29 de agosto: Dia Nacional de Combate ao Fumo

De acordo com informações do Inca (Instituto Nacional de Câncer), a fumaça do cigarro contém cerca de 4.720 substâncias tóxicas, incluindo arsênico, amônia, monóxido de carbono, além de substâncias cancerígenas, corantes e agrotóxicos em altas concentrações. Isso faz com que o tabagismo seja responsável por aproximadamente 50 tipos diferentes de doenças, como cardiovasculares, respiratórias, diversos tipos de câncer, impotência no homem, infertilidade na mulher, osteoporose, catarata, entre outras.

E mais: dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que o tabagismo é a principal causa de morte evitável no mundo. Pesquisa divulgada pela mesma instituição aponta que mais de 5,6 milhões de pessoas morrem por ano devido aos males do tabaco, sendo 600 mil fumantes passivos, ou seja, aqueles que não fumam, mas estão sujeitos à fumaça do cigarro.
Portanto, o Dia Nacional de Combate ao Fumo, que acontece nesta quinta-feira, 29 de agosto, é uma oportunidade de conscientizar a população sobre os males causados pelo fumo. “Mesmo com toda a divulgação dos malefícios da fumaça, a criação de leis rígidas que proíbem a emissão em locais fechados e restringem a propaganda de cigarro em pontos de venda, além do aumento na taxação do produto, ainda é preciso maior conscientização por parte da população”, afirma Dr. Alexandre Fonseca, médico oncologista da Oncomed BH.

Câncer de pulmão

Cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão diagnosticados no mundo estão associados ao tabagismo. A doença apresenta altas taxas de mortalidade com uma sobrevida média de cinco anos, que varia entre 13 e 21% em países desenvolvidos e entre 7 e 10% nos países em desenvolvimento. No Brasil, foi o tipo de câncer com maior mortalidade entre os homens e o segundo mais letal entre as mulheres nos últimos anos, com crescente aumento de sua incidência e dados estatísticos preocupantes. “O fator de risco mais importante para ocorrência do câncer de pulmão é o tabagismo. Outros fatores de risco tradicionalmente aceitos são: exposição ocupacional (asbestos, gás radônio, urânio, cromo, agentes alquilantes, entre outros), tabagismo passivo, história familiar de câncer de pulmão e neoplasia pulmonar prévia”, explica Dr. Alexandre.
É preciso considerar que os fumantes têm o risco 20 a 30 vezes maior de desenvolver a doença do que os não fumantes. “Este risco depende da quantidade de cigarros consumida, duração do hábito e idade em que se iniciou o tabagismo”, explica o médico.

A interrupção do hábito de fumar, em qualquer momento, implica na queda do risco de desenvolvimento do câncer de pulmão. “Essa redução de risco ocorre de maneira gradual e progressiva ao longo de 15 anos. Após esse período, o risco se estabiliza, permanecendo duas vezes maior para um fumante em comparação a um não fumante”, discorre Dr. Alexandre.
Nos últimos anos, com as campanhas governamentais e da sociedade civil em todo o mundo, tem-se observado uma diminuição significativa do tabagismo. No entanto, a população de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão permanece elevada, devido ao grande número de ex-fumantes. “Este cenário mostra que o câncer de pulmão continuará a ser um dos problemas de saúde pública nas próximas décadas mobilizando a sociedade médica em estudos de métodos de rastreamento ou screening para a detecção precoce da doença”, atesta o oncologista.
Apesar dos avanços no tratamento do câncer de pulmão nas últimas décadas, o prognóstico da doença , quando diagnosticado em fase avançada, permanece desfavorável. Neste sentido, a detecção da doença na fase inicial é essencial para que os pacientes apresentem uma maior chance de tratamento e cura.

Desde a década de 60, vários estudos têm sido realizados com o intuito de encontrar um método ou exame efetivo de rastreamento. O maior estudo realizado até o momento, publicado recentemente, National Lung Screening Trial (NLST), incluiu mais de 50.000 pacientes considerados de alto risco para o desenvolvimento desta neoplasia. Os pacientes foram divididos em dois grupos para realização de Tomografia de tórax (com baixa dosagem de radiação) ou Radiografia do tórax anualmente por um período de três anos. Como resultado do estudo, após um período de seguimento de aproximadamente 6,5 anos, observou-se uma redução do número de mortes por câncer de pulmão em torno de 20% com a realização da Tomografia de tórax. “Este foi o primeiro estudo a demonstrar a vantagem de realizar um exame de rastreamento para o diagnóstico precoce do câncer de pulmão. No entanto, o estudo apresenta criticas metodológicas e não sabemos ainda se essa estratégia é aplicável em nosso meio”, pontua Dr. Alexandre.
A Tomografia também é um exame não isento de riscos. Muitas dúvidas ainda existem com relação ao real benefício do rastreamento em câncer de pulmão.
Outros estudos de custo efetividade mostram que as campanhas que estimulam o abandono do tabagismo são de menor custo e a longo prazo podem promover uma redução importante do número de casos da doença.
Com as evidências científicas disponíveis até o momento, a maneira mais segura para prevenir a morte e as complicações pelo câncer de pulmão é a interrupção do tabagismo.

O cigarro e a fertilidade

Os efeitos negativos do cigarro podem causar também sérios efeitos na fertilidade. De acordo com o médico Dr. João Pedro Junqueira Caetano, diretor da Pró-Criar Medicina Reprodutiva, apesar de não representar uma causa direta, o cigarro pode ser considerado uma “toxina reprodutiva” que atrapalha a produção dos óvulos e espermatozoides.
“Nas mulheres, as substâncias do tabaco dificultam a produção do estrógeno, causa a diminuição na reserva ovariana, interfere no desenvolvimento dos óvulos, causa alterações genéticas, favorece os abortos espontâneos e antecipa a menopausa. Observamos na Pró-Criar, que mulheres fumantes têm menor taxa de sucesso e precisam, em média, do dobro de tentativas para conseguir uma gestação”, ressalta Dr. João Pedro Junqueira.
O médico destaca que nos homens os efeitos do tabaco também merecem atenção. Segundo ele, fatores como o número de cigarro por dia, tempo de tabagismo, nível de nicotina nos fluidos corporais, também se relacionam negativamente com a quantidade e qualidade dos espermatozoides. Além disso, os gametas masculinos dos fumantes têm sua capacidade de fertilização reduzida.

Redação Vida Equilíbrio

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