Fome oculta atinge e prejudica as crianças

criança comendo frutas

Foto: Corbis

Estatísticas recentes revelam que dois milhões de crianças podem morrer a cada ano por falta de vitamina A, zinco e outros nutrientes. Os números são da Associação Brasileira de Alimentos para Fins Especiais e Congêneres (Abid) e despertam atenção para a gravidade de doenças como a fome oculta.

O problema caracteriza-se pela falta de micronutrientes e não pela escassez de alimentos. Essa deficiência se agrava entre as crianças, pois prejudica o crescimento, o desenvolvimento cognitivo, a imunidade e reduz a energia, indispensável para que os pequenos possam se aventurar em atividades saudáveis.

“Muitas vezes a refeição é incompleta. Ou seja, a criança pode até comer bastante, mas a quantidade é insuficiente em nutrientes importantes para seu desenvolvimento. Por exemplo, quem está habituado a ver o filho comer somente massa e carne, precisa estar atento, pois apesar da sensação de saciedade, haverá a carência dos nutrientes obtidos através de verduras, legumes, frutas e outros alimentos. E é em casos como este que a incidência da fome oculta é potencializada”, afirma o professor Mauro Fisberg, pediatra e nutrologo do departamento de pediatria da Universidade Federal de São Paulo.

Por esse motivo, os pais precisam acompanhar de perto a alimentação dos pequenos. Afinal, muitas vezes, os filhos atingem o peso ideal, mas, apesar disso, não consomem a quantidade diária recomendada de alguns nutrientes.

Além disso, o hábito de ingerir alimentos com alto teor de carboidratos, proteínas e gorduras, como refrigerantes, sucos adoçados, biscoitos ou doces em excesso e fora de horário, faz com que a criança se torne mais propensa ao sobrepeso e à obesidade, o que pode trazer consequências graves, como a ocorrência de doenças futuras como alterações do metabolismo do açúcar, hipertensão, diabetes, e doenças cardiovasculares, por exemplo.

Picky Eaters

É importante que o cardápio dos pequenos seja bem variado e completo, mas o que fazer quando eles simplesmente se recusam a comer?

O professor Fisberg revela que um quadro de fome oculta pode surgir a partir de hábitos alimentares incorretos. E os chamados “picky eaters”, ou comedores seletivos, estão mais expostos.

Um picky eater costuma rejeitar certos tipos ou grupos de alimentos, de forma persistente, como parte de um hábito inadequado e associado a outros aspectos sensoriais como o paladar, tato e sensibilidade. Todas as crianças, usualmente, têm algum grau de seletividade e isto pode aparecer já nos primeiros anos de vida. No início pode parecer normal, entretanto é preciso prestar atenção para definir se o problema persiste e se é intenso, pois ele pode levar à deficiência nutricional e, consequentemente, a um quadro de fome oculta, com carência de ferro ou de outros nutrientes.

Uma alternativa para combater o problema é inserir na dieta alimentos diferentes da rotina, ter bons exemplos familiares, ofertar alimentos repetidamente, e se necessário, complementos alimentares, que visam garantir a ingestão correta de macro e micronutrientes, até que a criança aprenda a se alimentar corretamente. Este complemento deve ser composto por uma fórmula equilibrada, que forneça energia, vitaminas e minerais, sem excessos e sem substituir refeições.

“Os pais devem ser persistentes ao ensinar hábitos saudáveis aos filhos. Uma sugestão é introduzir novos alimentos, tentar com que a criança prove as novas preparações e oferecê-los diversas vezes, até que o novo se torne habitual. Crianças seletivas devem ser educadas com paciência, estabelecendo-se limites para o horário de refeição e permitindo experimentações. Outra dica é cuidar da própria alimentação para que os pais sirvam como exemplo a seus filhos.”, ressalta Fisberg.

Pirâmide Alimentar

A pirâmide¹ é uma ferramenta para orientação de uma dieta saudável.

pirâmide alimentar

Referência da Pirâmide: 1. Sociedade Brasileira de Pediatria. Manual de orientação para alimentação do lactente, do pre-escolar, do escolar, do adolescente e na escola/Sociedade Brasileira de Pediatria. Departamento de Nutrologia, 2 ed. SP:SBP,2008.

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