Mosquito da Dengue também precisa ser combatido no inverno

Mesmo com a queda das temperaturas e a sensação de que dengue é coisa do verão passado, continuar o combate ao mosquito durante o inverno é essencial para evitar grandes epidemias. Sérgio Bocalini, biólogo e vice-presidente executivo da APRAG (Associação dos Controladores de Vetores e Pragas Urbanas), afirma que devem ser mantidas as medidas preventivas recomendadas durante o verão. “Nesta época de frio, a prevenção acaba sendo deixada de lado, mas mesmo com as temperaturas baixas, os ovos do mosquito continuam em atividade”, explica.

Uma das ações que não pode ser esquecida, de acordo com o biólogo, é a realização das campanhas de conscientização e de eliminação dos focos do mosquito. “É necessário alertar a população sobre o risco que ainda existe”, diz Bocalini. Regiões mais quentes, como o nordeste do país, ou interior do Estado de São Paulo, por exemplo, são muito afetadas pelas epidemias da doença, pois a reprodução dos insetos se acelera em temperaturas mais altas.

Bocalini também alerta que população e governo têm sua parcela de culpa pelas epidemias de dengue. Para ele, o grande problema é a falta de conscientização da população, de manutenção das campanhas e adequação das ações preventivas.

No inverno a reprodução do mosquito é mais lenta e cai a velocidade de transmissão da doença; nesse período o poder público não investe em trabalhos de sensibilização e conscientização, não há alertas à população ou divulgação de dados, as escolas também não trabalham essa questão e a impressão que todos têm é que a doença está controlada, mas como os criadouros continuam ativos, basta subir a temperatura e umidade, para ocorrer uma explosão da população de mosquitos e voltar a mesma situação do verão anterior.

Para ele, as empresas controladoras de pragas poderiam trabalhar associadas aos serviços públicos, tornando mais eficaz o controle do mosquito. Somente o poder público, associado aos setores da sociedade envolvidos com as ações de controle de pragas, trabalhando com responsabilidade, poderão prevenir a ocorrência da doença e livrar a sociedade desse mal, que estamos vendo, a cada verão, se expandir geograficamente, causando cada vez mais óbitos, mais doentes, mais internações e consumindo cada vez mais verbas, sem nenhum avanço real.