Caso de sarampo no Pará mostra a importância da vacinação em adolescentes, jovens e adultos

Quatro anos após o registro do último caso na Bahia, o sarampo volta a chamar a atenção da comunidade médica do País ao ter sido detectado em um jovem de 19 anos, em Belém do Pará. Dois irmãos do garoto também são suspeitos de estar com a doença. Além do parentesco esses jovens tinham algo em comum: não tomaram a vacina tríplice viral, oferecida gratuitamente nos postos de saúde. Segundo o Ministério da Saúde, exames laboratoriais denotam que o caso teria sido “importado” da Europa, porque a cepa do vírus isolada é a mesma que provocou surtos recentes na Inglaterra, França, Itália e Holanda. Depois do Brasil, a Argentina também confirmou outros dois casos.

O ressurgimento do sarampo no País em um rapaz é a prova de que vacina não é apenas “coisa de criança” como pensa boa parte da população. Adolescentes, jovens e adultos precisam estar com o calendário de imunização em dia, incluindo as doses de reforço. “Esta faixa da população não se vacina por desinformação ou por um problema cultural. Durante anos, a saúde pública divulgou a importância da vacinação infantil. Inclusive os próprios médicos enxergam as vacinas como pertinentes apenas às crianças”, afirma a pediatra Isabella Ballalai, vice-presidente da SBIm – Sociedade Brasileira de Imunizações.

Na opinião desta especialista, a vacinação de adolescentes, jovens e adultos é uma questão de responsabilidade social. “Quando este público não se vacina, coloca em risco não só a sua saúde, mas o bem-estar da sociedade como mostra este caso no Pará”, adverte.

A pediatra Lucia Bricks, doutora em Medicina pela USP, ressalta que os reforços são cada mais importantes, por causa da diminuição da circulação de vírus e bactérias na comunidade, devido à vacinação da população. “Esta redução provoca a queda de anticorpos protetores, contribuindo para que as pessoas se tornem novamente vulneráveis às doenças evitadas por vacinas, como sarampo, rubéola e varicela”, diz a especialista que é diretora médica da Sanofi Pasteur, a divisão de vacinas do grupo Sanofi-Aventis.

Gravidade e Contaminação

O infectologista Rodrigo Angerami, médico-assistente do Núcleo de Vigilância Epidemiológica do Hospital das Clínicas da Unicamp, lembra ainda que a vacinação após a infância é importante porque certas doenças se manifestam de forma mais grave na fase adulta. “É o caso da hepatite A”, pondera o médico. Até os cinco anos, 70% das crianças não têm febre, fadiga, mal estar, náuseas, vômito e icterícia (olhos amarelos).

A partir desta idade, o quadro se inverte: 70% dos infectados apresentam sintomas que tornam necessário o repouso, com consequente afastamento das atividades ocupacionais e sociais. Além da necessidade de internação em cerca de 20% dos casos, a doença pode causar a morte por falência do fígado. É a hepatite fulminante, situação em que o transplante hepático pode se fazer necessário.

Os adolescentes, jovens e adultos desprotegidos são também fonte de contaminação de doenças como gripe, coqueluche, rubéola e sarampo para crianças que não têm idade para receber essas vacinas ou não completaram o esquema de vacinação. “Cerca de metade das crianças pequenas com coqueluche foram contaminadas pelas mães e cerca de 30% pelos pais”, diz a médica Isabella Ballalai.

Ao contrário do sarampo e da varicela, a popular “tosse comprida” pode ocorrer mais de uma vez na vida. A partir da idade escolar, a coqueluche geralmente se manifesta de forma atípica, sem os sintomas clássicos – acessos prolongados de tosse, guinchos e falta de ar. Muitas vezes, a pessoa infectada tem apenas tosse prolongada, que é confundida com outras doenças respiratórias. Sem saber que estão doentes, crianças maiores, adolescentes, jovens e adultos acabam contagiando os lactentes.

Em menores de dois anos, a coqueluche pode provocar diversas complicações, é motivo frequente de hospitalização por pneumonia e insuficiência respiratória aguda, podendo inclusive causar paradas respiratórias, capazes de deixar sequelas mentais e motoras por causa da falta de oxigenação do cérebro.

Vacinas Importantes

Além da vacina tríplice viral (sarampo, caxumba e rubéola), quem deixou de ser criança precisa ficar atento aos reforços contra difteria, tétano e coqueluche. A Sanofi Pasteur, divisão de vacinas do grupo Sanofi-Aventis, tem uma opção vacina, capaz promover o segundo reforço contra essas doenças e a poliomielite com apenas uma dose: é a vacina internacionalmente conhecida por Tetraxim, recomendada para crianças e adolescentes entre 5 e 13 anos.

Adolescentes, jovens e adultos também se proteger contra as hepatites A e B. “Aqueles que não foram imunizados na infância, têm de se vacinar contra hepatite B na adolescência, porque a contaminação acontece principalmente por vias sexuais”, afirma a médica Isabella Ballailai.

A vacina contra gripe sazonal deve ser outra preocupação dos adolescentes, jovens e adultos. Os fumantes e asmáticos maiores de 19 anos, portadores de doenças crônicas e imunocomprometidos precisam de uma proteção adicional contra a pneumonia, uma das mais comuns complicações da gripe. Até 30% delas são provocadas pela bactéria Streptococcus pneumoniae, mais conhecida por pneumococo. A vacina internacionalmente conhecida por Pneumo 23, da Sanofi Pasteur, previne 90% dos sorotipos do pneumococo, que têm maior capacidade invasiva e resistência aos antimicrobianos e são os principais responsáveis pelas complicações registradas após o terceiro dia da infecção viral.

Mesmo que não sejam a trabalho, as viagens merecem um capítulo à parte. De acordo com o destino, roteiro e duração da viagem, pessoas de todas as idades devem se proteger contra doenças infecto-contagiosas. No Brasil, a mais comum é a febre amarela, cuja área de risco ocupa boa parte do território nacional.

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