Você sabe o que é epilepsia?

epilepsiaA epilepsia é uma síndrome caracterizada pela alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, indicando que um grupo de células cerebrais se comporta de maneira instável causando reações físicas. Essa condição pode ocorrer a partir de infecções do sistema nervoso central, acidentes vasculares cerebrais, tumores, traumatismos cranianos, alterações no desenvolvimento do cérebro durante a fase fetal ou até mesmo como sintomas da própria epilepsia.

Em outras palavras, a especialista em epilepsia Elizabeth Bilevicius – doutora em fisiopatologia e gerente médica da Meizler-UCB Biopharma, explica que as crises se manifestam quando uma região do cérebro, que pode ser bem restrita ou envolver os dois hemisférios cerebrais, começa a emitir impulsos de forma autônoma.  “Seria como um “curto-circuito” naquela região, esta descarga é a responsável pelos sintomas que o paciente não consegue controlar”.

Os sintomas são os mais variados, as crises duram alguns segundos ou minutos e podem ser acompanhados por manifestações clínicas como contrações musculares, mordedura da língua, salivação intensa, “desligamento” por alguns segundos, movimentos automáticos e involuntários do corpo, percepções visuais ou auditivas estranhas e alterações transitórias da memória.

A especialista explica que a crise mais conhecida pela população é a queda ao solo, seguida de salivação e movimentos bruscos de braços e pernas chamada crise tônico-clônica generalizada, porém ela reforça que nem todos com epilepsia têm estes sintomas. A pessoa pode relatar desde um mal estar vago, sensação inexplicável de medo intenso, alterações na visão como enxergar bolas coloridas etc. O importante para a suspeita do diagnóstico é ter sempre o mesmo padrão de sinais, sem nenhum fator provocador e sintomas autolimitados.

Eduardo Caminada Júnior, diretor do Purple Day no Brasil e Vice-presidente da EPIBRASIL (Federação Brasileira de Associações de Pessoas com Epilepsia), tem epilepsia desde os três anos de idade devido a uma lesão no lobo parietal esquerdo. “Como era de difícil controle, fui orientado a enfrentar todas as situações. Uma época, na escola, por conta das crises em curto período minha mãe me conduzia até a sala e sempre me buscava ao final da aula. Mesmo assim nunca deixei de ir à escola e depois não me impediu de trabalhar, casar e ter a minha própria família”, explica.

Para ter uma boa qualidade de vida é essencial combater o estigma da epilepsia sem abrir mão das atividades rotineiras e ter um tratamento adequado, o que pode diminuir ou até zerar a quantidade de crises. Nesse ponto, a relação médico-paciente é fundamental, pois é nesse momento que se estabelecem os objetivos e se manejam as expectativas.

A doutora reforça que a epilepsia é uma condição com tratamento. “Não existe nada de errado em ter epilepsia, assim como ter hipertensão ou diabetes. É importante que a família e os amigos não afastem a pessoa do convívio com a sociedade isso só piora a autoestima e não ajuda. Se for uma criança, tenha em mente que ela é como outra qualquer que precisa de atenção, carinho, educação e de amigos, fatores que ajudam bastante no tratamento”.

Eduardo enfatiza que a família respeitou as limitações da epilepsia e não criaram novas, o que o ajudou bastante. “Demorou um pouco para entender o porque de passar por determinadas situações, mas com o passar dos anos, busquei conhecer a epilepsia e percebi que nenhuma condição deveria ser limitadora para minha vida”, conta.

Durante as crises, a orientação é que ao presenciar o ocorrido deve-se manter a calma e não entrar em pânico, a prioridade é proteger a pessoa de possíveis acidentes e materiais que possam machucá-la. A médica chama atenção para alguns erros cometidos ao ajudar alguém durante uma crise, “é muito comum colocar objetos ou até mesmo o dedo na boca da pessoa por risco de “engolir a língua”, o que não acontece. Outro mito é dar coisas para o paciente cheirar, esfregar álcool nos pulsos ou jogar água no rosto, isso não a abrevia. É importante salientar que não adianta conter a pessoa, pois é frequente que ao recobrar a consciência, fique um pouco confusa. Por último, caso a crise dure mais que cinco minutos ou ocorram várias sequencialmente sem a consciência ser reestabelecida deve-se procurar por ajuda médica”.

De acordo com a especialista, geralmente os remédios para controle da epilepsia atuam de duas formas: diminuindo a liberação dos transmissores que excitam aquela área propensa a ter crises ou estimulam a liberação de transmissores que tentam diminuir essa excitação. Quando dadas de forma adequada, as medicações controlam as crises em 70% dos pacientes.

Em resumo, é possível viver bem e plenamente com epilepsia. “O maior problema é o fantasma criado ao redor, e só com muita educação é possível suplantar essa grande doença que é a falta de conhecimento”, finaliza a Dra. Elizabeth Bilevicius. Atualmente a síndrome afeta cerca de 65 milhões de pessoas, sendo aproximadamente 1,9 milhão só no Brasil, dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).

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