Obesidade está relacionada ao risco de desenvolver tumores

Os brasileiros vítimas da obesidade já representam 15% da população do país, de acordo com o Ministério da Saúde. Entre os que estão acima do peso, o índice também é alarmante: 48%, quase metade dos habitantes sofre com o problema. Além das diversas complicações que podem surgir, o risco de câncer está presente. Estudos indicam que os tumores do sistema digestivo, de mama, cólon e de próstata, estão relacionados à dieta inadequada.
Desde a infância até a idade adulta, o acúmulo de gordura corporal e o aumento da circunferência da cintura são um sinal de obesidade. De acordo com o médico Rafael Castilho Pinto, a relação com o câncer está na atuação das células adiposas, que deixaram de ser apenas um reservatório de energia em forma de gordura. “Elas são células ativas na produção e secreção de diferentes substâncias, que atuam direta e indiretamente em vários órgãos do nosso corpo.”
O médico explica ainda que existem mecanismos oriundos da obesidade que podem predispor ao câncer. Um deles é a resistência insulínica, fator que provoca uma produção excessiva da insulina causada pela absorção exagerada de açúcar no organismo, gerando a necessidade da ingestão de mais alimentos com alto índice glicêmico. “Isso leva à formação de um hormônio chamado IGF-1, que significa fator de crescimento insulínico 1. Esse hormônio estimula o crescimento de células exageradamente, aumentando o risco de câncer”, conclui.
O acúmulo de gordura também estimula o crescimento de novos vasos sanguíneos, favorecendo a nutrição de células tumorais. “Também associado ao IGF-1, há uma resposta inflamatória aumentada, fator desencadeante de falhas na função celular e que estão ligadas ao surgimento da doença”, completa o especialista.
Alimentos “estacionados”

A dieta desequilibrada colabora para que as substâncias dos alimentos ingeridos fiquem “estacionadas” nos órgãos do sistema digestivo. Sem a ingestão de alimentos benéficos, como fibras, frutas, verduras e legumes, o ritmo intestinal desacelera e cria um ambiente propício para o desenvolvimento de células cancerígenas. A informação consta num estudo do Instituto Nacional de Câncer (Inca). Em relação aos tumores de mama e de próstata, a gordura pode alterar os níveis de hormônio no sangue, aumentando o risco da doença. “Todos os tumores seguem os mesmos fatores de risco em nível celular e hormonal associados à obesidade. Nos tumores do trato digestivo, os alimentos benéficos são fatores protetores e os que causam a obesidade, como altas quantidades de açúcar e gorduras industrializadas e de origem animal, também são fatores de risco independentes, além de contribuírem para as alterações sistêmicas causadas por ela”, afirma Rafael Pinto.
Fator de risco para outros problemas

Quem sofre com a obesidade também está predisposto a ter outras doenças relacionadas à má alimentação, como diabetes, hipertensão, infarto, derrames e problemas cardiovasculares, além das complicações neurodegenerativas, como o Alzheimer e as alterações precoces do envelhecimento da pele. A solução está na luta contra a obesidade, através da reeducação alimentar.

–

Redação Vida Equilíbrio