Reposição Hormonal x Câncer

free_pills_picture1- É verdade que a reposição hormonal aumenta os riscos de se contrair câncer? Por quê?

Dr. Ellias – Oncomed BH: A terapia de reposição hormonal (TRH), amplamente utilizada até alguns anos atrás, pode levar ao aparecimento de alguns tipos de câncer, particularmente de mama e endométrio. Em virtude destas evidências, seu uso tem se restringido a alguns casos específicos. Em relação ao câncer de mama, há evidências consistentes que a utilização da TRH combinada (estrogênio e progesterona) pode aumentar aproximadamente em 24% as chances de desenvolver a doença. Quando se utiliza a reposição hormonal somente com um hormônio, o estrogênio, não houve aumento das chances de desenvolver câncer de mama, podendo a terapia hormonal com estrogênio isolado até ser potencialmente protetora para a doença. Entretanto, estudos mais detalhados em relação a esta última afirmativa precisam ser feitos e analisados para estabelecer seus reais riscos. Em relação ao câncer de endométrio, a TRH com estrogênio isolado pode aumentar de 3 a 15 vezes as chances de desenvolver hiperplasia e câncer de endométrio. Em um estudo, com um ano de uso da TRH observou-se hiperplasia de endométrio (aumento da camada mais interna do útero) em cerca de 25 a 50% das mulheres. Uma em cada 1000 mulheres desenvolvem câncer de endométrio após a menopausa. Esses números sobem para uma a cada cem mulheres quando a TRH com estrogênio isolado é utilizada por longos períodos. Esse risco aumenta quanto maior a dose e o tempo da terapia utilizados. Por outro lado, quando se utiliza a TRH combinada (estrogênio + progesterona) esse risco de neoplasia de endométrio reduz ao normal. Isso pode ser atribuído a um possível fator protetor da progesterona no endométrio. A relação entre TRH e câncer de mama e endométrio pode ser atribuída à sensibilidade que os tumores nessa região apresentam aos hormônios femininos. O estrogênio e a progesterona agem estimulando o desenvolvimento das glândulas mamárias e endométrio, fenômeno natural e cíclico que ocorre na mulher a cada ciclo menstrual até o período da menopausa. A manutenção deste estímulo com a TRH por um período mais prolongado poderia ter importante papel no desencadeamento da carcinogênese. Com relação ao câncer colorretal há evidências que a TRH combinada (estrogênio + progesterona) possa agir como fator protetor para esta doença. Não há evidências científicas consistentes para atribuir a TRH como fator protetor ou de risco para outras neoplasias.

2- Quais os tipos mais comuns de tumores que podem surgir em decorrência da reposição hormonal e por quê?

Os tumores atribuídos ao uso prolongado de terapia de reposição hormonal são os de mama e endométrio. Nestes órgãos as células normais apresentam sensibilidade elevada à ação dos hormônios femininos (estrogênio e progesterona), muito maior que células de outros tecidos e órgãos do organismo. Durante toda a idade fértil a mulher é exposta à ação destes hormônios, em concentrações variáveis ao longo de cada ciclo menstrual, como parte de processo fisiológico, que garante o desenvolvimento das características sexuais femininas na adolescência e mantém a fertilidade na idade adulta. Quando a mulher entra em menopausa ocorre a falência ovariana, ficando assim incapaz de produzir hormônios sexuais femininos (estrogênio e progesterona), o que determina o fim do período menstrual e o aparecimento de sintomas associados, como fogachos, ressecamento e atrofia vaginal, distúrbios do humor e comportamento, aumento da incidência de doenças cardiovasculares e osteoporose. A manutenção do estímulo hormonal melhora em parte os sintomas associados à menopausa. Entretanto, esta conduta pode desencadear também um crescimento anormal das células do tecido mamário e endométrio, levando ao aparecimento do câncer. Esse risco guarda relação com o tempo, a dose utilizada na TRH e a idade da paciente (quanto mais velha maior o risco).

3- É verdade que mulheres que tomam hormônios há mais de 5 anos têm maior chance de desenvolver a doença?

