21 de junho de 2012 | Saúde

Incontinência anal

Assunto ainda é tabu que traz grande desconforto, mas pode ser tratado

homem triste

Foto: Corbis

Constrangimento físico e psicológico, baixa autoestima, isolamento social e depressão: esses são alguns desdobramentos da chamada incontinência anal, enfermidade que atinge homens e mulheres principalmente com o decorrer da idade. A pessoa acometida pelo problema perde a capacidade de reter os gases e as fezes, sujando as roupas íntimas a qualquer hora e em qualquer lugar. “Algumas pessoas nascem com esse problema, mas boa parte dos casos se deve a traumas obstétricos, no caso das mulheres, ou cirurgias anorretais mal sucedidas”, afirma o médico João Gomes Netinho, especialista em doenças do aparelho digestivo, colon, reto e ânus e professor da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto. “Além de um problema físico, a incontinência anal traz grandes transtornos psicológicos”, alerta.

A incontinência anal pode ser leve, quando o escape de gases está conjugado à perda de fezes líquidas em pequenas quantidades; parcial, quando é restrita à perda de gazes e fezes líquidas; ou total quando se perde o controle sobre as fezes sólidas. Para o diagnóstico o médico leva em conta também a frequência dos episódios e o histórico do paciente.

Segundo Netinho, a chance do problema surgir aumenta consideravelmente a partir dos 65 anos de idade, podendo atingir ambos os sexos. No caso congênito (de nascimento) a incontinência resulta de malformações, como imperfuração anal (a incontinência é sequela da correção da doença), mielomeningocele e espinha bífida. Já partos normais difíceis ou intervenções cirúrgicas anais anteriores, como as de hemorroidas, fissuras ou fístulas, também são fatores de risco.

O diagnóstico é feito em consultório através de uma entrevista e também com o auxílio de exames próprios que medem a capacidade do esfíncter, músculo responsável pelo controle de abertura e fechamento do ânus. “Com os resultados em mãos o proctologista indica o melhor tratamento, que pode ser ou não cirúrgico”, explica Netinho.

O tratamento clínico prevê a correção das evacuações com o uso de uma dieta específica e medicamentos. A ingestão de mais fibras ajuda a aumentar o bolo fecal, evitando constipações intestinais. Outra opção é a fisioterapia que auxilia o paciente a treinar os músculos da região e descobrir o melhor momento para fechar o ânus. “A lavagem intestinal antes de sair de casa também pode auxiliar, já que evita o inconveniente em público”, diz o médico.

Já a cirurgia é indicada para os casos mais severos e deve ser bastante discutida entre médico e paciente, pois os resultados podem variar. As técnicas incluem a esfincteroplastia anal, que é o reforço do músculo esfincteriano; a transposição muscular, onde alguns músculos vizinhos são adaptados para trabalhar junto à região anal; e o uso de uma prótese esfincteriana de silicone. “Porém se nenhuma das técnicas trouxer melhoras ao paciente ainda há a colostomia – abertura de uma passagem direta entre o intestino grosso e a pele para que as fezes sejam depositadas em uma bolsa – indicada quando há insucesso de outras técnicas e aumento das infecções urinárias por conta da contaminação local”, explica o especialista.

O mais importante, porém, é que ao menor sinal de incontinência o paciente comunique seu médico para um diagnóstico preciso. “O paciente quase sempre sente vergonha de compartilhar o problema com o médico, mas isso evita transtornos maiores com o passar do tempo, principalmente psicológicos”, finaliza Netinho.

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