Obesidade pode estar associada à asma
Dados obtidos durante o XL Congresso Brasileiro de Alergia e Imunopatologia, realizado entre os dias 30 de novembro e 3 de dezembro de 2013, em Belém, PA, indicam que a obesidade pode estar relacionada à asma.
A asma é uma condição clínica caracterizada por dispneia, sibilância (chiado), tosse e aperto torácico. Na obesidade, a sensação de falta de ar pode ser devido à presença de hiperinsuflação dinâmica, ao aumento na carga elástica dos músculos respiratórios e à restrição mecânica, que levam a grande necessidade de esforço muscular respiratório de contração e percepção de desconforto respiratório.
Um paciente obeso pode apresentar dois tipos de asma: o primeiro é a asma de início na infância, preferencialmente alérgica e que se agrava pela obesidade. O segundo é a asma de início tardio não alérgica e que afeta predominantemente as mulheres.
A Dra. Rosana Agondi, da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), conta que “o mecanismo desta ligação asma e obesidade não está completamente esclarecida e elucidada, mas a restrição mecânica diminui os movimentos respiratórios pelo acúmulo de gordura toracoabdominal.”
De acordo com a Dr. Glaucia Carneiro, especialista da Regional São Paulo da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM-SP), a obesidade pode sim causar asma, mas ainda faltam estudos que possam comprovar a relação de causa e efeito.
“Os pacientes obesos possuem altos níveis de leptina e citocina inflamatórias, que estão envolvidas no processo fisiológico da asma. Além disso, fatores mecânicos da obesidade também podem influenciar no aparecimento da asma”, declara a médica.
Além da asma, o excesso de gordura no corpo pode causar outros problemas respiratórios tais como Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, pneumonias e apneia do sono.
“A obesidade resulta em alterações importantes nas propriedades mecânicas do sistema respiratório que poderiam explicar a ocorrência de asma. Outros mecanismos relacionados à obesidade poderiam causar ou piorar a asma. Estes incluem comorbidades como refluxo gastroesofágico, complicações relacionadas às desordens do sono e à inflamação sistêmica crônica da obesidade”, alerta Dra. Rosana.
A associação entre asma e obesidade vem sendo apontada em diversos artigos científicos, e os especialistas consideram que o ideal é perder peso e controlar a asma, uma vez que não há um tratamento específico para o obeso asmático.
“Alguns estudos demonstraram benefício da perda de peso, mas outros não. Por isso o tema ainda é controverso para confirmar a relação causa e efeito, mas a associação já foi bem demonstrada”, explica Dr. Glaucia.
“Pesquisas realizadas demostraram que os exercícios físicos podem melhorar a função pulmonar nos asmáticos e, portanto, auxiliar no tratamento e controle da doença. Como consequência do melhor controle da asma observamos uma diminuição das crises. Em relação aos obesos, exercícios e dieta nutricional sob orientação profissional, auxiliam na perda de peso, que é um fator muito importante para o controle dos sintomas de asma nos obesos”, explica Dra. Rosana, da ASBAI.
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Redação Vida Equilíbrio