Pacientes com Lúpus podem ter uma vida normal

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Apesar de pouco conhecida, o Lúpus é uma doença inflamatória crônica que, cada vez mais, atinge um grupo maior de mulheres. Isso se deve, principalmente, pelas mudanças metabólicas que, muitas vezes, provocam sintomas que são confundidos com outras doenças, como as marcas avermelhadas, alterações na cor da pele, lesões cutâneas no rosto, antebraços e peito. De acordo com o reumatologista do Hospital Santa Cruz de Curitiba, Dr. Ciro Hélio Kessel, o Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) pode acometer múltiplos órgãos, além de apresentar alterações da resposta imunológica, com a presença de anticorpos dirigidos contra proteínas do próprio organismo. Ou seja: essa é uma doença onde as defesas do organismo atacam o próprio corpo.

“Existem três tipos de Lúpus: o Discóide, que atinge apenas a pele, o Sistêmico, que costuma ser mais grave que o tipo anterior e pode afetar quase todos os órgãos e sistemas, e o Induzido por Drogas, que é resultado do uso de alguns medicamentos ou drogas”, destaca o médico.

As manifestações mais frequentes do Lúpus são as lesões da pele (vermelhões na maçã do rosto e dorso do nariz, denominados de lesões vespertílio ou asa de borboleta); lesões discoides, que são bem delimitadas e mais profundas, deixando a área central com hipotrofia e podendo causar alterações na cor da pele (mais escuras ou claras).

“Outras lesões cutâneas, principalmente na face, antebraços e regiões do peito, podem aparecer e, frequentemente, pioram após tomar sol. As queixas articulares, como dor e inchaço, principalmente nas mãos, também são um sinal. Estas dores são transitórias e recidivas, ou seja, elas aparecem, somem e reaparecem novamente. Em alguns casos, o paciente pode ter inflamações nas membranas que recobrem o pulmão e o coração. Em cerca de 50% dos casos, acontece a inflamação dos rins e esta manifestação deve ser tratada precoce e adequadamente para evitar perda da função renal. A gravidade deste comprometimento é variável e, quando os exames clínicos e laboratoriais não permitem a avaliação adequada do caso, necessita-se fazer a biópsia renal”, explica Dr. Ciro.

Além destes sintomas, alterações no sangue, diminuição dos glóbulos vermelhos e brancos (anemia e leucopenia), dos linfócitos ou de plaquetas também podem acontecer. É comum o paciente ter febre sem ter infecções, emagrecer e sentir fraqueza no momento em que a doença está ativa.

“Um mesmo paciente pode ter o tratamento modificado, de acordo com cada episódio de atividade. Assim, os sintomas geralmente são tratados com antimaláricos, antiinflamatórios não hormonais e pequenas doses de cortisona. Cada um dos sintomas possui tratamento específico e deverá ser acompanhado por um especialista”, comenta Dr. Ciro.

O tratamento adequado, de acordo com Dr. Ciro Hélio Kessel, permite uma longa e produtiva vida para os pacientes. Uma das novidades no tratamento de LES é o fármaco Belimumabe, que é um anticorpo monoclonal humano, que inibe o estimulador de linfócitos, que ativa a célula B. “Este produto foi aprovado em março de 2011, nos EUA, para o tratamento de Lúpus, e está sob investigação para uso em outras doenças autoimunes. Fazia 56 anos que um medicamento para a doença não era aprovado pelo FDA americano. O medicamento parece ser promissor, porém, há necessidade de acompanhar os resultados, para não haver euforia precipitada. Seus principais efeitos colaterais são náuseas, diarreia e febre”, destaca.

Evitar fatores que podem levar o desencadeamento da atividade do Lúpus, como o sol e outras formas de radiação ultravioleta, tratar as infecções, evitar o uso de estrógenos e de drogas, evitar a gravidez em fase ativa da doença e evitar o estresse são algumas condutas importante que os pacientes devem tomar para manter uma melhor qualidade de vida.