O que exatamente quer dizer infertilidade de causa inexplicada?

casal grávido

Foto: Corbis

Antes de entrarmos no conceito de infertilidade inexplicável ou infertilidade sem causa aparente, devemos tentar entender quando um casal pode ser considerado infértil.

Se um casal não consegue engravidar, depois de tentar, da maneira adequada, por pelo menos um ano, pode haver um problema de fertilidade. Se a idade da mãe é superior a 40 anos, o período de tempo para conceber naturalmente pode ser reduzido em cerca de 30%. Após este período, as causas da infertilidade precisam ser investigadas. E o problema surge exatamente aqui: quando não há qualquer razão aparente para a infertilidade do casal, geralmente, ela é então denominada como “infertilidade de causa inexplicada”.

Estes rótulos: “infertilidade sem causa aparente” e “infertilidade inexplicada” são muito duros para os casais que estão tentando engravidar. Pois afinal, eles já procuraram ajuda médica, mas se os médicos não podem ajudá-los… “O que é difícil para os casais que estão tentando engravidar e se deparam com o diagnóstico de infertilidade inexplicada é entender que há sempre uma causa para a infertilidade, apenas não foi possível diagnosticá-la até aquele momento. O tratamento de infertilidade pode ser longo, o diagnóstico pode ser difícil, pode levar tempo, mas ele precisa ser feito adequadamente”, explica o ginecologista Jonathas Borges Soares.

Por que sua infertilidade é inexplicada?

Questões de estilo de vida: o especialista em reprodução humana pode analisar a contagem de esperma do marido ou verificar se as trompas de Falópio da mulher estão íntegras. “Mas o médico não pode acompanhar o estilo de vida do casal diariamente. Se o casal tem um estilo de vida nada saudável – abuso de álcool, uso recreativo de drogas ilícitas, consumo excessivo de gorduras, excesso de exercícios físicos, tabagismo, sobrepeso ou obesidade, estresse fora de controle – o fato pode contribuir ou ser a causa para a infertilidade inexplicada”, diz o diretor do Projeto ALFA;

Idade pode ser uma explicação: algumas vezes, mulheres com idade mais avançada pensam que sua infertilidade é inexplicada. “No entanto, a idade em si pode ser uma explicação para não ser capaz de conceber. A mulher nasce com um a dois milhões de óvulos, mas só cerca de 500 irão amadurecer, um a cada mês, no período fértil das mulheres. Os demais regridem e são absorvidos pelo organismo, mês a mês, a partir da puberdade. Não sendo fecundados, são mensalmente expelidos. O período fértil de cada mulher é bastante variável, mas, em média, inicia-se por volta dos 12 ou 14 anos de idade, terminando em torno dos 45 ou 50 anos. Porém, é comum que por volta dos 35 anos, a produção de óvulos comece a declinar, bem como a qualidade dos mesmos”, afirma Jonathas Soares.

Sem diagnóstico…

Às vezes, como a razão da infertilidade pode não ser identificada, o especialista em reprodução humana pode sugerir tratamentos de complexidades crescentes, isto é, de uma simples indução de ovulação associada à orientação do momento da relação sexual ou inseminação artificial, até uma Fertilização in vitro(FIV) para um determinado casal. “No entanto, sem diagnóstico prévio, não é certo que estas opções terapêuticas ‘irão funcionar’. É possível que o corpo não responda bem aos tratamentos propostos. Por exemplo, pode haver gestação, mas não haver nascimento. Falha da implantação de embriões e até mesmo abortamentos recorrentes também podem ser causa da infertilidade”, diz o médico.

“Assim, se você está tendo problemas para engravidar e sua infertilidade foi classificada como inexplicada, não se desespere. A causa para ‘este mal’ só é inexplicável neste momento. A gestação pode ser buscada e obtida com um acompanhamento médico diferenciado, o qual envolve tempo para diagnosticar e tratar a verdadeira causa da sua infertilidade”, aconselha o ginecologista.

Um artigo muito interessante sobre o tema – Unexplained infertility: Does it really exist? – publicado no Human Reproduction, defende que o diagnóstico de “infertilidade inexplicada” é altamente subjetivo, depende dos testes de diagnóstico realizados (ou que não foram realizados) e do nível de qualidade dos mesmos. É mais frequentemente “decretado”, quando a investigação diagnóstica é incompleta ou de má qualidade. Segundo os autores, esforços para chegar a diagnósticos de infertilidade mais precisos devem melhorar o que até então era “falsamente classificado como um diagnóstico de infertilidade inexplicada”.

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