Não confunda as anemias

anemia

Foto: Corbis

No final do século 19, houve um grande fluxo de imigrantes italianos, provenientes principalmente do norte da Itália, que se instalaram no sul do Brasil. Essa população trouxe consigo, além da esperança de uma nova e próspera vida em terras brasileiras, a tendência a apresentar um tipo de anemia hereditária, chamada talassemia. Trata-se de um defeito genético que resulta na diminuição da produção de uma das cadeias que compõem a hemoglobina – proteína presente nos glóbulos vermelhos, responsável por levar o oxigênio às células, tecidos e órgãos do corpo humano. A redução dessa síntese provoca uma alteração quantitativa na proporção entre os diversos tipos de hemoglobina, o que pode acarretar anemia.

Cerca de 200 mil pessoas nascem por ano com alguma das formas de talassemia, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora a doença seja originária da região mediterrânea, atualmente pode ser encontrada em todo o mundo, devido às migrações e à miscigenação dos povos. Estatísticas recentes revelam portadores desse tipo de anemia em países como Brasil, Argentina, Canadá, Estados Unidos, bem como Índia e Austrália.

Sintomas

Os indivíduos com talassemia costumam apresentar palidez, fraqueza e anemia, com intensidade variável dependendo do tipo de alteração genética, que determina diferentes formas clínicas da doença. Esses sintomas são comuns a outros tipos de anemia, como a ferropriva, causada por deficiência de ferro. “É preciso ter cuidado redobrado com o diagnóstico, pois o tratamento das duas doenças, embora apresentem sintomas parecidos, é muito diferente. Se o portador de talassemia for tratado com ingestão adicional de ferro, o que é indicado para anemia ferropriva, a medida poderá causar um acúmulo excessivo do mineral no organismo, o que pode ser prejudicial à saúde”, aponta a assessora médica do Weinmann Laboratório, a hematologista Katia Zanotelli Fassina.

Como diagnosticar

O diagnóstico da talassemia é feito por meio de exames de sangue do paciente e de seus familiares. É preciso promover o estudo morfológico das hemácias – o que habitualmente é feito pelo hemograma –, realizar a eletroforese qualitativa e quantitativa de hemoglobina, além de dosar o ferro livre e a ferritina. Há testes que podem ser feitos durante a gravidez, para determinar se o feto é portador da doença. Em alguns casos, o diagnóstico também pode ser feito pela triagem neonatal.

Exames adicionais, como a pesquisa de hemoglobina instável, entre outros, podem ser necessários para o diagnóstico diferencial da talassemia com outras anemias. “São exames simples que, por meio da coleta de um pequeno volume de sangue, permitem identificar a maioria dos portadores”, tranquiliza a hematologista.

Tratamento

Nos casos mais graves da doença, os pacientes sofrem com uma anemia intensa e só conseguem sobreviver se receberem transfusões sanguíneas. Em geral é necessário, ainda, um tratamento para eliminar o ferro que se acumula no corpo em consequência das repetidas transfusões. No entanto, o único meio definitivo de tratar a doença é o transplante de medula óssea. “A transfusão corrige apenas a manifestação da doença, que é a anemia”, explica a médica.

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