Conheça os 4 principais mitos sobre a UTI

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Foto: Corbis

A UTI (Unidade de Terapia Intensiva) de um hospital é um universo desconhecido para a maioria das pessoas. Misteriosa, cheia de mitos, inspira ansiedade e medo. Está sempre presente no noticiário e muitos já passaram por lá, como visitante ou paciente. Ainda assim, continua um mundo à parte. “Quase ninguém faz ideia do que se passa em uma UTI. As pessoas a relacionam com a morte, por desconhecimento. Prefiro chamar a Unidade de Terapia Intensiva de corredor da vida, porque representa o que ela é”, explica o cardiologista Elias Knobel, Diretor Emérito e Fundador do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, que acaba de lançar o livro “A vida por um fio e por inteiro”, da Editora Atheneu, sobre sua trajetória de mais de 32 anos à frente de uma UTI.

Ao contrário do senso comum, explica o especialista, o índice de eficiência da UTI é significativo: mais de 90% das pessoas sobrevivem, após um período médio de internação de quatro dias. “A UTI é um espaço de excelência médica que reúne o que há de mais avançado no conhecimento científico e tecnológico para lutar pela vida”, explica. “O lendário Dr. Jozef Fehér, que foi presidente do Hospital Albert Einstein, costumava dizer: tenho uma ótima notícia para vocês, seu parente tem chances de sobreviver, ele vai ser transferido para UTI”.

A seguir, o Dr. Elias Knobel desvenda os principais mitos que envolvem a internação de um paciente na UTI.

Procedimentos relacionados ao coração, como cateterismo, são sempre seguidos de UTI?

Não. Inclusive, a tendência hoje é deixar a UTI apenas para questões mais complexas. Há dez anos, o paciente do cateterismo era levado à UTI. Depois, passou à unidade de terapia semi-intensiva. Mais recentemente, direto ao quarto. E hoje, no SUS, onde os procedimentos têm reconhecida eficiência após o cateterismo, o paciente fica algumas horas de observação antes de ir para casa.

O paciente na UTI está em coma, desacordado?

A UTI ficou popularizada pela imagem de uma pessoa entubada, cheia de aparelhos à sua volta, mas nem sempre é assim. Quando coloquei as TVs nos quartos e mesmo no ambiente da UTI, muitos me perguntaram: ‘mas eles conseguem assistir à TV?’ Claro! Paciente de UTI se mexe, fala, muitos podem utilizar o toalete. Existem os casos muito graves, mas, em muitos casos, pacientes são internados para serem observados.

Qual a principal queixa dos pacientes?

Pesquisas sobre o impacto da permanência do paciente na UTI também revelam uma realidade desconhecida: mostram que quem sente mais o estresse é a equipe de profissionais, médicos e enfermeiros, que tendem a achar que o paciente está sofrendo mais do que ele realmente está. O paciente não vê a situação de forma tão dramática. Também sua maior queixa não é estar sozinho, longe da família. Ele reclama da luz no rosto, ficar na cama, sentir dor, não ter o controle sobre seus atos. Por isso digo sempre: o que os olhos do familiar vêem não é o que o coração do paciente sente.

O acesso de visitantes à UTI traz riscos aos pacientes?

A UTI como um lugar excessivamente paramentado, inacessível, em que as pessoas precisavam utilizar roupas protetoras até os pés, também caiu por terra. Até a década de 80, os familiares não entravam na UTI. Esta era vista como um lugar fenomenal, dotado de grande tecnologia, que salvava vidas, porém interditado, misterioso. Foi provado que tudo aquilo não funcionava. O que realmente evita infecção hospitalar são ações tão simples como lavar a mão. Hoje as visitas são permitidas, o que ajuda o paciente a se recuperar e sobreviver.

a vida por um fio e por inteiro

Capa do livro

Sobre o livro
Autor de 16 publicações sobre Terapia Intensiva e editor do livro Condutas do Paciente Grave, um best seller no âmbito da medicina intensiva no Brasil, o cardiologista Elias Knobel, diretor emérito e fundador do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Israelita Albert Einstein, acaba de lançar o livro “A Vida por um fio e por inteiro”, da Editora Atheneu.

O livro aborda a trajetória do médico ao longo dos mais de 32 anos em que liderou a UTI do HIAE, onde atendeu mais de 70 mil pacientes. Retrata histórias inusitadas, emocionantes e engraçadas. Comenta sobre a introdução dos conceitos intuitivos de gestão e organização de uma equipe multidisciplinar, cuja atuação foi reconhecida até no exterior. Relata o período de uma luta pioneira quando surgiram os primeiros casos de Aids no país. E também as questões polêmicas que envolvem a Eutanásia e as histórias de quando a vida está por um fio.

Livro: “A Vida por um fio e por inteiro”

  • Autor: Elias Knobel
  • Editora Atheneu
  • Número de páginas: 320
  • À venda nas livrarias
Vida Equilíbrio

Vida Equilíbrio

Quando em excesso, qualquer coisa faz mal. Por isso sempre dizemos que equilíbrio é a palavra chave. Nós, do Vida Equilíbrio, queremos informar a melhor maneira de atingir o equilíbrio entre corpo, mente e alma. Dicas de saúde e bem-estar estão aqui para te ajudar a levar uma vida mais equilibrada e feliz.

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