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É já na maternidade que a mãe deve ser orientada sobre como vencer as dificuldades iniciais do aleitamento para manter a lactação e sobretudo criar uma rotina com a criança para que ela se acostume com a amamentação e não recuse o leite materno. “É preciso que toda unidade hospitalar que ofereça serviços de maternidade e de cuidados para os recém-nascidos tenha uma política de aleitamento, com uma equipe treinada e capaz de dar à gestante todas as informações necessárias sobre o ato de amamentar”, afirma o Dr. Moises. Para promover uma boa amamentação, que seja proveitosa para a criança e para a mãe, devem ser considerados vários aspectos que não dependem, apenas, de um do envolvidos. “Todos devem assumir as responsabilidades: a mãe, a família, o pediatra, a sociedade e, por incrível que pareça, até o bebê”, explica o médico. A baixa produção de leite, a rachadura do bico do seio com sangramento e a mastite – a inflamação das glândulas da mama que pode ser causada pelo acúmulo de leite principalmente na primeira gestação – são alguns dos problemas comuns no início do processo de aleitamento que precisam ser entendidos pelas mães para serem superados. Segundo o Dr. Moises Chencinski, muitos fatores podem ser determinantes na produção e oferta do leite materno. Estresse, alimentação inadequada, ingestão insuficiente de líquidos, sono inapropriado são algumas das condições gerais da vida da mamãe que podem interferir nesse processo. “Evite-os, sempre que possível. O estresse, por exemplo, pode diminuir ou até acabar com a produção do leite, que é definida por hormônios do sistema nervoso central”.
Como o bebê nesses primeiros meses ainda está em fase de adaptação, seus horários não estão regularizados. O bebê tem necessidade de mamar à noite e para quem não está habituado a interromper seu sono, acordar 2 vezes à noite e ficar de 30 a 60 minutos amamentando pode ser uma tarefa difícil. “É importante que a mamãe se recupere, dormindo e descansando enquanto o bebê também estiver dormindo e descansando”.
O bebê precisa aprender a pegar o seio materno de forma adequada para que a sucção seja eficiente. Não adianta abocanhar apenas o mamilo. Assim ele apenas “morde” e não suga. Para uma “pega” adequada, o bebê precisa cobrir toda a aréola mamária (2 cm além do mamilo). A pressão exercida pela sucção será suficiente e eficaz para trazer o bico para o interior da sua boca, aumentando em 2 a 3 vezes o seu tamanho. Instintivamente ele aprende os movimentos de língua e mandíbula que fazem com que o leite esguiche diretamente na garganta. “O pequenino precisa participar ativamente do ato de amamentar. Afinal de contas, é a sucção correta que estimula os hormônios femininos a atuar sobre a musculatura lisa que reveste os ductos mamários, favorecendo a saída do leite materno”, explica o especialista.
O hábito de “chupetar” o bico do seio deve ser evitado a todo custo, pois favorece o aparecimento de rachaduras. Para prevenir isso, coloque o seu filho em uma posição confortável e estimule-o a esvaziar um peito totalmente antes de oferecer o outro. Dessa forma, a lactação pode se manter por vários meses ainda. Se o bebê se cansa com facilidade, chame-o pelo nome e faça intervalos entre a mamada de cada peito. Ao sugar 15 minutos, ele poderá ser colocado no ombro para descansar e arrotar. Se ele se satisfez na mamada com apenas um dos seios, na mamada seguinte ofereça o outro, mas, sempre que possível, ofereça os dois seios em cada mamada.
Sugar é instintivo, acalma e dá prazer ao pequeno. Crianças com necessidades orais satisfeitas dificilmente aceitam a chupeta. O apetrecho, portanto, deve ser evitado, pois com o crescimento pode evoluir para formas desagradáveis de deglutição não nutritiva, como roer unhas, morder a extremidade do lápis, sugar o lábio ou a língua. O mesmo vale para a mamadeira. Além disso, o mecanismo de sucção desses bicos artificiais é bem diferente da técnica da ordenha, que promove o crescimento e o posicionamento correto da mandíbula, do palato, da língua e da musculatura da face, possibilitando boa deglutição e respiração e preparando a criança para a mastigação no futuro.
Para que seu filho se acostume com a amamentação mantenha uma rotina. Procure um local agradável e confortável para amamentar. Cada bebê tem seu ritmo de mamar. Com o tempo, o seu leite sai mais fácil e ele suga mais forte, o que faz a duração da mamada ser menor. Mantenha um intervalo entre 2 e 4 horas nos primeiros 2 a 3 meses e depois de 3 a 4 horas durante o dia.
A campanha Mundial de amamentação vai durar uma semana e vai destacar os Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno/Iniciativa Hospital Amigo da Criança:
“Amamentação deve ser um ato de carinho, não de cobrança. Deve transmitir amor, não culpa. Deve transmitir prazer, não dor. Deve ser estimulada, não imposta”, conclui o especialista.