Alergia à proteína do leite de vaca é mais comum do que se pensa

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Foto: Corbis

Estima-se que um em cada 20 bebês seja vítima da alergia à(s) proteína(s) do leite de vaca. Mas o que é essa doença e como tratá-la? Trata-se de uma reação às proteínas presentes no leite e seus derivados. Isso ocorre porque o intestino dos bebês é imaturo e a ingestão dessas proteínas pode iniciar um processo inflamatório no aparelho digestivo. Na maioria dos casos, tudo isso desaparece até os dois anos de idade, porém, até lá, uma série de cuidados devem ser tomados para evitar prejuízos ao desenvolvimento da criança.

Segundo a Associação Brasileira de Alergia e Imunopatologia (ASBAI), as reações a alimentos de causas alérgicas acometem de 6% a 8% das crianças com menos de três anos. O problema geralmente surge após o término da amamentação exclusiva, quando os bebês entram em contato com outros tipos de alimentos, sendo que a alergia ao leite de vaca é uma das mais comuns. Os sintomas e a oferta de dieta inadequada podem provocar baixo peso e estatura, e essa desnutrição pode comprometer até mesmo o desenvolvimento intelectual. Apesar da alta incidência, a detecção da doença é difícil. Isso porque os sintomas mais freqüentes – diarréia, prisão de ventre, irritabilidade, cólicas, refluxo, vômito, vermelhidão na pele, perda de peso e chiado – são comuns a outras patologias da infância. A similaridade de sintomas torna remota a suspeita da doença.

“Para fazer o diagnóstico, é preciso um trabalho de observação conjunta do médico, da família e de todas as pessoas que lidam diretamente com a criança, seja em casa, no berçário ou na escola”, explica o pediatra do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP, Ary Lopes Cardoso, especialista no tratamento de alergia à proteína do leite. De acordo com o médico, o protocolo que se adota é o de exclusão do leite de vaca e seus derivados da dieta do bebê por algumas semanas. Após isso é feito a provocação, com a reintrodução desses alimentos. Se a criança novamente apresentar reação, a dieta isenta de leite e derivados continuará. Esse processo será repetido até que a criança passe a tolerar esses alimentos, ou não apresentar mais a reação.

“A demora no diagnóstico pode gerar problemas diversos, entre os quais se destaca o comprometimento do peso e da estatura”, alerta o especialista. “É preciso considerar também que não é fácil retirar o leite da dieta, pois é ingrediente presente em vários produtos industrializados como biscoitos, sopas, cremes. É preciso um trabalho de conscientização bastante rigoroso que inclui checagem periódica de rótulos e atenção para a oferta de alimentos”, reforça o médico.

O pediatra Ary Lopes Cardoso também alerta para a inexistência de um medicamento que efetivamente cure a alergia ao leite de vaca. “Pode-se receitar paliativos para amenizar os sintomas, mas as reações alérgicas só desaparecem em definitivo após a exclusão do alimento que causa a alergia”, avisa.

Como forma de prevenção e tratamento, o especialista sugere prolongar ao máximo o aleitamento materno. A conduta reduz significativamente a incidência de alergia às proteínas do leite de vaca durante os primeiros 18 meses de vida. Em seguida, a indicação é a de substituir o leite de vaca por produtos específicos, capazes de reduzir o impacto nutricional causado pela eliminação do alimento da dieta. “O mercado oferece vários produtos que substituem o leite de vaca com segurança”. Por exemplo, podem-se utilizar as denominadas fórmulas de proteína extensamente hidrolisada, ou seja, uma fórmula cuja proteína foi “quebrada” em pequenos pedaços, reduzindo com isso a alergenicidade do produto, que costuma ter boa resposta em até 90% das crianças. Existem também as formulas de aminoácidos, cujo resultado é em 100% dos casos. Estas são as únicas que podem se denominar como não alergênicas porque aquilo que seria a fração protéica na verdade são aminoácidos adicionados um a um no produto. Com uma composição nutricionalmente balanceada, esses produtos oferecem o aporte necessário de proteínas, vitaminas e minerais para o desenvolvimento sadio dos bebês.

“É importante conscientizar as mães que a alergia ao leite de vaca quando não adequadamente tratada pode levar a criança a ter problemas graves no seu desenvolvimento. A cura é obtida por aproximadamente 90 a 95% das crianças e depende da adesão ao tratamento, ou seja, fazer a exclusão do leite e derivados da dieta. É fundamental que a família seja orientada por um médico que tenha familiaridade com o assunto, para que a prescrição seja mais objetiva e não comprometa o desenvolvimento da criança”, conclui.

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