Como lidar com a doença celíaca (intolerância ao glúten)
Glúten é uma proteína encontrada no trigo, aveia, cevada e centeio. Por isso, qualquer receita ou alimento que apresente em sua composição um desses grãos também conterá glúten, mesmo que em pequenas quantidades. Mas, por que algumas pessoas são sensíveis a ele? Esta intolerância é denominada doença celíaca, uma patologia autoimune que afeta adultos e crianças e causa danos na parede do intestino delgado, impedindo a absorção dos nutrientes, vitaminas, sais minerais e água.
“Por ser uma doença autoimune, seu controle depende da realização de uma dieta livre de glúten por toda a vida”, explica Dr. Vladimir Schraibman, gastroenterologista, cirurgião do aparelho digestivo do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo e um dos principais especialistas brasileiros em cirurgia robótica.
Acompanhe na entrevista abaixo com o especialista, quais os sintomas da doença, o perfil de quem pode desenvolvê-la e qual a dieta indicada para estas pessoas.
1. A pessoa nasce com a doença ou pode adquiri-la por causa de uma dieta inadequada?
A Doença Celíaca geralmente se manifesta na infância, entre o primeiro e o terceiro ano de vida, podendo aparecer em qualquer idade, inclusive na idade adulta e não tem relação com tipos de dieta.
2. Quais os sintomas dessa doença?
Os sintomas intestinais incluem diarréia crônica ou prisão de ventre, inchaço, flatulência, irritabilidade e pouco ganho de peso. Os pacientes pediátricos podem apresentar atraso de crescimento ou da puberdade, anemia por carência de ferro, osteopenia ou osteoporose, exames anormais de fígado e uma erupção na pele que faz coçar, chamada dermatite herpetiforme. Pode também não apresentar nenhum sintoma.
3. Como a doença celíaca é diagnosticada?
Na suspeita da doença celíaca é realizado exame de sangue. Os exames do anticorpo anti-transglutaminase tecidular (AAT) e do anticorpo anti-endomísio (AAE) são altamente precisos e confiáveis, mas insuficientes para um diagnóstico final. A doença celíaca deve ser confirmada por biópsia, que apresentará mudanças nos vilos que revestem a parede do intestino delgado. Para ver essas mudanças, uma amostra de tecido do intestino delgado é colhida através de um procedimento chamado endoscopia com biópsia. Para esse exame, utiliza-se um instrumento flexível, como uma sonda, que é inserido através da boca, passa pela garganta e pelo estômago, e chega ao intestino delgado para obter pequenas amostras de tecido. Geralmente o intestino apresenta atrofia da sua parede.
4. O que há no glúten que torna as pessoas mais intolerantes a ele? A doença celíaca se desenvolve pela presença de outras substâncias?
O glúten é a principal proteína presente no Trigo, Aveia, Centeio, Cevada, cereais amplamente utilizados na composição de alimentos, medicamentos, bebidas industrializadas, assim como cosméticos e outros produtos não-comestíveis. O prejudicial e tóxico ao intestino do paciente intolerante ao glúten são “partes do glúten”, que recebem nomes diferentes para cada cereal: no Trigo é a Gliadina, na Cevada é a Hordeína, na Aveia é a Avenina e no Centeio é a Secalina.
5. Qual o perfil clínico de quem está suscetível a contraí-la ou desenvolvê-la?
A doença celíaca é causada pela ingestão do glúten em indivíduos genéticamente predispostos. Existem fortes evidências de que os alelos HLA-DQ2 ou HLA-DQ8 são os responsáveis pela doença. Existem outros genes, não pertencentes ao sistema HLA, que podem determinar a doença, mas que poderiam agir, teoricamente, de forma aditiva ou multiplicativa em conjunto com HLA.
6. Existe uma faixa etária ou sexo que está mais propenso a ter doença? Por quê?
A doença surge, habitualmente, no segundo ou terceiro semestre da vida (entre os seis e os 20 meses de idade), alguns meses após a introdução das farinhas na alimentação, como papas, pão e bolachas. Ela ocorre mais comumente em mulheres, na proporção de 2:1, e é mais comum em parentes de primeiro grau de portadores.
7. Quais os tipos de tratamentos?
DIETA SEM GLÚTEN é a base do tratamento. Só excluindo totalmente esta substância da alimentação é possível impedir o aparecimento das lesões intestinais nos indivíduos suscetíveis e não há qualquer outra solução ou medicamento com o mesmo efeito. Em casos refratários, que apesar da dieta correta encontram-se em evolução, pode-se utilizar esteróides e imunossupressores.
8. O que o paciente pode esperar de cada um desses tratamentos?
O único tratamento efetivo é uma dieta estritamente sem glúten, por toda a vida.
9. Que tipo de dieta a pessoa que é sensível ao glúten deve ter no dia a dia?
Quem sofre com a doença deve substituir os alimentos que contenham glúten. Para os celíacos os alimentos permitidos são: cereais (milho, arroz); farinhas (arroz, mandioca, milho, fubá, fécula de batata, fécula de mandioca, polvilho doce, polvilho azedo); gorduras (vegetal, óleos, margarinas); laticínios (leite, manteiga, queijos e derivados); carnes e ovos (aves, suínos, bovinos, caprinos, miúdos, peixes, frutos do mar); hortaliças e leguminosas; tubérculos (feijão, cará, inhame, soja, grão de bico, ervilha, lentilha, batata, mandioca) e frutas (todas, ao natural e sucos).
Entre os alimentos proibidos estão leite com sabor, bebidas achocolatadas e comerciais, quibe, almôndega, salsicha, croquete de carnes enlatadas, trigo, aveia, centeio, cevada, germe de trigo, flocos de cereais, pães, bolos e biscoitos preparados com farinha de trigo, produtos dietéticos e comerciais em geral, sopas enlatadas ou pacote de sopas já prontas que contém massas, misturas com malte, cerveja, uísque, vodca e destilados a partir de grãos e temperos comerciais.
10. Existe algum estudo que indique quantas pessoas no Brasil ou no mundo sofrem com a doença?
Estima-se que um em cada grupo de 100 a 200 pessoas nos EUA e na Europa tenha a doença celíaca. No Brasil, ainda não há um número oficial sobre a prevalência da doença celíaca, mas uma pesquisa publicada pela UNIFESP/2005, um estudo feito com adultos doadores de sangue, o resultado apresentou incidência de um celíaco para cada grupo de 214 moradores de São Paulo.
descobri sozinha através de uma reportagem,os médicos não estão muito praparados, pq eu me queixava de diarréia constante e passou por virose,alimento estragado…menos a sugestão de um exame.vi uma reportagem e resolvi cortar o gluten por um tempo. Q bom q fiz isto me salvou eu ti8nha anemia, tive durante a gravidez. hj t5enho q tomar vitaminas pq tenho pouca absorção mas com o tempo e a dieta vou melhorar.