Doenças autoimunes comprometem gravidez
As doenças autoimunes formam um grupo de mais de 80 problemas crônicos de saúde que envolvem quase todos os órgãos do corpo. Em todas elas, o sistema imunológico do organismo se torna desregulado, atacando os mesmos órgãos que deveria proteger. De acordo com Assumpto Iaconelli Júnior, especialista em Reprodução Humana, 75% desse grupo de doenças acometem mulheres e muito frequentemente nos anos mais férteis.
“A doença autoimune afeta principalmente o tecido conjuntivo, mas também compromete nervos, músculos, sistema endócrino e gastrintestinal. O maior problema para quem deseja ter filho é que, além da possibilidade de afetar a fertilidade da mulher, esse tipo de problema aumenta as chances de abortos espontâneos. Ou seja: a paciente precisa de tratamento em duas fases. Na primeira, para conceber; na segunda, para evitar a perda do bebê”, diz Iaconelli.
As doenças autoimunes mais comuns são a artrite reumatóide, a esclerose múltipla, a tireoidite, a psoríase e o lúpus. Na opinião do médico, o lúpus, que pode afetar diversos órgãos do corpo, como pele, rins, articulações e sistema circulatório, pode resultar em maior comprometimento da fertilidade. “Há quem advirta a paciente a abrir mão de ter filhos, mas as opiniões divergem. A boa notícia é que, com um tratamento bastante incisivo, muitas mulheres superam o problema e têm seus filhos, finalmente”.
Para o especialista em reprodução humana, é importante que a mulher portadora de lúpus, por exemplo, tome alguns cuidados ao decidir engravidar, limitando o risco de abortamento. “Sendo crônica, toda doença autoimune apresenta fases de remissão e de surtos. Além disso, os medicamentos de controle da doença podem comprometer ainda mais a fertilidade feminina. O planejamento de uma gravidez tem de levar em conta essas fases para não pôr em risco a vida da mãe ou ainda do bebê”.