Será que você está pronto para se submeter a uma plástica?

pinta na pele

Foto: Corbis

Fazer uma cirurgia plástica para corrigir aquele defeitinho que sempre incomodou é um sonho para muita gente, tanto que o Brasil é o recordista mundial em número de procedimentos, de acordo com dados da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica. Mas por mais que a vontade de mudar seja grande, muitas vezes as dúvidas quanto ao momento mais oportuno para operar e a apreensão em relação aos resultados podem funcionar como barreiras à decisão de levar o projeto adiante e se entregar ao bisturi. Problemas de autoestima, de identidade e outras questões psicológicas também são pontos que devem ser levados em conta na avaliação da hora certa de passar por uma cirurgia estética.

Alguns dos principais fatores que se costuma considerar na decisão de passar pela cirurgia plástica são a disponibilidade de tempo para recuperação pós-operatória, os riscos e o resultado desejado. No entanto, de acordo com o cirurgião plástico André Colaneri, existem outros quesitos de importância fundamental para que o procedimento seja bem sucedido. “Além de questões relativas à saúde do paciente e à minimização dos riscos, é essencial ter a certeza de que ele tem expectativas realistas de resultados e ciência das limitações técnicas da cirurgia, relativas, por exemplo, a fatores genéticos, para evitar decepções”, diz o médico.

Para que os riscos e obstáculos sejam bem compreendidos e assimilados pelos pacientes, é fundamental, então, que eles estejam conscientes dos seus problemas e bem preparados psicologicamente, tanto para decidir realmente pelo procedimento quanto para lidar bem com os resultados. “Não raro, pessoas com problemas de autoestima ou em crise de identidade, por exemplo, veem nas plásticas uma solução para sentimentos como inferioridade, rejeição e depressão. É uma tentativa de resolver conflitos mentais com alterações corporais, que, obviamente, não vai fazer efeito e certamente levará a decepções, não importando quão perfeita seja a aparência final”, diz a psicóloga Amanda Chammah, especialista em psicoterapia.

Cabe, portanto, ao cirurgião plástico fazer uma análise minuciosa do paciente para ver se ele está realmente apto a passar pela cirurgia, tanto física quanto psicologicamente. “Na consulta inicial, é necessária uma avaliação aprofundada, para verificar as reais motivações e expectativas de quem procura o procedimento, pois os resultados dependem desse diagnóstico. Assim como é preciso tratar questões de saúde antes da operação, se perceber que o paciente não está psicologicamente preparado o cirurgião deve indicar que ele procure auxílio de um psicoterapeuta, adiando a plástica para outro momento ou, até mesmo, não a realizando, se for o caso”, ressalta o Dr. Colaneri, que é membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica.

O que fazer para evitar problemas e decepções nas cirurgias

O primeiro ponto para uma operação bem sucedida e satisfatória, de acordo com o Dr. André Colaneri, é o paciente deixar claro para o cirurgião plástico como se sente, detalhando o que gostaria de mudar em sua aparência. É preciso que, ao final da consulta, ambos estejam certos de que houve uma compreensão mútua dos anseios e necessidades do paciente, pois caso isso não aconteça, corre-se o risco de que os resultados não atinjam os efeitos desejados. “Outra consideração importante é que a operação ocorra em um período no qual a pessoa não esteja se sentindo muito estressada, física ou emocionalmente, pois todo processo cirúrgico envolve um desgaste físico e mental, além das dificuldades habituais do cotidiano”, acrescenta o médico.

A psicóloga Amanda Chammah ressalta, ainda, que, para ter certeza de que a pessoa está emocionalmente preparada para passar pela cirurgia, é importante considerar também algumas questões pessoais, como estilo de vida, trabalho e relacionamentos. “São fatores que, em harmonia, contribuem para que o período de recuperação pós-operatória seja mais agradável”, conclui.

