31 de julho de 2013 | Saúde

Mutação genética aumenta risco de obesidade

Estudo descobre mutação gênica responsável por aumento no hormônio da fome

Variações genéticas fazem com que algumas pessoas sintam mais fome do que outras, e aumentam em 70% as chances de obesidade. Um estudo da University College London (UCL) analisou o FTO, gene ligado à doença que é responsável pela produção do grelina, conhecido como ‘hormônio da fome’, mostrou que a presença excessiva da substância faz com que o portador sinta apetite, mesmo pouco tempo depois de comer. Além disso, constatou-se que pessoas com o gene de alto-risco têm mais atração por comidas gordurosas.

“Além do FTO, existem mais de 500 genes associados à obesidade. O estudo prova que, a partir do momento em que um deles se manifesta, por exemplo, seus efeitos são irreversíveis. Por isso, a descoberta demonstra que a prevenção ainda é a melhor solução para o não desenvolvimento da doença. Se uma pessoa possui a variação no FTO e sua alimentação é inadequada, as chances de apresentar um quadro crescente de sobrepeso são quase inevitáveis”, explica o Dr. Durval Ribas Filho, médico nutrólogo e presidente da Associação Brasileira de Nutrologia – ABRAN.

A variação do gene FTO está presente em até 1/6 da população. Essa mutação faz com que o gene seja considerado de “alto-risco”, ao mesmo tempo em que o mesmo gene, sem mutação, é apresentado na forma de “baixo-risco”. O estudo londrino foi realizado com 359 homens, que tinham um par de genes FTO de alto risco ou um par de genes de baixo-risco. Os valores do grelina foram analisados logo após a refeição e, apesar de o esperado ser uma diminuição da substância, 20 pessoas não obtiveram esse resultado. Além disso, constatou-se que pessoas com o gene de alto-risco têm mais atração por comidas gordurosas.

Apesar de estudos similares terem acontecido em 2007, o novo estudo consegue resultados duplamente positivos, pois não só confirma a variação do gene e a ligação com a obesidade, mas também mostra que ele aumenta os níveis de grelina no corpo humano e a sensibilidade ao hormônio.

Além disso, um estudo similar realizado no Brasil, chamado “Association between a frequent variant of the FTO gene and anthropometric phenotypes in Brazilian children”, publicado pelo BMC Medical Genetics, em 2013, acompanhou 348 crianças desde o nascimento até os oito anos de idade. Nele, foi constatado que a variação do FTO está associada à massa corporal e gordura subcutânea em crianças brasileiras a partir dos quatro anos. “O efeito do gene FTO na composição corporal e no risco de desenvolvimento de sobrepeso e obesidade em crianças e adultos tem sido consistentemente observado em populações europeias e norte-americanas, porém o mecanismo pelo qual esta variabilidade genética se relaciona com a obesidade não está esclarecido”, explica a Profª. Drª Vanessa Suñé Mattevi, membro da Sociedade Brasileira de Genética e professora na Universidade Federal de Ciências e Saúde de Porto Alegre. “Especula-se que a proteína codificada pelo gene FTO humano aja, possivelmente, como um sensor do estado metabólico celular e efetor nuclear que, quando alterado, poderia resultar em um fenótipo obeso”, completa a doutora, que é uma das responsáveis pelo estudo.

 

De acordo com o Dr. Ribas, se a pessoa já está obesa ela deve recorrer a uma série de ações para ou amenizar o quadro da doença. “Devemos imaginar o tratamento da obesidade como uma pirâmide. Na base está a correção dos hábitos alimentares. Ao subirmos, vemos as atividades físicas, a dietoterapia, as terapias cognitivo-comportamentais e a farmacoterapia antiobesidade como alternativas. Em último caso, no topo de pirâmide, a pessoa deverá recorrer à cirurgia bariátrica”, observa.

Redação Vida Equilíbrio

 

“Há vários fatores que interferem na possibilidade de obesidade, como o ambiente no qual as pessoas vivem. Mesmo que a pessoa possua o alelo de alto-risco, isso não significa que ela será obesa. Com certeza, a obesidade pode ser evitada se a pessoa tiver bons hábitos de vida, como alimentação saudável e prática de atividade física, por exemplo. A importância dos nossos estudos é mostrar que as variações genéticas de “risco” começam a se manifestar na infância e, então, quanto mais cedo os pais se preocuparem com os hábitos saudáveis dos filhos, maior a chance de prevenir um excesso de peso no futuro”, completa Dra. Vanessa.

 

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