Elasticidade corporal pode causar sérios problemas de saúde, diz especialista

Encostar as mãos no chão sem dobrar os joelhos, como fazíamos nas aulas de educação física, não é vantagem nenhuma. A hipermobilidade articular atinge 30% da população e pode causar tendinites e bursites, lesões de ligamentos, desvios na coluna vertebral e nos joelhos e até mesmo a incontinência urinária, afirma a fisioterapeuta Neuseli Marino Lamari, professora da Faculdade de Medicina de Rio Preto (Famerp).

Desde pequena, a menina Larissa Biazzi, 12 anos, sente fortes dores nos joelhos, pernas e articulações. A dona de casa Liana Biazzi, mãe da garota, procurou inúmeros médicos, de diversas especialidades e nenhum deles encontrou a solução para o problema. Seis anos depois de muita procura, a criança descobriu que suas dores estavam ligadas a hipermobilidade dos seus membros.

Larissa é uma daquelas crianças que conseguem se esticar como o professor de educação física pede. Ela encosta as mãos no chão inclinando apenas o tronco, estica os joelhos para trás e coloca o polegar no antebraço. Tudo isso sem sacrifício e aí está uma das provas da sua elasticidade exagerada, fora dos padrões esperados de flexibilidade. A menina é vítima de um defeito genético dos tecidos moles tais como tendões e ligamentos, que pode desencadear muitos problemas para a saúde como tendinites e bursites, lesões de ligamentos, desvios na coluna vertebral e nos joelhos e até mesmo a incontinência urinária. Os contorcionistas dos circos são um exemplo clássico dos níveis de flexibilidade articular que um portador do defeito genético pode alcançar. Os movimentos realizados chamam a atenção pela amplitude e pelo fato de serem impossíveis para uma pessoa considerada normal.

Neuseli explica que tal capacidade não é uma doença, mas um defeito genético dos tecidos que desencadeia a frouxidão das articulações corporais. Em uma pesquisa sobre o assunto, a fisioterapeuta levantou que grande parte das queixas de dores na coluna, no ombro, no joelho e muitas outras, entre trabalhadores de indústrias, são identificados casos de portadores de hipermobilidade. Somente na industria têxtil, foram encontrados 27,7% dos casos. “Há muitas pessoas que procuram os consultórios reclamando de dores no corpo e o diagnóstico de hipermobilidade nunca foi feito. O ideal seria que em toda rotina de exame físico se incluísse o teste para detectar o portador. Mas este teste ainda é desconhecido pela maioria dos profissionais da saúde”, afirma.

Para o diagnóstico, é realizado um procedimento físico rápido e sem custo. O mais utilizado é o Método de Beighton, um exame simples e sem a necessidade de equipamentos, que vai apontar quais os pontos de elasticidade no corpo do paciente. Caso o exame acuse frouxidão em pelo menos cinco dos nove pontos corporais analisados, o paciente pode ser considerado um portador da hipermobilidade. “A flexibilidade corporal faz com que o paciente perca o eixo do corpo. É como se o paciente perdesse o equilíbrio do corpo, sem percebe que isso acontece”, diz.

A flexibilidade varia de acordo com o sexo, idade, raça entre outros e pode estar relacionada à algumas doenças como a Síndrome de Hellers Danlos e à composição corporal (com o predomínio de algumas fibras colágenas) mas, de acordo com Neuseli, o problema é resultado da seleção natural. Alguns grupos apresentam maior incidência como as mulheres e os negros. As crianças manifestam a hipermobilidade de forma mais acentuada e a amplitude dos movimentos pode ficar menor com o passar do tempo. Entretanto, o paciente carrega o problema por toda a sua vida e a flexibilidade corporal não vai depender de fatores como treinamentos e temperatura do ambiente e do corpo.

A hipermobilidade não tem cura. O paciente, portanto, deve tomar alguns cuidados para evitar complicações como não realizar tarefas com repetitividade, reeducar-se quanto à sua postura, evitar esportes de impacto e realizar exercícios especiais. As mulheres devem realizar, além das atividades tradicionais, exercícios para o fortalecimento da musculatura que sustenta a bexiga e o intestino.

Não há um consenso para quais os níveis ideais de flexibilidade para a saúde de um indivíduo. “O que podemos afirmar é que movimentos como tocar as mãos nos pés ao fletir o corpo para a frente não é uma tarefa considerada normal. O esperado é que não se consiga”, finaliza.

Tratamento

O tratamento para a hipermobilidade corporal é rápido e fácil. Porém, deve ser iniciado na infância, antes do surgimento dos problemas. Neuseli explica que o diagnóstico precoce é uma das chaves para a solução. A fisioterapia auxilia o paciente na reeducação postural. “Nas primeiras sessões o paciente sai da clínica como se estivesse andando de joelhos. Mas, depois, com a continuação do trabalho, ele vai perceber o alinhamento correto”, diz.

Vida Equilíbrio

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