Perfis mais comuns dos pacientes de cirurgias plásticas

Com base em sua experiência nos consultórios, a psicóloga Amanda Chammah e o cirurgião plástico André Colaneri elaboraram uma lista com os principais perfis dos pacientes interessados em cirurgias plásticas. Compreendendo as características de cada um, é possível analisar as razões da procura pelas modificações físicas e a aptidão a passar por um procedimento. Confira:

EQUILIBRADO- Busca o consultório com uma queixa estética comum, com ambições de resultados compatíveis com a realidade e sem tentar mudar a genética. A ansiedade em relação aos efeitos é comum, assim como a insegurança, mas o paciente com esse perfil geralmente fica bastante satisfeito com o resultado da operação.

EXAGERADAMENTE PERFECCIONISTA – Recorre às cirurgias para a correção de defeitos mínimos, dificilmente percebidos por pessoas não treinadas (cirurgiões plásticos). É comum levarem fotos e até desenharem o que pretendem mudar. Esse paciente deve ser exaustivamente orientado sobre o resultado possível – e não o pretendido -, as dificuldades técnicas e as limitações impostas pela genética, como a pele espessa ou muito flácida. Eles devem ser desencorajados a procurar um resultado ideal, mas sim a melhora da aparência+, que até pode chegar ao ideal, mas não deve tê-lo como foco.

ETERNAMENTE INSATISFEITO – Já passou por diversas cirurgias plásticas, mas não ficou satisfeito com nenhuma delas, sempre questionando os resultados, mesmo aqueles aparentemente bons. Quando procura o cirurgião pela primeira vez, queixa-se de um problema super valorizado, dando uma dimensão não visualizada na consulta. Com o aprofundamento da conversa, é frequente a busca da resolução de um problema não físico através da cirurgia, como relacionamento ruim com o cônjuge, vida sexual insatisfatória, depressão, etc. Por causa disso, nunca ficará satisfeito com qualquer procedimento, por mais perfeito que seja. Deve ser orientado sobre o fato de que a cirurgia não mudará sua vida pessoal, não sendo operado de imediato, mas sim encorajado a procurar acompanhamento psicológico.

COM DISTÚRBIO DE AUTO-IMAGEM – Queixa-se de um defeito inexistente, vendo excesso de pele e gordura onde não existem. Muitas vezes faz cirurgias para a correção, mas continua a queixar-se do mesmo problema. Esta alteração é comum em ex-obesos que foram submetidos a cirurgias bariátricas e emagreceram muito. Mesmo depois de perderem peso e até de algumas plásticas, ainda se sentem gordos, devido à auto-imagem de obesidade que carregaram durante anos. O cirurgião deve, então, ter uma conversa franca, para mostrar que o defeito não existe e aconselhar a procura por aconselhamento psicológico, pois nenhuma cirurgia é capaz de corrigir esse problema.

EM CRISE DE IDENTIDADE – É aquele que quer ficar parecido com atores e outras pessoas públicas, costumando levar fotos para mostrar como querem que fique a parte do corpo a ser operada. Sofre influência dos padrões impostos pela sociedade, que o atingem na busca pelo bem-estar e por ser notado e bem aceito. Geralmente queixa-se de mais de um problema, e chega a trazer fotos de pessoas totalmente diferentes dele, até mesmo em termos raciais. Na maioria das vezes são jovens que querem ter outra “cara”, pois têm
problemas de auto-estima e sentimentos de rejeição. Esse tipo de paciente nunca deve ser operado, pois espera resultados impossíveis.

COM DESEJO DE AGRADAR – Busca fazer plástica para agradar aos pais ou ao companheiro, sendo também contraindicado para se submeter a uma cirurgia estética.

Vida Equilíbrio

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Quando em excesso, qualquer coisa faz mal. Por isso sempre dizemos que equilíbrio é a palavra chave. Nós, do Vida Equilíbrio, queremos informar a melhor maneira de atingir o equilíbrio entre corpo, mente e alma. Dicas de saúde e bem-estar estão aqui para te ajudar a levar uma vida mais equilibrada e feliz.

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