50% dos pacientes diagnosticados com sepse morrem no Brasil
A sepse, conhecida pelo público em geral como infecção generalizada, é uma resposta inflamatória do organismo causado por um agente infeccioso. Quando esse agente, que pode ser uma bactéria, um vírus, um fungo ou um parasita, leva a uma resposta inflamatória sistêmica (que atinge os órgãos) caracteriza-se o quadro de sepse. Estima-se que existam 400 mil casos por ano no país, sendo que 210 mil dessas pessoas acabam não resistindo e morrendo.
Num país como o nosso, com um sistema de saúde público deficiente e sem uma estrutura física de hospitais adequada, a demora em se fazer esse diagnóstico aumenta muito as chances de óbito desses pacientes. “A literatura médica tem evidências e dados que demostram que um diagnóstico e uma resposta rápida fazem a diferença na mortalidade dos pacientes com sepse; Além de diminuir a mortalidade, também diminuem o tempo de internação e os custos do tratamento”, explicou o Dr. Guilherme Schettino, gerente médico do departamento de pacientes graves do Hospital Israelita Albert Einstein.
A sepse pode ser o motivo principal da internação do paciente na UTI ou ela pode se desenvolver como uma complicação de algum tratamento que o paciente recebe enquanto está no hospital. Entretanto, a maior dificuldade em se fazer o diagnóstico está no fato de que sua apresentação inicial pode ser variada e nem todos os pacientes apresentam os sintomas característicos da doença. “O profissional precisa ter um alto nível de suspeita, para que se pense na sepse em todas as situações e em todas as suas apresentações possíveis. Mesmo que, depois, durante o acompanhamento do paciente, esse diagnóstico seja excluído”, complementou o médico.
O ideal é que todos os hospitais desenvolvam protocolos de atendimento para estarem preparados para identificar precocemente o paciente que chega com sepse, através de exames clínicos e laboratoriais, e para terem agilidade no início deste tratamento. Geralmente, essa preparação precisa ser feita principalmente nas áreas de pronto atendimento, que é geralmente por onde chegam essas pessoas. Entretanto, também deve se estender para as outras áreas do hospital como UTIs, unidades de internação etc. Esse protocolo é conhecido como pacote de primeira hora.
Como a realidade brasileira é muito diversificada, a identificação da sepse muitas vezes não alcança esta meta e o início de seu tratamento acaba sendo retardado. Por conta disso, muitos hospitais utilizam como meta um pacote de três horas para identificar e dar início ao tratamento e de seis para sua continuação e a estabilização do paciente. “É comprovado que a eficácia do tratamento depende do tempo de início da antibioticoterapia. Quanto mais rapidamente ela é iniciada, menores são as taxas de mortalidade”, explicou o Dr. Schettino.
Às vezes, o paciente pode desenvolver a sepse durante seu período de internação e, em alguns casos, além do tratamento, também é necessário fazer a retirada do foco infeccioso. “Por exemplo, para administrar medicamentos é necessário utilizar um cateter que, se não tiver uma boa manutenção, pode infectar, se tornando um foco. Então, nesse tipo de caso, é preciso fazer sua remoção o mais rápido possível”, disse o médico.