Cirurgia cardíaca minimamente invasiva reduz risco e tempo de recuperação

Uma das cirurgias mais complicadas e de maior risco na medicina está ficando mais simples. Com a evolução dos procedimentos e da tecnologia, já é possível realizar cirurgias cardíacas minimamente invasivas, sem necessidade de abrir o osso esterno, no centro do tórax, e sem circulação extracorpórea. Nas cirurgias cardíacas convencionais, é necessário fazer uma incisão de 35 a 40 cm e parar o coração e os pulmões.

Mas a equipe de cirurgiões cardiovasculares formada por Paulo Brofman, Rodrigo Milani e Maximiliano Guimarães vem realizando no Hospital VITA Curitiba o novo procedimento com alto índice de sucesso. As principais aplicações da cirurgia cardíaca minimamente invasiva (CCMI) são na revascularização do miocárdio, popularmente conhecida como ponte de safena, em valvopatias, principalmente da válvula mitral, em algumas cardiopatias congênitas e, também, no tratamento cirúrgico de arritimias cardíacas (fibrilação atrial).

Ela pode, ainda, ser utilizada para instalação do marca-passo ressincronizador cardíaco – para tratamento de insuficiência cardíaca. “Nós avaliamos o paciente para saber se seu caso pode ser tratado com uma cirurgia minimamente invasiva”, explica Paulo Brofman, professor titular da PUC-PR e coordenador do Núcleo de Tecnologia Celular da PUC-PR. Apesar das restrições, a CCMI é um enorme avanço, já que cerca de 70% das cirurgias cardíacas são de revascularização do miocárdio.

Segundo Rodrigo Milani, cirurgião cardiovascular do Hospital VITA Curitiba e professor adjunto da PUC-PR, a maior vantagem da CCMI é o tempo de recuperação. “Em uma cirurgia convencional, o paciente leva uma média de 60 dias para retornar suas atividades normais. Enquanto que na minimamente invasiva, são aproximadamente 15 dias”, diz Milani. O paciente passa menos tempo na UTI e na internação, e esteticamente os resultados também são muito melhores.

Além disso, a dor é menor e não há riscos de instabilidade do tórax. “O aspecto psicológico também é muito importante”, diz Milani. “O paciente se sente menos invadido, o que faz com que ele tenha uma recuperação mais rápida”. A equipe já realizou cerca de 100 procedimentos minimamente invasivos.

Uma das pacientes que passaram pela cirurgia foi Roseane do Rocio Ferreira, de Campo Largo (PR). Há menos de um mês (18 de agosto de 2010) ela passou por uma CCMI para solucionar uma cardiopatia congênita, que já tinha ocasionado um enfisema pulmonar. “Estava fazendo um tratamento para pneumonia, quando descobri que tinha este problema, que é hereditário. Era um pequeno buraco do lado direito do coração”, explica.

Cinco dias após o procedimento, Roseane recebeu alta e atualmente realiza serviços domésticos e dirige. “Caso fizesse a cirurgia convencional, ela ainda demoraria pelo menos mais um mês para praticar essas atividades”, explica Rodrigo Milani.

Avanços

Os avanços mais importantes que possibilitaram a realizações de CCMIs foram: o desenvolvimento do toracoscópio, que permite a visualização do interior do tórax com câmera, a evolução da cirurgia sem utilização de circulação extracorpórea e o desenvolvimento de equipamentos de diagnóstico, que possibilitam visualizar as lesões. Além disso, a ampla experiência da equipe em cirurgias cardíacas (mais de 4.000 procedimentos convencionais) permitiu dominar os procedimentos da CCMI e oferecê-la aos pacientes brasileiros.

A cirurgia é realizada através de incisões de 5 a 8 cm nas regiões laterais do tórax para passagem dos instrumentos cirúrgicos, e, pelo menos, mais uma incisão menor, de 1 cm, para passagem do toracóscopio.

Esse tipo de procedimento dispensa a chamada esternotomia, que é o corte do osso esterno. Segundo Brofman, a tendência atual indica que o tratamento de problemas cardíacos será feito com uma intervenção cada vez menor no organismo do paciente. Ele já prevê um novo tipo de aplicação para CCMI: a implantação de válvula cardíaca por cateter ou pela ponta do coração. “Isso já começa a ser feito no Brasil, e esperamos oferecer esse serviço em Curitiba brevemente”, diz Brofman.

Circulação extracorpórea

O coração funciona o tempo todo, desde que nascemos. Mas como operar um órgão que está pulsando? Em muitas cirurgias cardíacas os médicos param o coração e pulmão do paciente, para a realização da cirurgia. Nesse período, tanto a circulação do sangue quanto sua oxigenação são feitas por aparelhos. É a chamada circulação extracorpórea. Depois que o procedimento é concluído, o coração e os pulmões voltam a funcionar.

O que é ponte de safena?

O infarto ocorre quando uma das artérias que irriga o coração “entope” e uma determinada área do órgão fica sem oxigênio e pode morrer. Os cirurgiões constroem então um “desvio” com um enxerto de artéria para que o coração volte a ser irrigado. Esse enxerto é feito com uma artéria do próprio paciente, que pode ser a artéria mamária, do tórax, ou a veia safena, da perna, daí o nome “ponte de safena”. O nome técnico da operação é revascularização do miocárdio.

Principais diferenças

Cirurgia Convencional

  • Incisão de 35 a 40 cm
  • Serra o osso esterno
  • Circulação extracorpórea
  • Coração e pulmão parados
  • A campo aberto

Cirurgia Minimamente Invasiva

  • Do lado 6 a 8 cm
  • Não precisa serrar
  • Sem circulação extracorpórea
  • Coração e pulmão funcionando normalmente
  • Videoassistida
Vida Equilíbrio

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