo para a produção de espermatozoides. Apesar de poder ocorrer, a diminuição da produção hormonal e função sexual não costuma ser afetada nos homens.

Quanto à radioterapia, além de possível lesão às gônadas, quando for diretamente no útero também pode causar danos ao tecido endometrial, musculatura lisa e vascularização sanguínea uterina, aumentando o risco de infertilidade, abortos espontâneos e restrições de crescimento em gestações futuras. O diagnóstico do câncer ginecológico ocorre em pacientes cada vez mais jovens e em estados mais precoces. Esses pacientes lidam com uma doença com risco de vida, passam pelo choque, a angústia do diagnóstico e ainda enfrentam a possibilidade da infertilidade permanente, que muitas vezes pesa mais que o próprio risco de vida, o que pode ser observado pela frase comum a muitas pacientes e publicada em uma importante e respeitada revista médica.

“Assim, é importante que tanto os médicos que cuidam dessas pacientes como elas próprias conheçam os danos ao sistema reprodutor que podem ser causados pelos tratamentos oncológicos, assim como as opções atuais, potenciais e futuras para a preservação da fertilidade”, afirma Cambiaghi.

Os tratamentos de câncer podem impactar ou até destruir a capacidade reprodutiva dos pacientes, atrapalhando sua possibilidade de gerar um filho no futuro.

A estratégia escolhida para cuidar da fertilidade será influenciada por vários fatores, como:

• tipo, localização e estágio do câncer;
• dose e número de ciclos de quimioterapia;
• quantidade de radioterapia aplicada;
• idade;
• reserva folicular das pacientes;
• estado civil (ou se possui parceiro);
• aceitação de esperma ou óvulos doados;
• desejo de congelar embriões;
• possibilidade de pagar por esses serviços.

“Os profissionais da saúde, incluindo o ginecologista geral, devem conhecer as técnicas disponíveis para orientar e conscientizar seus pacientes que serão submetidos a tratamentos oncológicos sobre a importância da preservação da fertilidade e como isso pode ser feito. Pesquisas recentes sugerem que menos de 50% dos doentes oncológicos adultos em idade fértil receberam uma orientação adequada sobre as suas opções de preservação da fertilidade antes de tratamentos contra o câncer, e menos de 35% das mulheres lembram de ter discutido os riscos de infertilidade, e, ainda assim, apenas durante ou após o tratamento”, alerta o especialista.

Publicações demonstram ainda que muitos dos oncologistas não informam nem indicam seus pacientes a especialistas para que saibam mais sobre estas técnicas, e poucos conhecem o impacto emocional da infertilidade nos indivíduos. Muitos pacientes submetidos a tratamentos oncológicos não se lembram de ter sido informados sobre alternativas preventivas para a perda da fertilidade. Na preservação da fertilidade do homem, considera-se que o congelamento de sêmen é um fator emocional positivo na cura das neoplasias, mesmo que no futuro não seja utilizado. Infelizmente, enquanto a maioria das clínicas de oncologia se preocupa muito com os efeitos colaterais imediatos dos agentes alquilantes (quimioterápicos), poucas conhecem sobre as possibilidades e técnicas de preservação da fertilidade.

O ideal é que os médicos identifiquem pacientes que podem ser bons candidatos para a preservação da fertilidade. Os pacientes devem ser orientados sobre os riscos e benefícios de cada uma das técnicas e entender qual a que melhor se adapta a cada situação. Na mulher, a criopreservação do tecido ovariano pode ser uma alternativa adequada para pacientes que não conseguem escolher a melhor opção para preservar a fertilidade ou nos casos em que não podem ser submetidas à estimulação dos ovários. Ao discutir alternativas, tais como a criopreservação ovariana e as limitações dos resultados, não se deve dar falsas esperanças sobre o futuro sucesso do método. Os pacientes devem estar cientes das opções já estabelecidas e das ainda experimentais, para que possam escolher o método que tem os riscos e benefícios que melhor se adaptem às suas necessidades médicas e de valores pessoais.

Tanto a Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) quanto a Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva (ASRM) publicaram recentemente diretrizes para descrever as circunstâncias em que a preservação da fertilidade deve ser discutida e para quais pacientes os métodos experimentais, como a criopreservação de ovário, podem ser adequados.

Vida Equilíbrio

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