Seus problemas de memória e concentração podem representar um risco em termos de saúde?

Cada vez mais, com o auxílio da internet, temos acesso a informação sobre todo tipo de assunto possível e imaginável, que parece nos atacar de todos os lados e ocupar cada pedacinho de nossa memória. Com isso, é comum que tenhamos a impressão de que nossa concentração chega ao limite e boa parte desses muitos dados fica perdida no dia a dia, de forma que a memória parece sempre nos deixar na mão quando mais precisamos, não é mesmo? Pois o fato é que isso pode ser resultado de estresse.

Dra. Carla Jevoux é neurologista e afirma que constantemente se depara com pacientes em seu consultório se queixando de alterações de memória que, muitas vezes, estão relacionadas à ansiedade e correria do dia a dia. “Existem pessoas que chegam a me dizer que não conseguem recordar de coisas básicas e rotineiras em uma determinada fase da vida, quando passam a se dedicar muito ao trabalho e outras atividades que exigem bastante do cérebro. Em alguns casos, elas solicitam algum tipo de medicamento, mas acho importante sempre ressaltar que não existe nenhuma ‘pílula da memória’, ou seja, nenhuma substância fabricada que diz garantir esse benefício existente no mercado tem respaldo científico. A boa notícia é que, na maioria das vezes, o quadro não passa de um sintoma de quem anda muito estressado”, analisa.

A questão mais importante, neste tipo de caso, é não se assustar e tentar manter a rotina. A especialista afirma que não é poupando os neurônios de uma boa leitura ou exercício para o cérebro que se fortalece a memória. Quando o paciente começa a ler muito e exercitar a cabeça, acaba ajudando a fortalecer a memória a longo prazo. Dra. Carla explica:

– Pessoas com atividade intelectual intensa estabelecem sinapses entre os neurônios, estimulando a formação de pontos de contato que permitem melhores níveis de comunicação entre eles. Deste modo, é correto pensar que, quanto mais estímulos, mais sinapses são estabelecidas e mais memória nova é armazenada. Inclusive, muitas pesquisas indicam que indivíduos que se dedicam com afinco aos estudos durante boa parte da vida apresentam alterações de memória decorrentes da idade mais tardiamente e com sintomas bem menos preocupantes.

 

Dicas para manter a memória em alta

Especialistas do campo da neurologia recomendam a leitura diária de jornais e revistas, além de atividades como caça-palavras e palavras cruzadas, como excelentes estimulantes da atividade cerebral. E até mesmo a alimentação pode ajudar: peixes como salmão, atum, bacalhau e sardinha, bem como semente de linhaça, castanhas e nozes são alimentos ricos em ômega 3 e, consequentemente, parceiros da boa saúde cerebral.

“Vale lembrar que exercitar o cérebro, além de melhorar as funções cognitivas diariamente, diminui e retarda o ritmo de surgimento de distúrbios patológicos que costumam aparecer com o passar dos anos, como o Alzheimer”, afirma Dra. Carla. Como os medicamentos não são recomendados pelos especialistas, uma boa dica para quem precisa se manter concentrado durantes longos períodos, como estudantes e profissionais de determinadas áreas, é apostar no café. A substância ajuda a aumentar o estado de alerta e, com isso, a boa memória surge como efeito colateral.

Como complemento, uma boa noite de sono e a prática de exercícios físicos regulares aumentam a oxigenação cerebral e evitam o surgimento de doenças que podem comprometer a memória, como a hipertensão arterial, o diabetes a alterações do colesterol. Outras patologias que também costumam interferir na perda da retenção de informações pelo sistema nervoso são a depressão, alteração na tireóide, deficiência de vitamina B12 e alcoolismo. Como seu tratamento geralmente inclui ainda a utilização de medicamentos tranquilizantes e hipnóticos, a memória costuma ser afetada.

Quando o caso se torna preocupante

A qualidade de vida das pessoas em geral tem melhorado, de modo que, somada aos avanços da medicina, faz com que os indivíduos vivam durante muito mais anos, o que pode dar origem a doenças neurológicas relacionadas ao envelhecimento. Queixas de alterações de memória por pessoas jovens são, geralmente, de menor gravidade. Possivelmente, o maior problema está em casos em que as lamentações envolvem também perda da capacidade intelectual, especialmente em idosos.

Com o avançar da idade é comum que a memória tenha uma perda em termos de prontidão, que pode ser somada a mudanças em termos de pensamento lógico e raciocínio rápido.  Alterações de linguagem também são corriqueiras, tais como trocas de palavras e alterações nas habilidades viso-espaciais, decorrentes de problemas de visão e audição próprias do passar dos anos. Muitas vezes esse tipo de mudança não compromete as atividades rotineiras, mas pode ser compreendida pelos familiares do idoso como uma perda compatível a um processo de demência.

Idosos frequentemente apresentam esquecimento leve e constante com recuperação parcial de eventos, orientação temporal e espacial, além de ausência de memória ou dificuldade leve para realizar atividades da rotina diária, inclusive hábitos de higiene. Isso é o que se chama de perda cognitiva leve, comumente relacionada ao avanço da idade. Porém, existem casos em que os sintomas se mesclam a maior irritabilidade e agitação, desinibição sexual, perda do controle urinário, incapacidade de usar o telefone, cozinhar e cuidar dos horários de medicamentos, queda da capacidade intelectual, além de alterações na linguagem, decorrentes de alterações na visão e audição próprias do envelhecimento. Nesse quadro, a perda começa a se tornar preocupante e é importante que se busque ajuda médica.

É difícil dizer quantos casos de pessoas com queixas de memória ou esquecimentos simples irão evoluir para uma perda cognitiva comprometedora ou da doença de Alzheimer e, até mesmo, em quanto tempo isso vai ocorrer. Porém, as informações relativas ao histórico familiar do paciente devem ser analisadas cuidadosamente. Somados a informações fornecidas pela família acerca da capacidade do paciente cuidar de si mesmo e testes de memória, essa análise pode dar dicas valiosas sobre o processo ao neurologista.

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Redação Vida Equilíbrio

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