Entenda o Coma e o Estado Vegetativo
Estar em sono profundo sem qualquer sinal de sonhos e pensamentos é o estado das pessoas em coma. Na grande maioria dos casos, quem permanece nesta condição não possui consciência do que ocorre no ambiente, nem indícios de atividade mental subjetiva. Exatamente o que ocorre quando nos submetemos a uma anestesia geral. Foi assim que a personagem Ana, interpretada por Fernanda Vasconcellos na novela da Globo A Vida da Gente, viveu por anos em um leito de hospital. “Geralmente, o indivíduo não pode ser acordado por mais intensos que sejam os estímulos aplicados com este intuito”, afirma Dr. Ricardo de Oliveira Souza, coordenador de Neurociências do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino (IDOR).
Ana, a ex-tenista que teve sua carreira promissora interrompida por um acidente de carro, abriu os olhos após longo período no qual não demonstrava qualquer interação com familiares ou resposta a estímulos externos. Pelo que indica a história, ela voltará lentamente à vida normal, sem apresentar grande comprometimento de sua saúde. Na vida real, contudo, não é bem assim.
Inúmeros fatores podem conduzir alguém ao coma, a exemplo de causas metabólicas – doenças renais, hepáticas e respiratórias-, traumatismos crânioencefálicos, e os acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos. “O coma jamais persiste além de alguns dias a poucas semanas”, informa Dr. Oliveira. Após este prazo, o paciente evolui ao estado vegetativo, quando passa a abrir os olhos durante períodos do dia sem que isso signifique a recuperação da consciência. “Quanto à possibilidade de retomada da consciência a partir do estado vegetativo, este fenômeno é extremamente raro, mas há registros de casos isolados em que tenha acontecido”, pontua o especialista.
Os danos trazidos ao organismo depois de coma ou do estado vegetativo são impactantes, variando de demência, comprometimento visual e da linguagem, além de paralisia. “Casos tratados com os meios atuais de sustentação da vida podem durar em estado vegetativo por tempo indefinido, principalmente, se o paciente for jovem e previamente saudável”, diz.
Entenda o coma
- Causas: metabólicas, traumatismos crânioencefálicos e acidentes vasculares cerebrais hemorrágicos.
- Como é diagnosticado: o coma é caracterizado por inconsciência de olhos fechados e ausência de tônus postural.
- Funcionamento do organismo no coma: não possui consciência. Funções vegetativas preservadas, como respiração, excreção, digestão e regulação da temperatura.
- Reação do corpo após sair do coma: do ponto de vista cognitivo, a pessoa vai rapidamente se atualizando nos acontecimentos que tiveram lugar durante o período de inconsciência, tanto relacionados ao mundo quanto a ela própria. Ao mesmo tempo escaras, paralisias e distúrbios de linguagem são reabilitados por especialistas treinados na área.
- Possíveis sequelas: demência, comprometimento visual e da linguagem, paralisias.
- Tratamento após acordar: reabilitação motora, da linguagem, ocupacional e psicoterápica, dependendo de cada caso.
- Porcentagem de pessoas que acordam do coma: cerca de 25% dos casos.
Entenda o estado vegetativo
- Causas: as mesmas que levam ao coma, pois o estado vegetativo é um desdobramento temporal do coma.
- Como entra nesta condição: após algumas semanas, o coma se transforma no estado vegetativo, quando os olhos ficam abertos durante algumas horas do dia.
- Funcionamento do organismo no estado vegetativo: como o nome indica, o organismo desempenha todas as funções de um vegetal: respira, faz a digestão, a circulação e a excreção de resíduos orgânicos.
- Impactos no organismo: as mesmas do coma.
- Porcentagem de pessoas que acordam do estado vegetativo: menos de 3% dos casos e, ainda assim, com graves sequelas cognitivas.