Como o stress pode causar queda de cabelo

Foto: Corbis

Nenhum paciente fica feliz quando escuta do seu médico que a causa de seu problema de saúde é a ansiedade ou o estresse. Muitos acreditam que seja difícil viver sem estresse no mundo atual e não aceitam que isto possa, por exemplo, ser motivo de queda capilar.

A justificativa costuma vir acompanhada de um argumento simples dado pelos pacientes: “todo mundo vive estressado hoje em dia e nem todos tem queda de cabelo”. Realmente, nem todo mundo desenvolve a queda dos fios por conta do estresse, mas acaba apresentando quadros como gastrite, hipertensão, arritmia, distúrbios neurológicos ou psiquiátricos, alergias, doenças autoimunes, entre tantas outras condições.

Se nem todo mundo perde cabelos em situações de estresse, também afirmo que nem todo mundo fica com hipertensão arterial por conta do estresse. Cada indivíduo tem um ou mais pontos fracos e, na grande maioria dos casos, o ponto fraco é quem manifesta perda da saúde quando em situações de estresse.

Ainda assim, encontrei um artigo interessante que justifica quimicamente o fato de que o estresse pode sim causar queda de cabelo. Vamos a ele. Eva Peters e mais um grupo de pesquisadores de universidades alemãs desenvolveram um estudo sobre a relação entre estresse e os folículos pilosos em ratos. Estudaram algo que é conhecido como inflamação neurogênica, um estado inflamatório de determinadas estruturas corporais que é mediado por substâncias químicas produzidas pelo nosso tecido nervoso e liberadas em diversos órgãos e tecidos através de nossas células nervosas.

Que fique claro, que as substâncias químicas estudadas tem relação intrínseca com o estresse e os animais de laboratório estudados ficaram expostos ao estresse sonoro contínuo por período de 24h.

O resultado, medido na proximidade dos folículos pilosos através de diversos testes, entre eles a imunohistoquímica, provaram que:

1. Existe uma comunicação intensa entre as terminações nervosas de nossa pele e as células de nosso sistema imune responsáveis por estados de inflamação em situações de estresse.
2. Em situações de estresse, a liberação de substâncias químicas como o NGF (fator de crescimento neural), na derme atrai células inflamatórias do nosso sistema imunológico para próximo dos folículos.
3. A partir daí há uma liberação de grande quantidade de substâncias que estimulam a inflamação ao redor dos folículos, quadro que é chamado de inflamação neurogênica.
4. Esta sequência de eventos que leva à inflamação neurogênica estimula a apoptose celular, morte das células, em uma região do folículo piloso chamada de matriz do cabelo.

Esta região, a matriz do cabelo, é responsável pelo crescimento capilar. Se as células desta região morrem por conta da inflamação neurogênica, fica claro que, a partir deste momento podemos esperar que os cabelos venham a cair.

Apesar de parecer difícil de explicar, a real conclusão a que chegaram os pesquisadores é que o estresse realmente provoca queda de cabelos. A confirmação desta relação é apenas mais uma das inúmeras já publicadas sobre o tema. E pensar que ainda tem muita gente que insiste em acreditar que o ritmo é a qualidade de vida não interfere na saúde das madeixas.