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Um estudo publicado na revista Science Translation Medicine recentemente identificou a causa molecular da doença celíaca, problema digestivo que faz com que as pessoas se tornem intolerantes ao glúten, proteína encontrada em pães, massas, cereais, cerveja e vários outros alimentos. A descoberta pode ajudar no desenvolvimento de formas mais precisas de diagnóstico, prevenção e tratamento da enfermidade. Com os resultados os cientistas começaram a trabalhar em uma droga injetável com pequenas doses dos componentes que causam a alergia.
Outro estudo divulgado o ano passado afirma que cerca de 1% da população ocidental tem intolerância ao glúten, mas os números vêm aumentando. Apenas no Brasil, seriam quase 2 milhões de pessoas com a doença celíaca. No Brasil, as embalagens de alimentos precisam conter avisos sobre a presença de glúten.
Segundo a nutricionista Flávia Morais, o glúten é uma proteína encontrada em cultivos de ampla distribuição como trigo, aveia, centeio, cevada, além de estar no malte de cereais – esses alimentos fazem parte da composição de massas, pães, biscoitos, bolos, tortas, pizzas, molhos, temperos e bebidas como cerveja e whisky, entre outros muito comuns na dieta diária.
No entanto, não é só o celíaco que se beneficia ao não ingerir produtos que contenham glúten. Pesquisas sugerem que a ingestão freqüente de grandes quantidades da proteína por pessoas hipersensíveis afeta a função normal do cérebro e pode causar sintomas imunológicos e intestinais.
A nutricionista explica que esses sintomas, quando não são imediatos, podem se manifestar até quatro dias depois da ingestão do alimento, e de maneira crônica. “Os mais comuns relacionados ao glúten são constipação intestinal, rinite, asma, artrite, prurido, bruxismo, dermatite, acne, além de alterações de humor, ansiedade, depressão e síndrome do pânico. Por se manifestarem de um a quatro dias após a ingestão do alimento, torna-se difícil para a maioria relacionar qual alimento ocasionou o sintoma”, conta ela, “por isso a necessidade de reparar e se possível anotar como nosso corpo responde após a ingestão dos alimentos”. No caso do glúten, um grande número de pessoas observa que os sintomas são atenuados e até desaparecem com a retirada do alimento alergênico.
A profissional sugere uma dieta sem glúten para pessoas que não são celíacas, para verificar se a exclusão do glúten da alimentação proporciona melhoria nos sinais e sintomas apresentados. “Vale lembrar que não é uma dieta com a finalidade de perda de peso, mas que o mesmo pode acontecer devido ao melhor funcionamento do organismo sem a exposição ao alimento alergênico”, esclarece a nutricionista. O glúten não é um nutriente essencial para a saúde e a sua retirada da dieta não causa prejuízos, o que gerou um aumento na procura por alimentos sem glúten nas prateleiras.
Em pessoas que não são celíacas, mas que apresentam problemas de constipação, flatulência, artrite, coceiras pelo corpo, enxaquecas, alterações de humor e ansiedade e que ingerem glúten com freqüência, a sugestão é restringir o consumo desses alimentos para observar se há melhora dos sintomas.
A restrição ao glúten deve ser feita pelo período de duas semanas a 40 dias. Nesse período, não se deve ingerir qualquer alimento que contenha glúten em sua formulação.
Após o período de exclusão, o glúten deve ser reintroduzido na dieta, em três refeições, num mesmo dia. Depois, volta-se a excluir o glúten da dieta e observa-se se nos quatro próximos dias os sintomas indesejados se manifestam novamente. Se for identificada a melhora nos sintomas, a sugestão é persistir na dieta sem glúten ou, no máximo, fazer a ingestão de alimentos com glúten uma vez a cada 4 dias.
Durante o período de exclusão, trigo, aveia, centeio e cevada podem ser substituídos por arroz integral, trigo sarraceno, quinua, amaranto, soja, milho e tapioca, além de tubérculos como a batata, batata doce, mandioca e inhame.