Artrite reumatóide aumenta o risco de fraturas em mulheres jovens

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Foto: Corbis

Pesquisas têm ligado a artrite reumatóide – doença auto-imune debilitante que pode causar inchaço das articulações – com o aumento do risco de osteoporose e de perda óssea acelerada.

De fato, pessoas com mais de 50 anos com a condição são mais propensas a fraturar um osso numa queda ou até mesmo num acesso de tosse. “No entanto, até pouco tempo atrás, não sabíamos que a artrite reumatóide também impacta a saúde óssea dos pacientes mais jovens, muitos dos quais apresentam os sintomas da doença aos 25 anos de idade”, observa o reumatologista Sérgio Bontempi Lanzotti, que dirige o Iredo, Instituto de Reumatologia e Doenças Osteoarticulares.

Um novo estudo, conduzido por pesquisadores da Clínica Mayo, com mais de 2.300 adultos, revelou que mulheres com menos de 50 anos de idade que têm artrite reumatóide apresentam mais riscos para fraturas do que aquelas sem a doença. Os homens na mesma faixa etária também apresentam risco de fraturas, mas este risco não aumenta até que eles envelheçam.

Em síntese, o que a reumatologista da Clínica Mayo, Shreyasee Amin, percebeu foi que as mulheres mais jovens têm um risco aumentado de fraturas. E que este risco se apresenta bem antes dos 50 anos. “À medida em que envelhecemos, nossos ossos tornam-se mais frágeis, mas as mulheres que apresentam artrite reumatóide podem estar em risco particularmente mais elevado, à medida em que envelhecem”, explica a médica.

Risco duplo

São muitos os estudos que constatam um aumento do risco de perda óssea e de fraturas em pacientes com artrite reumatóide. “Pessoas com artrite reumatóide têm um risco aumentado para a osteoporose, por muitas razões. Para começar, os medicamentos a base de glicocorticóides, muitas vezes, prescritos para o tratamento da artrite reumatóide podem provocar uma perda óssea significativa. Além disso, a dor e a perda da função articular causadas pela doença podem resultar em inatividade, aumentando ainda mais o risco de osteoporose”, explica o diretor do Iredo.

A perda óssea provocada pela artrite reumatóide pode ocorrer também como resultado direto da doença. Esta perda óssea é mais pronunciada nas áreas imediatamente ao redor das articulações afetadas. “Preocupante é o fato de que as mulheres, um grupo já em maior risco para a osteoporose, são também duas a três vezes mais propensas que os homens a sofrer com artrite reumatóide ”, destaca Lanzotti.
O estudo da Clínica Mayo reforça a necessidade premente de que as pacientes com artrite reumatóide, incluindo as mais jovens, cuidem melhor de sua saúde óssea. “Diante de uma condição crônica, como a artrite reumatóide, é preciso minimizar os fatores de risco que podem estar contribuindo para o aparecimento da osteoporose e da perda óssea acelerada. Por exemplo, se a paciente é fumante, deve parar de fumar, se é sedentária, deve começar a se exercitar, se a sua dieta não contempla níveis apropriados de vitamina D e cálcio, é preciso buscar a ajuda de um nutricionista”, recomenda o diretor do Iredo.

Estratégias de gerenciamento da osteoporose em pacientes com artrite reumatóide

“As estratégias para prevenção e tratamento da osteoporose em pessoas com artrite reumatóide não são significativamente diferentes das estratégias para aqueles que não têm a doença”, diz Sérgio Lanzotti.

Veja a seguir, o que o médico destaca como relevante:

  • Nutrição: uma dieta bem equilibrada, rica em cálcio e vitamina D é importante para ossos saudáveis. Boas fontes de cálcio incluem produtos de baixo teor de gordura, vegetais verde escuro, legumes e alimentos enriquecidos com cálcio e bebidas. “Suplementos podem garantir que você obtenha a quantidade adequada de cálcio por dia, especialmente em pessoas com alergia ao leite comprovada. O Institute of Medicine recomenda uma ingestão diária de cálcio de 1000 mg (miligramas) para homens e mulheres com até 50 anos de idade. Mulheres acima de 50 anos e homens com mais de 70 anos devem aumentar sua ingestão para 1.200 mg por dia”, recomenda o médico. A vitamina D desempenha um papel importante na absorção do cálcio e na saúde óssea. Alimentos fontes de vitamina D incluem gema de ovo, peixes de água salgada e fígado. Muitas pessoas, especialmente as mais idosas, podem precisar de suplementos de vitamina D para atingir a ingestão recomendada de 600 a 800 UI (Unidades Internacionais) por dia;
  • Exercício: assim como os músculos, os ossos são um tecido vivo que respondem aos exercícios físicos, tornando-se mais fortes. “A melhor atividade para manter a sua saúde óssea são exercícios de peso-rolamento, que obrigam a pessoa a trabalhar contra a gravidade. Alguns exemplos incluem caminhar, subir escadas, musculação e dança”, diz Sérgio Lanzotti. O exercício pode ser um desafio para pessoas com artrite reumatóide, por isto ele precisa ser equilibrado, bem dosado, pois faz parte do tratamento da doença. Exercícios regulares como as caminhadas podem ajudar a prevenir a perda óssea. Exercícios que trabalham o equilíbrio melhoram a flexibilidade e podem reduzir a probabilidade de quedas e fraturas;
  • Estilo de vida saudável: o tabagismo faz mal para a saúde óssea, bem como para o coração e os pulmões. Mulheres que fumam tendem a entrar na menopausa mais cedo, o que acarreta em perda de massa óssea mais cedo também. Além disso, os fumantes podem absorver menos cálcio em suas dietas. “O álcool também pode ter um efeito negativo na saúde dos ossos. Aqueles que bebem muito são mais propensos à perda óssea e à fraturas”, observa o reumatologista;
  • Exame de densitometria óssea: o exame mede a densidade óssea em várias partes do corpo. É um teste seguro e indolor que pode detectar a osteoporose, antes mesmo que uma fratura ocorra. Pode também prever as chances de fraturas no futuro. “O teste de densidade mineral óssea pode ajudar a determinar se a medicação deve ser considerada. Pacientes com artrite reumatóide, particularmente aqueles que usam a terapia de glicocorticóides por 2 meses ou mais, devem conversar com seus médicos sobre se um teste de densidade óssea é necessário”,recomenda Lanzotti;
  • Medicação: assim como a artrite reumatóide, a osteoporose não tem cura. No entanto, medicamentos seguros estão disponíveis para prevenir e tratar as duas doenças. “Para pacientes com artrite reumatóide que têm ou estão em risco de osteoporose induzida por glucocorticóides, existem medicamentos muito seguros hoje em dia. É preciso conversar com um reumatologista para descobrir o mais indicado para cada paciente”, defende Sérgio Bontempi Lanzotti.
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