Câncer de cabeça e pescoço

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A associação dos hábitos de beber e fumar multiplica em até 20 vezes a chance de uma pessoa saudável desenvolver algum tipo de câncer de cabeça e pescoço, segundo a Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço (SBCCP).

Estudos epidemiológicos demonstram que a exposição ao tabaco e ao álcool são os principais fatores causais associados ao desenvolvimento do carcinoma espinocelular, que é o tumor mais frequente (cerca de 90% dos casos) do trato aerodigestivo superior.

Entre os sintomas preocupantes estão nódulo persistente no pescoço, lesão na boca e rouquidão prolongada. Tais manifestações servem de alerta para a procura com urgência de um médico especialista, já que podem ser indicativos da doença.

“Todo nódulo persistente no pescoço pode ser câncer, principalmente quando não desaparece espontaneamente em até 21 dias, é endurecido e cresce progressivamente”, explica o cirurgião Rogério Dedivitis, presidente da SBCCP.

Segundo ele, também é recomendável procurar um cirurgião de cabeça e pescoço quando houver uma lesão na boca que não cicatriza espontaneamente em até 21 dias, bem como em caso de rouquidão por mais de três semanas, em especial em fumantes e consumidores frequentes de bebidas alcóolicas.

Apesar de a maioria das pessoas que desenvolve câncer de cabeça e pescoço ter o hábito de fumar e beber com frequência, há casos, em menor proporção, de pacientes fora dessa condição que manifestam a doença. Pesquisas apontam para outros fatores de risco, como a falta de higiene oral, o uso de próteses dentárias e a infecção pelo papilomavírus (HPV), além de doenças genéticas e exposição à radiação no caso do câncer da tireoide.

“A infecção pelo HPV é um fator de desenvolvimento do câncer de faringe. Uma das formas de contágio por essa infecção é por meio da prática do sexo oral e em pessoas com múltiplos parceiros sexuais”, esclarece Dedivitis.

Evolução da doença

O diagnóstico precoce e o rápido início do tratamento são fundamentais para a cura do câncer de cabeça e pescoço.

Segundo o cirurgião Marco Aurélio V. Kulcsar, chefe do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp) e atual secretário da SBCCP, análise dos pacientes tratados no Instituto revelam taxas de cura superiores a 90%, em casos de câncer de laringe diagnosticados precocemente, contra 27% para pacientes diagnosticados com câncer de boca e faringe em estágio avançado, ou seja, quando o tumor tem grandes proporções e/ou quando há a presença de linfonodos metastáticos no pescoço.

“Além do que, o tratamento de um tumor avançado pode provocar sequelas significativas no paciente”, alerta Kulcsar.

Ele ressalta para a importância do combate aos principais fatores de risco, mesmo após o diagnóstico: “Sabe-se que a manutenção do hábito de fumar e do abuso do álcool aumentam a chance do paciente desenvolver um segundo tumor de cabeça e pescoço durante o acompanhamento”.

Os médicos da SBCCP são unânimes em afirmar que nunca é tarde para tomar consciência dos hábitos prejudiciais à saúde e optar por uma vida mais saudável. Aqueles que deixam de fumar e abusar do álcool diminuem progressivamente a chance de desenvolver o câncer de cabeça e pescoço. “Após 10 anos sem consumir tabaco nem álcool, cessam os efeitos maléficos cumulativos”, diz o presidente da entidade.

Perfil do paciente

De acordo com a publicação “Estimativa 2014: Incidência de Câncer no Brasil”, do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva – INCA, a previsão para o ano de 2015 é de aproximadamente 576 mil novos casos de câncer na população brasileira.

Segundo o levantamento do INCA, o câncer de boca, laringe e demais sítios é hoje o segundo mais frequente entre os homens, atrás somente do câncer de próstata, com mais de 18 mil casos diagnosticados anualmente no Brasil. Nas mulheres, prepondera o câncer da tireoide, sendo o quinto mais comum entre elas.

A incidência crescente da doença no Brasil já era apontada na Revista Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço, em artigo na edição de dezembro de 2012.

“É necessária a implantação imediata de políticas públicas pelas autoridades de saúde, principalmente quanto à implementação de programas de diagnóstico precoce e de combate aos fatores de risco, pois se trata de uma doença, na maioria das vezes, relacionada à exposição a fatores comportamentais evitáveis”, declara o cirurgião Leandro Luongo de Matos, um dos autores do artigo e diretor da SBCCP.

Conforme o artigo, o perfil demográfico preponderante do paciente com câncer de cabeça e pescoço é de indivíduo do sexo masculino, com idade entre 40 e 69 anos, fumante e/ou consumidor habitual de bebidas alcóolicas.

Vida Equilíbrio

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