Os anti-inflamatórios são todos iguais?

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Foto: Corbis

Ao sentir uma dor, inchaço ou perceber algo inflamado, o que fazer para aplacar esse incômodo? Buscar a orientação do médico é a alternativa mais correta, que indicará o tratamento adequado. Mas o alívio da dor pode vir acompanhado de diversas dúvidas em relação ao tratamento, que geralmente inclui o uso de anti-inflamatórios. Mas esses medicamentos são todos iguais?

Os anti-inflamatórios são medicamentos utilizados para combater a inflamação, um processo de defesa natural do organismo, mas que, muitas vezes, provoca incômodo grande ou uma resposta exagerada do corpo, levando a complicações. O processo inflamatório, ou simplesmente inflamação, é caracterizado por dor, calor, vermelhidão local, inchaço e perda da função normal da parte acometida. Os anti-inflamatórios são diferentes dos analgésicos que tratam apenas a dor. Existem dois tipos de anti-inflamatórios: os que contêm corticosteróides – substâncias de origem hormonal e de uso mais específico; e os que não contêm esteróides, conhecidos por AINE (anti-inflamatório não esteróide) (em inglês, NSAID – Non-steroidal Anti-Inflamatory Drugs). Os NSAIDs se dividem em:

  • Convencionais não-seletivos: bloqueiam tanto a enzima COX-2, responsável pelo processo de inflamação, quanto a COX-1, cuja função é proteger o estômago e o intestino;
  • Inibidores específicos da COX-2: atuam somente nessa enzima, proporcionando eficácia anti-inflamatória com segurança por não inibir a outra enzima, a COX 1, responsável pela proteção do estômago e do intestino. Porém, mesmo entre os diferentes medicamentos desta classe, observa-se que cada um deles tem seu próprio perfil de segurança e eficácia, conforme descrito nas bulas.

O primeiro trabalho em grande escala, com o objetivo principal de avaliar em um único estudo a segurança gástrica e intestinal do uso de anti-inflamatórios, foi recentemente publicado na revista científica The Lancet. O estudo reforça as diferenças entre um anti-inflamatório convencional não-seletivo e um inibidor específico da COX-2, como o Celebra® (celecoxibe).

Conduzido pelo chefe de gastroenterologia e hepatologia da Universidade Chinesa de Hong Kong, Francis Chan, uma das maiores autoridades mundiais sobre o assunto, o estudo, que contou com o apoio da Pfizer, envolveu 4.484 participantes de 32 países, incluindo o Brasil – em âmbito nacional, participaram 586 pessoas de sete centros, de um total de 196 locais de pesquisa espalhados pelo mundo.

Denominado CONDOR, o estudo foi concebido pela necessidade em aprofundar a avaliação da associação do uso dos anti-inflamatórios NSAIDs aos eventos adversos em todo o trato gastrointestinal em portadores de artrite reumatóide e osteoartrite. Os NSAIDs são os medicamentos mais prescritos para doenças reumáticas em todo o mundo. Entretanto, os eventos adversos gastrointestinais dos NSAIDs – como úlceras, perfurações, gastrites e hemorragia – continuam sendo um sério problema clínico que impacta significativamente no número de internações, na mortalidade e nos gastos relacionados à saúde.

O estudo, que acompanhou os pacientes durante seis meses, dividiu os participantes em dois grupos: 2.238 usaram o anti-inflamatório celecoxibe e 2.246 receberam diclofenaco, um anti-inflamatório convencional, associado ao omeprazol, um inibidor da secreção ácida do estômago, que atua como protetor gástrico. A associação ao protetor gástrico se fez necessária devido à conhecida agressão dos anti-inflamatórios convencionais ao estômago.

Os resultados revelaram que os participantes tratados com celecoxibe tiveram quatro vezes menos problemas gastrointestinais em comparação ao grupo que recebeu diclofenaco associado ao omeprazol.

“O estudo CONDOR chama a atenção para possíveis efeitos colaterais dos antiinflamatórios convencionais no tubo gastrointestinal, que podem passar desapercebidos por alguns médicos, e que não são prevenidos com o uso de gastroprotetores”, comenta Milton Helfenstein, assistente Doutor da Disciplina de Reumatologia da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP.

Analisando a presença de anemia, consequentemente, as perdas de sangue supostamente pelo trato gastrointestinal, visíveis ou simplesmente detectáveis por exames laboratoriais, os pesquisadores chegaram a essa conclusão para as possíveis lesões em qualquer parte do trato gastrointestinal, alto ou baixo. É isto que diferencia o CONDOR dos vários estudos prévios em que somente lesões de trato gastrointestinal alto, basicamente estômago, foram avaliadas.

“Os dados conclusivos do CONDOR contribuem de forma importante para melhor entender os eventos adversos gastrointestinais relacionados aos anti-inflamatórios usados no tratamento das dores reumáticas,” comenta Décio Chinzon, professor de pós-graduação de Gastroenterologia Clínica da USP.

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