Células-tronco: cientistas trabalham para criar uma ‘terceira dentição’

43aA perda de um dente compromete bastante a saúde oral. No Brasil, a necessidade de algum tipo de prótese surge ainda na adolescência – entre 15 e 19 anos. Mais recentemente, a Odontologia passou a explorar as possibilidades da engenharia tecidual na reparação e regeneração de estruturas dentais. De acordo com Luciano Casagrande, cirurgião-dentista que vai ministrar o curso “Células-tronco em Odontologia” durante o 33º CIOSP (Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo), que acontece entre 22 e 25 de janeiro, estudos estão em andamento e são muito promissores, já que existem células-tronco na polpa dos dentes permanentes e até mesmo nos decíduos (dentes de leite).

“As células-tronco pulpares têm uma característica muito especial de autorrenovação, bem como uma grande capacidade de diferenciação e proliferação. Isso, no futuro, pode possibilitar sua utilização em inúmeros procedimentos odontológicos, visando recuperar a qualidade da saúde bucal do paciente. Nesse sentido, pesquisas também têm apontado para a capacidade de as células-tronco gerarem estruturas semelhantes a dentes e outros tecidos bucais”, diz Casagrande – reforçando que vários são os fatores que levam à perda dos dentes. “Hábitos deletérios (como ficar mordendo a caneta ou abrir tudo com ajuda dos dentes), defeitos genéticos, anomalias congênitas ou, ainda, perdas precoces por trauma, cárie ou doença periodontal costumam necessitar de próteses. Embora seguras, nada é mais bem aceito pelo organismo do que células do próprio paciente, que não oferecem qualquer risco de rejeição”.

No Brasil, por enquanto, somente é permitido o armazenamento de células-tronco originadas do sangue do cordão umbilical e placentário – procedimento regulamentado pela ANVISA. Trata-se de uma fonte rica de células-tronco hematopoiéticas, que podem ser utilizadas nos transplantes de medula óssea. Essas células são separadas, quantificadas, processadas e armazenadas a -196°C até sua aplicação. Vale dizer que as células-tronco pós-natais têm sido até mais utilizadas pela engenharia tecidual, já que podem ser facilmente isoladas e caracterizadas. “Essas células parecem apresentar uma ‘memória’ do tecido de origem. Sendo assim, as células-tronco da polpa dentária têm maior capacidade de se diferenciar em tecidos como polpa, dentina e osso alveolar”, diz Casagrande.

O cirurgião-dentista explica que, em Odontologia, há cinco meios de obtenção das células-tronco: a partir da polpa dentária, dos dentes de leite esfoliados, do ligamento periodontal (que liga o dente ao osso), das células progenitoras do folículo dentário e da papila apical (tecido que fica embaixo da raiz, quando o dente está se formando). “As células-tronco obtidas a partir da polpa dos dentes permanentes foram as primeiras a serem isoladas e, portanto, há mais estudos comprovando seu potencial de regeneração de tecidos. Já as células do dente de leite são as que apresentam maior potencial de diferenciação osteogênica.”

Mas são as células-tronco obtidas a partir da papila apical que parecem ter condições de formar uma raiz completa, com polpa, dentina, cemento (tecido que recobre a superfície da raiz) e ligamento periodontal. “Apesar de tudo nos levar a crer que as células-tronco poderão resultar numa terceira dentição, ainda há um longo percurso a ser trilhado, tanto no âmbito da pesquisa e estudos clínicos, como nas questões relacionadas à legislação que regulamenta o uso de células-tronco na Odontologia”, conclui Casagrande.

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