Bexiga hiperativa e Esclerose Múltipla: como melhorar a qualidade de vida

A Esclerose múltipla é a desordem neurológica mais freqüente na população entre os 20 e os 45 anos. Acomete duas vezes mais mulheres que homens, sendo que na população norte-americana chega a acometer 1 para cada 1000 pessoas. Sua causa está relacionada a um ataque auto-imune ao sistema neurológico, o que acarreta retardo na condução dos impulsos nervosos.

O paciente cursa com períodos de agudização e remissão dos sintomas. As manifestações clínicas são variadas com envolvimento dos movimentos, da marcha, visão e do funcionamento do aparelho urinário. Sintomas urinários ocorrem em até 90% dos portadores de esclerose múltipla em algum momento do curso da doença.

De acordo com levantamento feito pelo Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade de Leicester, no Reino Unido, em mulheres com idade igual ou superior a 40 anos, o risco dessa disfunção chega a ser sete vezes maior em portadores de esclerose múltipla do que em indivíduos sem a doença. A hiperatividade vesical é uma das manifestações mais usuais da esclerose múltipla.

Para que haja um funcionamento normal do aparelho urinário é necessário que haja integridade do sistema nervoso que o supre. Além de ações automáticas, o controle da micção depende de comandos voluntários, sendo que na fase de armazenamento da urina, em condições fisiológicas, a bexiga permanece em repouso.

A hiperatividade da bexiga é a ocorrência de contrações involuntárias deste órgão, o que leva a uma sensação súbita e incoercível de urinar (urgência miccional), redução do intervalo de tempo entre as micções e em muitos casos à incontinência urinária (perda involuntária de urina). O quadro clínico urinário é a manifestação inicial da esclerose múltipla para 2 a 15% dos casos. Com o passar do tempo da doença, os sintomas urinários tornam-se progressivamente mais frequentes.

Em alguns casos, há uma contração simultânea da bexiga e do esfíncter uretral (músculo que controla a saída de urina) e isso acarreta um esvaziamento vesical incompleto. A presença de um resíduo urinário favorece o desenvolvimento de infecções urinárias, o que pode ser ainda mais complexo em um grupo de pacientes que recebe imunossupressores como parte do tratamento da esclerose múltipla.

A incontinência urinária é, indiscutivelmente, a manifestação clínica de maior impacto social para o portador de esclerose múltipla. Restringe suas atividades profissionais e inclusive o relacionamento sexual. O receio de perda de urina e o transtorno provocado pelo intenso odor da urina fazem com que além da limitação imposta pela doença por si, os problemas urinários limitem ainda mais o cotidiano deste grupo de pessoas.

Nem sempre os sintomas urinários são reconhecidos e valorizados pelos profissionais da saúde, envolvidos no tratamento de pessoas com esclerose múltipla. A atenção fica voltada para a desordem neurológica primária e suas manifestações urinárias ficam renegadas a um segundo plano. Um grande número de portadores de esclerose múltipla terá suas atividades limitadas de modo mais intenso pelos transtornos urinários do que pela doença em si.

Até 70% dos pacientes com esclerose múltipla que não foram submetidos a uma investigação adequada urológica são tratados de modo inadequado. A grande variedade de manifestações clínicas impõe a necessidade de um tratamento individualizado para cada caso.

O objetivo terapêutico primário dos distúrbios urológicos nesta população é proteger o funcionamento renal, preservar a integridade do trato urinário inferior (bexiga e uretra), restabelecer a continência urinária e reduzir a ocorrência de infecções urinárias, com a promoção de um melhor esvaziamento vesical.

Para tal, uma série de medidas podem ser adotadas, como treinamento vesical, terapia comportamental, cateterismo vesical intermitente, administração de medicações orais e injetáveis e em casos selecionados, intervenções cirúrgicas mais complexas.

Os medicamentos orais mais utilizados pertencem à classe dos anticolinérgicos. São as drogas de primeira escolha para tratamento da hiperatividade vesical. Seus efeitos nem sempre são plenamente satisfatórios. Este fato associado a eventos adversos frequentemente observados, como a sensação de boca seca e obstipação intestinal, fazem com que muitos pacientes abandonem o tratamento após poucos meses de uso.

O caráter evolutivo da doença e o prognóstico muitas vezes mais reservado limitam as abordagens cirúrgicas a grupos específicos. Recentemente surgiu a opção de tratamento da bexiga hiperativa com aplicação de toxina botulínica diretamente na parede da bexiga.

O tratamento considerado minimamente invasivo apresenta resultados muito favoráveis em portadores de esclerose múltipla e já figura como uma das principais ferramentas a ser utilizada para este grupo de pessoas.

A retomada da continência urinária total ocorre em mais de 70% dos tratados. A melhora não fica restrita às condições clínicas, mas à qualidade de vida geral. A possibilidade de retomada de atividades sociais e profissionais acarreta benefícios imensuráveis frente a uma doença de caráter progressivo e debilitante.

Vida Equilíbrio

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