O risco de desenvolvimento do câncer de mama e endométrio em vigência de TRH eleva com o aumento da dose e do tempo de exposição. De forma similar, mulheres que são expostas à TRH mais velhas (após os 60 ou 10 anos após a menopausa) possuem um risco ainda mais alto de desenvolver problemas relacionados à terapia. Sendo assim, essa prática é recomendada apenas para mulheres antes dos 60 anos, com menos de 10 anos da última menstruação, e por até no máximo 5 anos de duração. Em mulheres com histórico pessoal ou familiar de neoplasias de mama e endométrio ou de doenças tromboembólicas (derrame, embolia pulmonar, trombose) os benefícios da exposição deve ser balanceado com os riscos. Há evidências que a manutenção deste tratamento além dos 5 anos aumenta consideravelmente as chances de efeitos indesejáveis.

4- Se a mulher parar de tomar hormônio as chances de se contrair um câncer diminuem?

Estudos clínicos que avaliam o risco de câncer em mulheres que usaram TRH no passado estão em andamento. Entretanto, há evidências mostrando que após 5 anos de interrupção da terapia hormonal os riscos de desenvolver um câncer reduz progressivamente para o patamar de uma mulher não exposta a esta terapia.

5- Quais os principais prós e contras da terapia de reposição hormonal?

A terapia de reposição hormonal é uma alternativa eficaz no controle de alguns sintomas da menopausa, notadamente fogachos e ressecamento vaginal. Atualmente, a indicação da TRH se restringe a mulheres com menos de 60 anos e com menos de 10 anos da última menstruação, com sintomas moderados a graves relacionados a fogachos e ressecamento vaginal, sem história familiar ou pessoal positiva para doenças tromboembólicas / cardiovasculares (derrame, embolia, trombose) ou neoplásicas (câncer de mama e endométrio). A TRH mostrou ser efetiva na diminuição do risco de eventos cardíacos (infarto), assim como redução dos casos de fraturas relacionadas à osteoporose e melhor controle do diabetes. Os principais malefícios da terapia de reposição hormonal são o aumento de eventos tromboembólicos / cardiovasculares (trombose, embolia, derrame), de câncer de mama e endométrio e colecistite (inflamação da vesícula biliar).

6- Quando é indicada a terapia de reposição hormonal?

A TRH deve ser indicada em mulheres abaixo dos 60 anos, com menos de 10 anos da última menstruação, para tratamento de sintomas relacionados à menopausa, notadamente fogachos e ressecamento vaginal. Ele deve ser feito de forma combinada (estrogênio + progesterona) na mulher não-histerectomizada (que tem o útero), e de forma isolada (estrogênio) em mulheres histerectomizadas (que fizeram cirurgia para a retirada do útero). Mulheres com histórico pessoal ou familiar de câncer de mama, endométrio ou de doenças tromboembólicas / cardiovasculares devem preferencialmente não receber a TRH. A terapia não tem benefício comprovado sobre o processo de osteoporose e aumenta as chances de eventos tromboembólicos. A TRH pode controlar os sintomas relacionados à menopausa em 80 a 90% das mulheres, com efeitos adversos mínimos se respeitado as indicações do tratamento. Além disso, evidências consistentes de grandes estudos apontam para uma redução na mortalidade geral de mulheres antes dos 60 anos que fazem uso da TRH.

7- Quais os principais riscos da reposição?

A TRH aumenta as chances de desenvolver câncer de mama e endométrio, eventos tromboembólicos (trombose e embolia), isquemia cerebral (derrame) e colecistite (inflamação da vesícula biliar). Este risco aumenta com a dose, o tempo de exposição e quanto mais velha for a paciente.

8- Mulheres que já tiveram câncer podem fazer uso da terapia de reposição hormonal?

 

Mulheres que já tiveram câncer de mama e endométrio não devem realizar terapia de reposição hormonal, pelo risco de recorrência da doença ou desenvolvimento de novo tumor. Pacientes que tiveram outros tipos de cânceres não têm qualquer contra-indicação ao uso da terapia, mas deve-se obedecer suas reais indicações.

Vida Equilíbrio

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